Fotos relembram zoológico do Parque do Ingá, desativado há 18 anos por instalações inadequadas
O zoológico do Parque do Ingá, em Maringá, que começou a ser desativado em agosto de 2007, está presente na memória de muitos maringaenses. O local era repleto de animais selvagens e recebia cerca de 1 milhão de pessoas anualmente por conta da atração.
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Entre as espécies abrigadas haviam leões, onças, jacarés, veados, jabutis, macacos-prego, tucanos, araras e muitas outras. Eram mais de 200 animais entre aves, répteis e mamíferos, mantidos por mais de 40 trabalhadores.
Veja fotos:

Se, por um lado, muitas pessoas iam ao parque por conta do zoológico, por outro, muitas deixavam de ir pelo mesmo motivo. Elas não gostavam de ver os animais confinados.
Um estudo de revisão do Plano de Manejo da reserva mostrou, à época, que as instalações estavam fora de padrão e que para criar as condições ideais para os animais seria necessário derrubar parte da mata, o que configuraria crime ambiental.
As grandes atrações do parque, o leão Kimba e leoa Doty, por exemplo, ficaram cerca de oito anos confinados em uma jaula com pouco mais de 100 metros quadrados, enquanto deveriam ter, pelo menos, 3 quilômetros quadrados de espaço cada.
Outro problema relatado pelo estudo foram as instalações inadequadas para visitação, que facilitavam que os visitantes, estando muito próximos dos animais, dessem alimentos aos bichos.
O estudo ainda apontou que animais ameaçados de extinção, como uma macaca-aranha, que apresentava comportamento agressivo por ter sido retirada de um circo, não deveria estar no zoológico, mas sim num programa de reprodução assistida.
Tudo isso levou à retirada dos animais do parque, a partir de agosto de 2007. Eles foram transferidos para locais indicados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama).
Zoológico deu lugar à animais silvestres livres
Em outubro, o Parque do Ingá completou 54 anos de abertura ao público. Hoje, os mais de 40 hectares de área verde abrigam uma biodiversidade impressionante.
Segundo a diretora de biodiversidade do parque, a bióloga Nádia Rodrigues, os visitantes podem observar de perto vários animais silvestres que vivem livremente na área. Entre os mais populares está o bando de capivaras, formado por oito indivíduos: uma família com sete capivaras e um macho que costuma circular sozinho. “Eles são bem tranquilos e já estão quase adultos”, conta Nádia.

Outro símbolo do Parque do Ingá é a gralha-picaça, ave de plumagem marcante que se tornou uma espécie de mascote local. Além dela, o parque é lar para saguis, lagartos teiús, gambás, ouriços-cacheiros, quatis, pavões (espécie exótica que permanece no local) e até cachorros-do-mato, que aparecem apenas à noite.
Os visitantes mais atentos também podem avistar um casal de tucanos-toco, aves exuberantes que circulam tanto pelo parque quanto nas proximidades da Prefeitura. “A gente já reconhece alguns indivíduos pelo comportamento e pelas marcas particulares”, explica a bióloga.

Para manter o equilíbrio da fauna, a equipe técnica realiza monitoramento constante das espécies e, quando necessário, ações de manejo. “Hoje observamos mais de perto os quatis, que têm uma população maior. Se for preciso, podemos fazer a transferência de alguns indivíduos ou recorrer à esterilização”, esclarece Nádia.
A alimentação dos animais também é acompanhada de perto. Todos os dias, cerca de 200 a 300 quilos de frutas são oferecidos como suplementação alimentar, ajudando a manter os animais dentro da área segura do parque. “Eles têm alimento natural, mas essa ajuda evita que saiam em busca de comida fora do parque”, explica.

Nádia reforça ainda que os visitantes devem respeitar a vida silvestre: nada de alimentar ou tocar nos animais. “Existem doenças que podem ser transmitidas entre humanos e bichos, e isso pode ser fatal para eles. O ideal é observar, fotografar, registrar, mas sempre com distância e respeito.”
Outra recomendação importante é não levar pets ao parque. Segundo a diretora, o contato entre animais domésticos e silvestres pode causar contaminações cruzadas e até ataques por instinto territorial.
Com árvores centenárias, trilhas sombreadas e sons que misturam o canto das aves ao murmúrio do lago, o Parque do Ingá segue sendo um oásis no coração da cidade — um refúgio onde natureza e urbanidade coexistem em harmonia há mais de meio século.

















