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19 de maio de 2024

Mãe de João Bombeirinho criou ONG após filho virar símbolo da luta contra câncer


Por Monique Manganaro Publicado 05/05/2021 às 12h14 Atualizado 01/02/2023 às 15h16
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Na foto, Ana Paula Estevam, mãe do João Bombeirinho, ao lado do filho.
Ana Paula Estevam ao lado do filho mais novo João Daniel de Barros, o João Bombeirinho. Foto: Arquivo pessoal

As dificuldades, apesar de uma realidade, não estão presentes nos sonhos que uma mãe carrega para os filhos. Enfrentar adversidades é quase uma certeza quando uma nova vida é gerada, mas as turbulências exigem força e, às vezes, aquele “superpoder” que toda mãe guarda consigo. Foi esse lado de “super-heroína” que a maringaense Ana Paula Estevam, de 46 anos, descobriu logo depois de receber o diagnóstico de leucemia do filho, 14 anos atrás. Transformando dor em solidariedade, ela enfrentou obstáculos e, após superar a doença, empenhou-se em criar uma Organização Não Governamental (ONG) para auxiliar famílias que enfrentam problemas semelhantes.

Uma trajetória complicada que começou em 12 de novembro de 2007, quando João Daniel de Barros, hoje com 15 anos, era uma criança com menos de 2 anos. “A descoberta da leucemia foi um choque porque o João era o meu bebê, com 1 ano e 11 meses. [Ele] nunca tinha ficado doente [quando] uma febre que não passava e um caroço no pescoço [surgiram]. Minha mãe falou que era caxumba, mas eu fui para o hospital porque para mim, como mãe, tinha algo a mais. E infelizmente tinha mesmo”, relembra Ana. 

A primeira reação diante da descoberta foi o desespero. “Chorei três dias e três noites”, comenta. “Mas aí parei e pensei: ‘Chorar não vai curá-lo’. E então fui estudar mais”, acrescenta a mãe. As incertezas do tratamento e o medo do câncer deram lugar à esperança e à vontade de lutar pelo futuro do filho. 

De acordo com Ana, naquela época, por mais desgastante que fosse o tratamento, a pouca idade do João era um dos fatores que facilitava a caminhada. Mesmo assim, mãe e filho precisaram se acostumar com a rotina hospitalar e com anos de tratamentos. “A vida seguia com muitos sustos e aprendizados. No fim de 2010, para nós, já era o fim do ciclo e o milagre estava ali, mas o destino não quis desta forma. Ao fazer o último exame, [descobrimos] que as quimioterapias não tiveram sucesso e o João ainda tinha células de câncer mais adormecidas”, detalha. 

Com mais um obstáculo no caminho até a vitória, a mãe se viu diante de novas difíceis decisões: escolher um tratamento de alto risco, que envolvia um transplante de medula óssea, ou manter a medicação menos intensa, mas correr o risco de o câncer voltar a se manifestar. “Eu me vi em uma situação muito difícil de ter que decidir. Tive medo da morte. Queria trocar de lugar com o meu bebezinho”. 

O transplante parecia a saída mais confiável, mas, desta vez, a maior dificuldade seria encontrar o doador compatível. Mãe, pai, tios e primos foram testados, mas nenhum familiar poderia fazer a doação. Após o cadastramento em um banco de dados, João e Ana precisaram lidar com a espera e acreditar que a história dos dois teria um final feliz. 

Foi durante a busca que Ana viu um dos sonhos e a trajetória do filho ganharem proporção e despertarem nela o desejo de ajudar outras famílias. A vontade do João em se tornar bombeiro para “salvar vidas”, como ele mesmo dizia, segundo a mãe, chamou a atenção da população e a história de vida do menino se tornou símbolo da luta contra o câncer em todo o Paraná. 

“Foi tão mágico, foi um grande milagre. Começamos a fazer campanhas nas cidades vizinhas e em outros estados. Conhecemos muitas pessoas de coração nobre que nos ajudaram”, afirma. 

Em 2012, a mãe finalmente recebeu a notícia que aguardava há quase cinco anos. “[Recebi] a melhor notícia do mundo: tinham encontrado o anjo que ia salvar a vida do João Bombeirinho”, comemora. O transplante ocorreu em outubro daquele ano. Para Ana, a cirurgia proporcionou a cura e devolveu a vida ao filho caçula. 

Foto: Arquivo pessoal

“Quando a médica falou: ‘Seu filho tem leucemia’, o meu mundo caiu. Mas [eu pensei]: ‘Foi ele quem me escolheu como mãe porque ele sabia que eu ia dar conta de tudo’. Por isso, virei uma leoa, como ele fala até hoje. Mas na verdade, ele é quem é o leão, nada o derruba, ele tem uma energia do bem e motiva a todos que convivem com ele”, diz a mãe. 

Hoje, depois de quase nove anos desde a conquista da cura do filho, Ana Paula considera a trajetória como uma missão. A luta contra o câncer a inspirou a criar o Instituto João Bombeirinho, ONG idealizada para incentivar a doação de medula óssea. 

“Para mim, a maternidade é um presente de Deus, para nós mulheres é dar a vida, amar mais do que a nós mesmos. Eu amo ser mãe e nunca imaginei a minha vida sem meus filhos.” 

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