Gêmeos de Maringá tiveram rins doados pelas irmãs, também gêmeas
Setembro é o mês conscientização pela doação de órgãos. E neste ano, dois irmãos gêmeos de Maringá comemoram cerca de uma década em que tiveram suas vidas salvas graças a uma doação de suas irmãs, também gêmeas.
Tudo começou quando o supervisor administrativo Fábio Gomes da Silva, hoje com 45 anos, descobriu um problema renal que exigiria a realização de um transplante.
Fábio conta que nunca havia tido qualquer tipo de problema. Mas certa vez sentiu uma dor na nuca, algo estranho e que não sabia o que era. “Daí fui ao médico cardiologista e fiz uma bateria de exames. Foi aí que descobri q estava com problema renal, pois meu exame de sangue mostrava que minha creatinina estava alterada e meus rins com 30% de funcionamento. O rim dificilmente dá sinal que está com problemas, quando aparece pode estar bem ‘machucado’ já”, explica.
A má notícia veio acompanhada do alívio de ter um irmão gêmeo que poderia ser o doador. Mas a situação ficou ainda mais crítica: seu irmão, Fabiano, ao fazer um exame para saber se poderia ser doador de um rim, descobriu que tinha o mesmo problema. Os dois precisariam, então, receber um transplante. “Ele queria ser meu doador, mas eu já tinha pedido pra ele ir também fazer o exame, e pra falar a verdade não me causou tanto espanto, pois somos muitos parecidos. Mas sem dúvidas, foi mais uma tristeza”.
Suas destinos estavam então nas mãos de Silvana e Luciane, também gêmeas e irmãs mais velhas deles, atualmente com 52 anos. A psicopedagoga Silvana Gomes da Silva Minatel conta que os quatro irmãos foram criados juntos e sempre foram uma família muito unida.
Ela conta que os gêmeos nunca as procuraram para que fossem doadoras. “Nós nos oferecemos, assim que soubemos da necessidade de um futuro transplante. Existe um protocolo para fazer o transplante. O rim tem que estar funcionando em torno de 17% e assim ele teve que esperar por 1 ano, com restrição alimentar severa, até entrar na margem do protocolo”, explica.
Com a decisão tomada, as irmãs passaram a fazer exames, que não foram poucos. Foi necessário ainda, segundo Luciane, passar por uma psicóloga, pelo Ministério Público, ter autorização do cônjuge, entre outros.
Mas tudo foi encarado com muita fé. “Antes de fazermos os exames, como somos católicas, fomos a igreja de São José Operário, nos ajoelhamos na frente do Santíssimo Sacramento e pedimos que fossemos compatíveis. Cada visita ao médico, cada exame enfrentamos com alegria. E quando soubemos que éramos 99% compatíveis, a primeira coisa que fizemos foi irmos novamente a igreja e agradecer a Deus, pela graça recebida”, relata.
Quem doaria para quem?
O passo seguinte foi o de escolher qual das irmãs doaria para qual dos irmãos. Silvana conta que foi uma decisão bastante complicada. “Foi difícil escolher um, pois amávamos os dois. Então lembramos de uma brincadeira de infância em que o Fábio era o meu filho e a Luciane era mãe do Fabiano e assim escolhemos para quem iríamos doar”, explica.
O transplante
Cerca de um ano após a descoberta da doença, Fábio e Silvana foram para o centro cirúrgico para a realização do transplante. Fabiano e Luciane fariam o procedimento onze meses depois. O pós cirúrgico, segundo Silvana, foi bem tranquilo. “Pois quando fomos para o centro cirúrgico estávamos bem felizes. A equipe médica, os enfermeiros e todos os colaboradores foram excepcionais”, relata.
Fábio conta que voltou a trabalhar sete meses após a cirurgia e hoje ele e o irmão estão totalmente curados. “Fazemos exames de rotina a cada três meses”, diz.