08 de junho de 2025

Jornalista maringaense lança romance ‘O Começo dos Dias Que Me Restam’


Por Brenda Caramaschi Publicado 26/05/2025 às 16h00
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No segundo livro do jornalista Victor Faria, ele aposta em um romance com raízes na história da própria família. / Foto: reprodução redes sociais

Depois de passagens pelo impresso, rádio, TV e portal de notícias, além de produções audiovisuais, o jornalista Victor Faria estreou como autor em 2020, com o livro “O Sol de um Novo Jeito”, onde conta histórias de imigrantes que escolheram Maringá para viver. No segundo livro, recém-lançado, ele muda de gênero e, pela primeira vez, aposta em um romance: “O Começo dos Dias Que Me Restam”. 

A obra foi inspirada na história familiar do autor e criada em um momento de solidão durante o fim do ano de 2024, quando o autor estava sozinho, na Espanha. “Minha esposa voltou pro Brasil para algumas reuniões de trabalho, passar o fim de ano com a família, e eu tinha acabado de retornar e fiquei um tempo sozinho lá no meu apartamento, numa cidadezinha de 2.400 habitantes. Aquela ‘bad’ que bate na gente,  de estar sozinho, você vê foto de churrasco, ceia de fim de ano e eu estava lá absolutamente sozinho. Comecei a buscar fotos da minha família de maneira geral e encontrei uma foto que uma tia mandou, da minha tataravó”. 

A tataravó de Victor Duarte foi a primeira pessoa a nascer livre na família paterna. “Ela era filha de escravos e nasceu na Lei do Ventre Livre.  Eu comecei a conjecturar várias coisas daquela foto e daí eu sentei na véspera de Natal e comecei a escrever”, relembra. O “romance-verdade” é uma autoficção onde o jornalista mescla alguns aspectos de ficção e de realidade. 

“Fui conversar com parentes, com tios um pouco mais distantes, tios-avós, amigos do meu avô, e foi um processo super bacana. Então, basicamente,  o livro traça a narrativa não de uma pessoa específica, mas das gerações que foram vindas a partir dessa primeira pessoa, que é a Francisca, que nasceu livre na minha família. Foi um processo bastante emocionante, eu me lembrei de alguns acontecimentos na vida da minha família e foi super interessante fazer esse resgate. São histórias reais mescladas com um pouco de ficção. São causos que você ouviria do seu irmão, da sua tia, da sua avó, enfim,  aquela história oral, que a gente vai ouvindo com o passar do tempo e vai ficando vivo na memória e chega num ponto que a gente não sabe mais o que é verdade ou que é mentira, a gente só sabe que foi contado pela avó daquele jeito”, conta o autor sobre a construção narrativa.

A história do romance se passa em diferentes lugares do mundo e em épocas distintas. “O livro começa, não se sabe exatamente quando, não se sabe exatamente onde,  passa por Goiás, passa por São Paulo, passa pelo interior paulista,  passa por Maringá, passa por Sevilha, passa por Paris.  Então é uma volta ao mundo que a gente vai dando a partir de pequenos causos que a gente vai entendendo e como essas pequenas coisas merecem também um pouco de espaço na nossa memória. Acho que tudo isso faz sentido nessa jornada intensa que a gente leva do dia que a gente nasce até quando a gente morre”. 

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O título da obra também veio da família do escritor. “Meu avô, quando ele estava no fim da vida, ele tinha Parkinson. Ele já estava bem doente e, uns dois anos antes de ele morrer, começou a se consultar com um médico que deu um caderno para ele. Nesse caderno ele escreveu o que ele pensava. Ele escrevia para treinar a caligrafia e a questão motora. Escrevia alguns pensamentos dele, escrevia trechos de samba que ele adorava, escrevia versículos bíblicos.  E em uma dessas páginas ele tinha escrito um samba e bem no final ele colocou assim: ‘Estou no começo dos dias que me restam, um abraço do seu paciente’ e assinou. Quando eu li esse trecho eu falei: ‘eu preciso colocar esse título no meu livro’. Então o título não é meu, o título é do meu avô”. 
O livro está disponível na Amazon em versão física e digital.

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