Um grupo de mães cujos filhos estão no quinto ano dos Centros Municipais de Educação Infantil de Maringá e seguirão para o Ensino Fundamental em 2025 organizou um abaixo-assinado pedindo por mais vagas de período integral. O motivo é que, segundo a Secretaria de Educação, praticamente 100% dos CMEIs oferecem vagas para que a criança fique o dia todo ali, mas o mesmo não acontece nas escolas municipais – das 116 instituições, em apenas 40 as crianças permanecem nos dois turnos.
A corretora de imóveis Débora Santos foi quem organizou o abaixo-assinado. Ela diz que recebeu a carta de transferência do CMEI e procurou a escola de referência indicada na semana passada, quando foi informada pela diretora da instituição que o ensino em período integral não seria oferecido aos alunos de primeiro ano por falta de salas de aula. “A escola teve que abrir mão de uma das salas de aula para poder colocar a cozinha, porque a cozinha foi interditada”, relata a mãe. A filha mais velha de Débora já estuda no quarto ano da escola Miriam Leila Palandri em tempo integral e o filho do meio iria para a mesma instituição.
A mãe entrou em contato com a Secretaria de Educação e diz que foi orientada a entrar no site da prefeitura e ligar, de uma em uma, nas instituições que oferecem o período integral, em busca de vaga para o primeiro ano, porque algumas delas não abrirão essa modalidade no ano que vem. Débora relata que entrou em contato com duas escolas próximas da casa dela e as duas diretoras informaram que, por conta da grande demanda, os pais precisariam madrugar na fila para tentar garantir uma vaga. “Não nos foi informado em momento nenhum, no decorrer do ano, nós teríamos essa questão. Fomos pegos totalmente de surpresa e agora precisamos aguardar até o dia 25 para entrar em uma lista de espera e tentar garantir uma vaga integral. Muitos pais não estão sabendo ainda e só vão saber na hora da matrícula, como foi meu caso. Se for para pagar alguém para ficar com o filho meio período, ou a pessoa come, ou ela paga. Estamos em um beco sem saída”, desabafa.
A fotógrafa Isa Angioletto também foi informada que não terá o ensino integral oferecido para a filha que vai para o primeiro ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Silvino Fernandes Dias no ano que vem por falta de espaço físico. Ali são nove salas de aula que funcionam no matutino e oito no integral, à tarde. Em 2025 a sala de informática será usada para atender uma turma de 1o ano de manhã e à tarde esse espaço será utilizado para aulas de robótica. A outra sala, que atenderá a sala de primeiro ano de manhã, é usada à tarde para acompanhamento escolar. “Isso deveria ser planejado antes. Se as crianças estão no CMEI em período integral e estão indo para o Ensino Fundamental, que diz ter ensino integral também, elas deveriam ter as vagas garantidas”, afirma.
A secretária de Educação, Nayara Caruzzo, diz que o município não tem condições de oferecer o ensino integral a todos os alunos, mas afirma que as vagas não diminuíram – pelo contrário, foram ampliadas em oito vagas para 2025. “Nós temos, em 2024, 18.177 alunos no ensino regular e destes, 7.042 crianças são atendidas na jornada ampliada. Para 2025 teremos um acréscimo de 1331 crianças ingressando no ensino regular e aumentamos um pouquinho a AJE (Ampliação da Jornada Escolar) para 7.050 vagas. Não houve diminuição”. Ela ainda ressalta que para o primeiro ano do Ensino Fundamental, a ampliação de vagas em tempo integral será maior. “Esse ano tivemos 1330 vagas, para o ano que vem estão previstas 1425 para o primeiro ano, podendo aumentar de acordo com as inaugurações que ainda estão previstas de três novas escolas”.
Em 2024, 3795 crianças estão matriculadas no Infantil 5 dos CMEIs de Maringá. Isso quer dizer que mais de 40% desses alunos que hoje ficam os dois turnos na instituição de ensino não poderão continuar nessa jornada estendida no ano que vem. “Nós precisamos atender a todas as crianças que nos procuram no Ensino Fundamental e, enquanto no ensino integral o aluno ocupa a sala no período da manhã e no período da tarde, no regular nós atendemos duas turmas. Para que a gente possa garantir o atendimento de ensino integral a todas as crianças, precisaríamos de muito mais escolas”, explica a secretária.
Sem detalhar quantas e quais serão as escolas onde não serão abertas turmas de primeiro ano para o ensino integral em 2025, a secretária afirma que seis outras instituições abriram uma turma a mais, sendo elas Dom Jaime, Geraldo Altoe, Antenor Sanches, Machado de Assis, Maestro Aniceto e Piveni. Sobre o abaixo-assinado, Nayara Caruzzo diz que a manifestação é válida, mas orienta as famílias a procurarem a Secretaria de Educação no setor de central de vagas para que fiquem sabendo onde estão sendo feitas as aberturas de novas turmas. “A família pode buscar unidades que não ficam próximas das residências, mas que têm essas vagas”. A secretária diz ainda que a orientação para que os responsáveis madruguem na fila para tentar garantir uma vaga não partiu da Secretaria, mas reforça que o ensino integral não é garantido a todas as crianças.