Idosos do Lar dos Velhinhos de Maringá desejam paz e harmonia no Natal


Por Rafael Bereta
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Nilza Alvez, 85 ano e Rivaldo Rodrigues da Silva, 68 anos. Foto: Rafael Bereta/GMC Online

Em uma manhã tranquila em Maringá, idosos do Lar dos Velhinhos em Maringá compartilham suas histórias de vida, reflexões sobre o passado e os desafios de envelhecer. Muitos dos moradores desejam ganhar neste Natal, além de amor, coisas simples como uma blusa branca.

Nilza Alvez, 85 anos, é uma dessas vozes que revelam um rico mosaico de experiências. Nascida em Araraquara (SP), ela conta com orgulho os 40 anos que viveu em São Paulo, onde trabalhou como cozinheira profissional. “Trabalhei na Editora Abril, fui governante da cozinha do Sr. Roberto Civita”, relembra.

De fato, Nilza fala com carinho sobre os anos como chef e governanta, servindo personalidades renomadas, incluindo Jô Soares, Fernando Henrique Cardoso, Hebe Camargo e outros. “Minha vida foi muito boa. Quem comia minha comida gostava muito”, destaca, com brilho nos olhos.

Histórias

No entanto, a mudança para o lar de idosos não foi fácil. “Foi muito difícil no começo. Sempre tive minha casa arrumada e minha independência”, explica. Hoje, adaptada, Nilza se envolve em atividades como crochê e pintura. Para o Natal, seu desejo é simples: “Duas blusas brancas, porque tenho muita roupa preta”, diz, com uma risada.

Já Rivaldo Rodrigues da Silva, 68 anos, tem uma trajetória marcada por mudanças e desafios. Natural de Ouricuri, Pernambuco, Rivaldo trabalhou como metalúrgico em São Paulo antes de decidir se mudar para Maringá. A pandemia foi um fator decisivo para sua entrada no lar.

“Eu não queria estar aqui, queria estar na minha terra, mas acabei ficando”, confessa Rivaldo, ao relatar os caminhos que o levaram ao lar. Hoje, embora ainda enfrente limitações físicas após sofrer dois AVCs, ele encontrou conforto no convívio diário com os outros moradores e nas atividades oferecidas pela instituição. “Gosto de jogar bingo e dominó. O pessoal aqui é muito bom”, afirma, com um sorriso.

Entretanto, seu maior desejo para o futuro permanece claro: retornar às suas raízes no Nordeste. “Neste Natal, queria uma passagem para ver meu irmão. Faz 20 anos que não nos vemos”, revela, com esperança renovada.

Lar dos Velhinhos

Enquanto isso, a assistente social Lucélia de Oliveira, que trabalha na instituição desde março de 2023, destaca a importância do trabalho realizado ali. “É gratificante resgatar a dignidade humana. Muitas vezes, somos a família dos idosos”, reflete. No entanto, com uma equipe dedicada de 43 funcionários cuidando de 45 residentes, o lar oferece um ambiente acolhedor e respeitoso, onde a socialização e o estímulo por meio de atividades variadas, como trabalhos manuais, são prioritários.

Dessa forma, o lar não é apenas um espaço de acolhimento, mas também um lugar de reconstrução de vínculos e memórias, como mostram as histórias de Rivaldo e dos outros residentes.

Foto: Rafael Bereta/GMC Online
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