Família circense em cartaz em Maringá celebra na cidade nascimento de bebê da 6ª geração; são mais de 120 anos de história


Por Camila Maciel

Foi no intervalo entre as apresentações do Circo Balão Mágico que os artistas Tiago Vieira e Aiesha Guerreiro, viveram um dos momentos mais especiais da vida deles: o nascimento do primeiro filho, Benício, que pertence a 6ª geração de uma família que se dedica à arte do circo há mais de 120 anos. 

Benício, completa o primeiro mês de vida na próxima semana, e, assim como os pais, nasceu ‘dentro do circo’, não literalmente debaixo da lona, mas enquanto a família se deslocava de cidade em cidade para as apresentações no picadeiro. O bebê chegou no dia 9 de setembro no Hospital Paraná, em Maringá e é o nono membro da nova geração. 

Fotos: Arquivo Pessoal

Apesar da vida na estrada, coincidentemente, Tiago, pai do bebê, também é natural de Maringá. “Na época meus pais estavam com o circo instalado em Campo Mourão, mas como minha mãe já estava fazendo todo acompanhamento aqui, eles vieram para cá para eu nascer”, conta. 

Piloto do Globo da Morte, Tiago é filho de Rose Vieira Borges, que em 1992 repaginou o Circo do Linguiça (criado pelo pai e pelo avô dela) e fundou o Circo Balão Mágico junto com o marido, Juvenal Thiago Borges, em parceria com a cantora Simony.

Na década de 70, o circo da família tinha direção do casal Antonina Ayres e Luiz Vieira e do filho deles, Tarciso do Carmo Vieira, que eram respectivamente bisavós e avô de Tiago. As atrações principais na época eram as peças teatrais e o show do Palhaço Linguiça, com sua guitarra maluca. 

“O circo também recebia apresentações de música sertaneja e chegou a receber duplas de renome nacional, como Milionário & José Rico, Teodoro & Sampaio e Chitãozinho & Xororó”, conta Tiago.

O início

A história da família com o circo, no entanto, é ainda mais antiga. Segundo Abegair Vieira, o Palhaço Linguiça, tio-avô de Tiago, tudo começou com Celestina Ayres que entrou para o circo por volta do ano de 1903. Ela teve sua filha Antonina Ayres, que, mais tarde, deu início junto com esposo Luiz Vieira, ao Circo Teatro Ayres, que ficou famoso no estado de São Paulo. 

“Minha mãe, Antonina Ayres, casou-se com meu pai, Luiz Vieira, que não era circense, mas mestre de obras e pintor, e acabou trabalhando com cenografia no circo. Dessa união nasceram meus irmãos Armando, Nena, Luiz Vieira Netto, Tarciso e eu, Abegair Vieira e surgiram vários circos: Circo do Ben Hur, Balão Mágico, Circo do Chico, Mundo Mágico, Superstar, entre outros. Enquanto isso, a geração mais antiga dos Ayres foi se desfazendo. Hoje, aos 81 anos, sou o último representante vivo daquela geração”, conta Abegair.

O legado continua

A mãe de Benício, Aiesha, é contorcionista e mágica, e também carrega a tradição circense. Natural de Londrina, cresceu viajando com o Circo Fantástico, criado pelo avô dela. Atualmente, a companhia está instalada em Passo Fundo (RS). “Pela família da minha esposa, o Benício é a 4ª geração de circenses”, explica Tiago.

Com a chegada do bebê, a 6ª geração da família Vieira passa a ter nove crianças, com idades entre 2 e 16 anos. Todos vivem no circo e já sobem ao picadeiro. “Os mais velhos estão começando no Globo da Morte, e uma das primas é contorcionista”, revela.

O Circo Balão Mágico segue em temporada em Maringá até 19 de outubro e depois parte para outra cidade. Segundo Tiago, cada temporada dura de três semanas a um mês. “Gostamos muito de morar no circo, e o Benício vai nos acompanhar em todas as cidades. Vai seguir a vida circense. O que nossos pais e avós passaram para nós, vamos passar para ele também. Assim, nossa tradição e legado continuam de geração em geração”, conclui.

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