Haitianos que vivem em Maringá comemoram a independência do Haiti

O salão comunitário no Jardim Alvorada foi todo decorado nas cores vermelho e azul. São as cores da bandeira do Haiti. Símbolos da luta pela liberdade de homens e mulheres escravizados. O Haiti se tornou independente da França em 1º de janeiro de 1804. A primeira República negra no mundo. E essa data é comemorada pelos migrantes haitianos nos diferentes países em que vivem.
Em Maringá, além da decoração, teve música, espetáculo cultural e comida típica. No cardápio, uma sopa chamada “Joumou”, feita à base de abóbora. E que também tem um significado especial, porque, no passado, era uma refeição servida apenas para os donos de escravos.
Foi a primeira vez que o grupo se reuniu para comemorar a data em Maringá, diz um dos organizadores do evento, Pierre Bruny. “Mesmo que nós não estamos no Haiti, qualquer país que a gente esteja, a gente comemora a independência do Haiti nessa data. Aqui, na cidade de Maringá, foi a primeira vez que nos unimos para comemorar a independência do Haiti. Tudo que está aqui tem um significado fundamental para a gente, até a bandeira: o azul significa o céu e o vermelho significa o sangue que foi derramado para conseguir essa independência”, detalha.
A confraternização é a chance da brasileira Suzana Cruz, que há três meses namora um haitiano, conhecer um pouco mais das tradições culturais do Haiti. “Hoje é uma boa oportunidade para conhecer a cultura deles. Eu não conheço muito, ele está me ensinando, porque é pouco tempo, mas já estou gostando muito”, disse.
Para Angeline Gaspard, que está há dois anos no Brasil, ouvir as músicas, comer o Joumou, ajudam a diminuir a saudade que ela sente do Haiti. Mas Angeline está feliz aqui em Maringá, onde está tendo oportunidade de estudar.
O empresário Killy Pierre é também um dos organizadores do evento em comemoração à independência do Haiti. Um dos projetos do grupo é criar o Centro de Convivência Cultural do Haiti, em Maringá. “A gente tem um projeto de um centro de Centro de Convivência Cultural do Haiti, estamos precisando de um espaço para conseguir criar esse centro. […] O centro terá toda a nossa cultura, não será só para haitianos, será para todo mundo. Então vamos apresentar esse projeto na prefeitura”, conta
O centro cultural seria uma forma de transmitir a cultura haitiana aos brasileiros. Por enquanto, os maringaenses ainda não se mostraram receptivos a um projeto deste tipo, diz Pierre Bruny. “Para que a gente possa ensinar frânces, a cultura, a música, a alimentação. Nós não viemos aqui para só receber, nós queremos também oferecer para os brasileiros. Mas ainda os brasileiros não abriram as portas para que os haitianos possam realmente oferecer o que a gente tem de bom, porque temos uma cultura africana muito rica”, acrescenta.
