03 de junho de 2025

‘Perdi 52 kg sem cirurgia’: jovens de Maringá relatam como mudaram de vida com foco e disciplina


Por Camila Maciel Publicado 11/05/2025 às 08h52
Ouvir: 08:19
, (2)
Foto: Arquivo pessoal

Aos 24 anos, o publicitário Arthur Augusto, de Maringá, atingiu 137 kg, uma marca que o fez tomar uma decisão: a de, definitivamente, mudar os hábitos em busca de mais saúde e qualidade de vida. “Cheguei ao meu peso máximo durante a pandemia e, no início de 2023, tomei a decisão quase que radical de mudar”, diz.

Além da falta de disposição para tarefas do dia a dia e da preocupação com a saúde, uma das coisas que mais incomodava Arthur, que tem 1,75 m de altura, era o momento de se vestir. “Sempre gostei de me vestir bem, mas cheguei a um ponto em que estava cada vez mais difícil, e isso mexia muito com a minha autoestima”, afirma.

Arthur conta que, em outros momentos da vida, chegou a perder peso. Em uma das ocasiões, perdeu cerca de 10 kg, mas acabou perdendo o foco e voltou a engordar. “Desta vez, decidi fazer diferente para ter um resultado efetivo”, diz. E foi assim: com muita determinação, ele buscou ajuda profissional e se lançou ao desafio de perder mais de 50 kg. “Decidi dar a cara a tapa”, diz.

Ajuda profissional

O processo de emagrecimento de Arthur contou com a ajuda de uma nutricionista, um personal trainer e um médico endocrinologista. Ele diz que nunca chegou a cogitar a cirurgia bariátrica e acreditava que, com foco e disciplina, poderia alcançar bons resultados. “Meus exames estavam normais, então, basicamente, emagrecer dependia da minha disciplina para mudar os hábitos alimentares e incluir a atividade física na rotina”, lembra.

, (3)
Foto: Arquivo pessoal

No começo, Arthur treinava todos os dias: musculação duas vezes por semana e nos outros dias intercalava entre caminhada e beach tennis. Ele contava ainda com a ajuda da madrasta para preparar as refeições balanceadas indicadas pela nutricionista. Além disso, por cinco meses, usou uma medicação prescrita pelo médico endocrinologista que o ajudou a otimizar a perda de peso.

Resultados

De cara, no primeiro mês, ele perdeu 12 kg. “Foi incrível e serviu como uma injeção de ânimo”, diz. Nos meses seguintes, no entanto, a perda de peso desacelerou: no segundo mês foram 7 kg, no terceiro 5 kg, no quarto 3 kg, no quinto 4 kg e, no sexto, 1 kg. “Quando os números diminuíram, eu me abalei, mas sabia que o mais importante era manter a constância. Por isso, segui em frente”, recorda. Ao todo, Arthur eliminou 52 kg.

Hoje, aos 26 anos, ele pesa 85 kg, mantém uma alimentação saudável e pratica atividade física seis vezes por semana. “Faço musculação três vezes por semana e corrida também três vezes por semana”, diz.
Agora, o objetivo do jovem é outro: em vez de perder peso, quer ganhar massa muscular.

Novos hábitos

Arthur conta que tomou gosto pela nova rotina. Hoje, ele programa com antecedência os momentos em que vai ingerir álcool, por exemplo, algo que antes era comum aos fins de semana. Na alimentação, diz que não se priva de nada, mas aprendeu a controlar as quantidades.

“Foi uma mudança completa que me fez muito bem, mas não tem milagre: tem que querer muito e se manter determinado ao longo do processo. Hoje, posso dizer que sinto prazer na minha nova rotina”, diz.

Mais disposição, menos ansiedade

Quem também está passando pelo processo de emagrecimento é a estudante de Medicina Rafaela Gomes de Aguiar, de 25 anos. Ela chegou a pesar 115 kg e também tomou a decisão de mudar.

Segundo ela, além do sedentarismo e da alimentação desregrada, a genética também contribuía para o excesso de peso. “Fui ao médico levar meus exames, e estavam todos alterados. Eu me sentia muito cansada e minha autoestima estava muito para baixo”, lembra.

A decisão de mudar foi em setembro de 2024 e, em oito meses, ela já perdeu 24 kg. A meta é perder mais 15 kg e ficar entre 75 e 80 kg. Ela conta que um dos médicos com quem se consultou chegou a cogitar a cirurgia bariátrica, mas ela descartou na hora. 

, (6)
Foto: Arquivo Pessoal

“Confesso que, em alguns momentos, achei que não seria capaz de emagrecer e pensei em desistir, porque não é um processo fácil. Precisa de muita persistência. Mas todo o esforço vale a pena quando você se dedica e começa a ver os resultados”, diz.

Hoje, Rafaela faz musculação três vezes por semana com acompanhamento de um personal e faz cardio nos outros dias. Além disso, uma vez por mês passa por acompanhamento com uma nutricionista.

“Hoje, eu levanto mais cedo, preparo um café da manhã saudável, almoço uma quantidade balanceada, priorizo as frutas ao longo do dia e depois vou treinar. Tudo isso não só pela saúde física, mas também pela saúde mental”, afirma.

Segundo ela, os 24 kg eliminados trouxeram mais disposição e menos ansiedade. “Eu tinha muitas crises emocionais, e o novo estilo de vida me ajudou muito. Além disso, meu sono melhorou e a autoestima também”, diz.

Orientação médica

Para quem quer se lançar ao desafio de perder peso, a médica endocrinologista, Amanda Mangolim, explica a importância de buscar ajuda médica antes de iniciar o processo de emagrecimento. Segundo ela, o endocrinologista pode investigar causas hormonais de ganho de peso como hipotireoidismo, síndrome de Cushing e resistência à insulina. Além disso, pode avaliar a saúde metabólica e indicar o melhor plano terapêutico. “O acompanhamento médico ajuda a 

individualizar o tratamento, seja com dieta, atividade física, medicamentos ou cirurgia. Emagrecer por conta própria pode levar a frustrações, efeito sanfona e até riscos à saúde”, explica. 

Cirurgia Bariátrica e uso de medicamentos 

A médica explica que para a indicação de cirurgia bariátrica é preciso considerar o grau de obesidade (IMC), presença de doenças associadas (como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão), histórico de tentativas anteriores de emagrecimento, além do impacto da obesidade na qualidade de vida.

“A cirurgia bariátrica é indicada principalmente para quem tem obesidade grave (IMC ≥ 40 ou ≥ 35 com comorbidades) e não obteve resultados sustentáveis com mudanças de estilo de vida e uso de medicações para obesidade”, diz. 

Já em relação ao uso de medicamentos, ela afirma que existem opções  aprovadas para o tratamento da obesidade que ajudam a controlar o apetite, melhorar o metabolismo e potencializar os resultados. 

“No entanto, é preciso deixar claro que os medicamentos não substituem a reeducação alimentar nem a atividade física, mas são aliados importantes, especialmente em casos com compulsão alimentar, resistência à insulina ou dificuldade em manter o peso perdido. Precisamos lembrar que obesidade é uma doença crônica que precisa e merece tratamento, seja com medicação ou cirurgia. Lembrando que, em ambas as situações, as mudanças de hábitos de vida precisam acontecer”, diz.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação