Greve dos Correios: empresários do e-commerce buscam alternativas de logística

Os trabalhadores nas agências dos Correios estão em greve desde o último dia 18 de agosto. A paralisação é nacional e por tempo indeterminado. O sindicato da categoria diz que a adesão é de 80% chegando a 100% em algumas cidades.
Os Correios fizeram um mutirão de entrega no primeiro fim de semana após o início da greve e embora o serviço não seja considerado essencial pela legislação, a empresa cita mercadorias fundamentais que não estão chegando aos destinatários.
“O envio mensal de leite em pó (cerca de 300 mil latas), medicamentos (mais de 100 mil itens), 7 mil testes do pezinho, dentre outros tipos de materiais, que somam mais de 425 mil objetos desta natureza por mês, contabilizados somente os clientes com contrato, fora as postagens que ocorrem diretamente nas agências”, diz os Correios.
Os Correios citam também o prejuízo causado às empresas de e-commerce que nesta pandemia viram as vendas disparar e mais do que nunca dependem de logística de transporte.
Segundo Rodrigo Martucci, diretor de uma agência de e-commerce, 80% das empresas de comércio eletrônico dependem dos Correios. Mas muitas estão buscando alternativas.
“Tem afetado bastante, vários clientes nossos estão tendo problemas com envio. Nós estamos em um período em que o volume está alto, o e-commerce cresceu muito nos últimos meses, então agora é a hora que a gente realmente precisa da nossa logística para poder entregar tudo aquilo que a gente está podendo vender e conseguir impulsionar cada vez mais esse crescimento. […] Ainda estão tendo entregas para as modalidades mais Premium, mas naqueles serviços com o frete mais barato como o PAC, está tendo bastante dificuldade, demora na entrega e insatisfação dos clientes e, às vezes, os clientes não culpam os Correios, eles culpam o lojista que vendeu […]. As pessoas tem procurado outras opções, têm buscado outras transportadoras, mas o volume delas também está muito alto, […], está muito difícil para eles aceitarem novos clientes, porque a demanda está bem alta e bastante gente que transportava via Correios está procurando eles”, explica Martucci.
O presidente da Associação das Empresas de Comércio Eletrônico de Maringá (E-Núcleo), Marcelo Goraieb, diz que greves anteriores dos trabalhadores nos Correios obrigaram muitas empresas a se adaptar. Aquelas que buscaram soluções em logística estão sofrendo menos agora.
“Por exemplo, Mercado Livre já tem um sistema logístico mais novo e já está um pouco mais independente dos Correios. Outras transportadoras como Total Express, eles tem uma capilaridade muito grande no Brasil e também estão bem fortes. Eu não sei a porcentagem atual dos e-commerces que estão nos Correios, o que eu sei e com o tempo, nos últimos anos, é que os Correios vem perdendo um pouco de espaço por causa desses problemas com outras formas de entrega […]. Pelo que eu sei da nossa Associação e das nossa empresas aqui de Maringá, é que a gente tem algumas outras soluções de entrega, mas que os Correios ainda são muito importantes e que não é uma situação desesperadora”, afirma Goraieb.
Os Correios ajuizaram na última terça-feira, 25, o Dissídio Coletivo de Greve no Tribunal Superior do Trabalho. Também esta semana o Ministério Público do Trabalho requereu a reabertura do Procedimento de Mediação Pré-Processual ou instauração de um novo procedimento de mediação entre Correios e sindicatos trabalhistas.
