Sete anos após viver um dos momentos mais difíceis de sua vida, a jovem Julia Ernega Machado Silva, de Maringá, teve a oportunidade de agradecer pessoalmente ao papa Francisco por um gesto que marcou sua recuperação. Em 2017, aos 17 anos, Julia sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) causado por uma malformação arteriovenosa (MAV) recém-diagnosticada. Ela ficou em coma por 13 dias e passou 50 dias internada em estado grave. Durante esse período, recebeu um rosário enviado pelo papa Francisco, entregue à família por meio do ex-arcebispo de Maringá, Dom Murilo Krieger.
Na época, Krieger teve uma audiência com o papa no Vaticano e compartilhou a história da jovem. Francisco então retirou um terço de um armário, abençoou-o e pediu que fosse entregue à paciente. O gesto emocionou a família e, segundo relatos, provocou uma reação em Julia, que havia recém-saído do coma. “Mesmo sem conseguir falar ou se mover, ela chorou ao receber o rosário. Foi a primeira emoção visível que demonstrou”, contou Roseli Ernega, mãe da jovem.
Sete anos depois, em maio de 2024, Julia e sua família viajaram a Roma e puderam conhecer o papa pessoalmente. O reencontro foi articulado pelo atual arcebispo de Maringá, Dom Severino Clasen, que escreveu uma carta ao Vaticano relatando o caso. Como a família estava na Itália em férias, a coincidência de datas possibilitou a audiência com o pontífice.
Julia descreveu o encontro como intenso e marcante. “Parecia que estávamos só eu e ele naquele momento. Foi como sentir a presença de Jesus. Nunca imaginei viver algo assim”, disse, emocionada. O papa Francisco recebeu a jovem de braços abertos, com um sorriso no rosto, e deu sua bênção à família. Além disso, elas entregaram ao papa uma carta com o nome de todas as pessoas que rezaram pela recuperação de Julia.
Durante sua internação, Julia enfrentou infecções por bactérias multirresistentes, perdeu parte do pulmão, foi traqueostomizada e ficou com sequelas motoras e na fala. No entanto, superou os piores prognósticos e hoje leva uma vida independente. É formada em gastronomia, estuda psicologia e segue em tratamento com fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. “Tive que reaprender a viver. Foi um processo doloroso, solitário, mesmo com o apoio da família”, contou.
A espiritualidade sempre foi parte da rotina da jovem, que cresceu em ambiente religioso. Durante sua internação, a mãe mobilizou amigos, padres e grupos de oração que organizaram missas e correntes de oração diárias. “A melhora dela não foi só pelo rosário do papa, mas por uma força divina, por todas as pessoas que rezaram”, afirma Roseli.
Hoje, Julia comemora a vida e carrega a fé que, segundo ela, ajudou a superar a dor. “Foi um presente de Deus ter conhecido o papa e poder agradecer pelo gesto que me deu esperança em meio à escuridão”, concluiu.