Há 29 anos, um computador se conectava à internet pela primeira vez em Maringá


Por Felippe Gabriel
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Foto: Fábio Guillen

A internet só chegou ao Brasil comercialmente em 1995. Foi nesse mesmo ano que um computador se conectava à rede direta pela primeira vez em Maringá, mais especificamente no campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

A máquina – um monitor de tubo grande, uma CPU na horizontal, um teclado robusto e um mouse com três botões -ainda está guardada no acervo da universidade. Trata-se de Workstation Risc SUN SparcStation 5, modelo que vinha ocupado com processador de até 110 MHz e HD de 10GB, suportava até 256MB de memória e tinha um monitor tubo de 21 polegadas.

Intacto, mas com as marcas do passar do tempo, o computador é mantido em uma sala do Núcleo de Processamento de Dados (NPD) da UEM.

“Essa máquina deve funcionar ainda. Não liguei ela recentemente, mas se ligar funciona sim. Na época ele era muito potente, mas hoje existem celulares com muito mais capacidade do que esse computador [risos]”, disse Antônio da Silva Martins Júnior, chefe da Divisão de Infraestrutura do NPD.

De acordo com Antônio, o computador foi adquirido pela Universidade em uma espécie de convênio com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Na época, foram compradas uma máquida para cada instituição.

Pequeno para os padrões da época, o computador executava o sistema operacional Sun Solaris, uma variante do Unix, e era ligado a um modem de internet.

“Aquela máquina usava uma ‘linha telefônica’ dedicada que conectava a UEM à UFPR. Não era discada e usava um modem, se não me engano de 1.200 ou 2.400bps. Então não havia o procedimento de “discar” para conectar, a conexão era constante, como nossos links caseiros de hoje em dia. Só havia a diferença de velocidade e utilização. Que era principalmente e-mail”, explica Antônio Júnior.

Mesmo que limitada, a máquina possuía interface gráfica, mas a web ainda estava engatinhando. Sua função principal era o envio de e-mails, mas não para o campus todo. Posteriormente, ela foi conectada com outros computadores em prédios diferentes, via modem, para a troca de informações entre pesquisadores da UEM.

Os pesquisadores, inclusive, eram os que podiam utilizar o computador inicialmente, mas o acesso à máquina foi se espalhando pelo campus gradualmente, por meio de fibra-óptica. Os primeiros links de fibra-óptica da UEM aconteceram poucos anos depois e os primeiros departamentos interligados foram o DIN (Informática), DAD (Administração), DFI (Física) e DEQ (Engenharia Química).

Antônio Júnior também salienta que todos os professores que precisassem tinham acesso ao NPD para o uso do computador.

O primeiro computador ligado à internet direta em Maringá parou de ser utilizado por volta do ano 2000, não sendo mais ligado depois disso. Atualmente, apenas é mantido em acervo.

“Ele foi usado durante alguns anos, inicialmente com o [sistema operacional] Sun Solaris e depois com Linux. Sendo com o tempo substituído por PCs com Linux na função de roteador principal da rede da instituição. No início, além de router, ele era o servidor principal da rede, sendo servidor de tudo, e-mail, web, DNS, etc. Todos os serviços de internet da instituição estavam nele”, afirma Antônio.

A máquina parou de ser usada por ser lenta. O avanço das tecnologias sempre acontecem de forma muito rápida, ainda mais na época de seu surgimento.

Em comparação, um celular atual é centenas (talvez milhares) de vezes mais rápidos do que o Sun Sparc. Um modelo de smartphone básico, por exemplo, pode possuir 8GB de memória (contra 256MB do Sun Sparc), 256GB de armazenamento (contra 10GB do Sun Sparc) e processador de 2.2GHz (contra 110 MHz do Sun Sparc).

Antes da internet, a UEM possuía terminais de bitnet, com computadores que ocupavam salas inteiras | Imagem: NPD/UEM

Foi em 1973 que o primeiro computador chegou a Maringá. O destino? Uma sala da Universidade Estadual de Maringá (UEM). A máquina, um Mainframe da marca International Business Machines (IBM), IBM /30 model 10, que naquela época só era usado para processar dados e não tinha conexão alguma com o mundo virtual.

A primeira conexão de Maringá com o mundo digital só chegou em dezembro de 1989, também na UEM, com a ligação do Mainframe IBM/4381 à bitnet, o que possibilitou o envio somente de e-mails.

“Naquela época eu era aluno na UEM. O que me lembro é que pouca gente usava a bitnet e era principalmente para envio e recebimento de e-mails. Utilizávamos terminais do Mainframe, que era conectado a bitnet, mas a principal utilização dele não era a comunicação. Isso era muito novo na época. Mas, foi o embrião para o que veio depois. Para o que temos hoje”, disse o chefe da Divisão de Infraestrutura do Núcleo de Processamento de Dados (NPD) da UEM, Antônio da Silva Martins Júnior.

Essa rede chamada bitnet é considerada uma precursora da internet. Foi muito usada por universidades que trocavam informações e documentos via e-mail. E a ideia de trazer a bitnet para a UEM foi do professor Paulo Cezar de Freitas Mathias, que havia conhecido a tecnologia enquanto esteve afastado para um pós-doutorado nos Estados Unidos.

O reitor, na época, professor Fernando Ponte de Sousa, autorizou a instalação desse sistema e a Universidade entrou para a bitnet. A Universidade foi pioneira em Maringá e no Paraná, nas ligações com o mundo virtual, fornecendo conexão a bitnet nos anos seguintes a outros instituições de ensino do estado como a UEL, UEPG e UFPR. Dentro da UEM existia até uma sala que era inteira ocupada por um computador Mainframe.

A máquina em questão, um IBM/3090, voltou para os Estados Unidos por volta dos anos 2000, mas abaixo separamos algumas fotos de arquivo da Universidade.

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