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05 de julho de 2024

Marca do único relógio mecânico feito no Brasil é de Maringá


Por Brenda Caramaschi CBN Maringá Publicado 14/04/2023 às 15h54
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Foto: Divulgação.

Uma dupla de maringaenses colocou o Brasil no mapa dos relógios de movimento mecânico, produto mais comumente fabricado na Suíça. Lançada no ano passado, a marca já desenvolveu dois modelos, lançados em série e com edição limitada.

O relógio mecânico é um item procurado por colecionadores do mundo todo, e se difere de relógios comuns por seu funcionamento, que independe completamente de baterias ou eletricidade, sendo composto basicamente por engrenagens, molas e rolamentos. Engenharia mecânica e arte se misturam e fazem brilhar os olhos de quem busca por exclusividade.

Os sócios Rafael Tribulato Guimarães e Antônio Almir dos Santos, aficionados por relógios, tiveram a ideia de resgatar o estilo vintage das peças que marcaram época nos anos 1950. Os maringaenses criaram a marca Statera e lançaram o modelo Calculus, com 100 unidades numeradas custando R$ 7,2 mil cada – 80 já foram vendidas.

Rafael Guimarães diz que não é possível afirmar que sejam os primeiros a investir na produção de relógios mecânicos no País, mas atualmente, não há concorrentes feitos em terras brasileiras para o produto, que tem alguns diferenciais.

“Sempre fomos interessados em coisas mecânicas, sempre admiramos como as coisas de valor eram feitas, coisas muito bem construídas que duravam ao longo do tempo. Ao contrário de hoje que as coisas são quase descartáveis. È a primeira marca independente focada em alta relojoaria no Brasil, que é uma marca independente e é uma marca vinculada a grandes grupos, uma marca que produz pequenas quantidades durante o ano, que foca no acabamento do relógio, na qualidade, do movimento e nossa preocupação está em oferecer um produto da maior qualidade possível”, explica.

Até os anos 1980 os relógios mecânicos estiveram em evidência até a tecnologia do quartzo surgir. O quartzo é um movimento de relógio no qual uma bateria fornece energia a um circuito integrado. Esse circuito provoca vibrações no cristal de quartzo que, por sua vez, move as engrenagens e os ponteiros. A novidade revolucionou o mercado, relembra Rafael.

“Até mesmo grandes marcas Mega, Rolex e de outras acabaram lançando um relógio de quartzu, porque é algo muito mais fácil, você não precisava ficar fazendo engrenagens que eram movidas por uma corda, ficava muito mais fácil a produção e essa produção poderia ser massificada, e no final dos anos 1990 através da junção de algumas empresas na Suíça e na formação de grandes grupos relojoeiros, o relógio mecânico voltou em evidência e hoje é algo que está cada vez mais valorizada e as pessoas estão fazendo investimento para guardar dinheiro em formas de relógios”, diz.

Para o primeiro modelo, o Calculus, os maringaenses contaram com o auxílio de Armand Billard, proprietário de outra marca independente, a francesa Sartory Billard. O movimento mecânico automático foi encomendado para uma pequena fabricante suíça. Todo o design das peças é feito pelo time da Statera, e a fabricação vem da Europa. Já a montagem e os ajustes finais são feitos no ateliê, em Maringá.

“Quando a gente entendeu que seria possível fazer um relógio foi quando vimos que existem empresas na Suíça que forneciam movimentos para ‘microbrands’ e isso na Europa está bombando e tem lá Rolex, Cartier, marcas famosas, mas também muitas marcas independentes que vendem unidades restritas e tem também toda sua produção comprada por colecionadores”, afirma.

Há poucos dias eles lançaram o modelo Emerald, limitado a 30 unidades e custando R$ 6,4 mil. Aquilo que começou como um hobby, tem se tornado, aos poucos, um negócio e, para os sócios, chegou a hora de otimizar a produção em pequena escala dos relógios mecânicos da marca, que seguem sendo vendidos e fabricados apenas por encomenda para vários países.

“A gente vendeu relógios para o Japão, Canadá, Suíça, França até para o Bahrein fizemos uma venda. Transitamos por vários mundos diferentes, desde uma pessoa que nunca teve um relógio, que não tem um super poder aquisitivo, mas quando viu que era um relógio de Maringá e região, a pessoa quis comprar para ter como algo seu e ajudar a marca que estava nascendo até um colecionador que tem mais de R$35 milhões em relógios”, afirma.

A meta inicial da Statera é vender 200 relógios dos dois modelos já lançados (Calculus e Emerald) e também de um próximo modelo, chamado Marine, que tem o mesmo design do Calculus, mas com mostrador branco e ponteiros em azul, para depois lançar um relógio mecânico que terá a caixa e o mostrador fabricados nos Brasil, deixando a marca cada vez mais independente da mão-de-obra europeia.

“Esse espaço está crescendo, está se valorizando, as grandes marcas estão vendendo relógios a preços astronômicos e não queremos obviamente chegar a esse ponto pois não quero que o meu produto seja um produto elitizado que só milionários conseguem comprar, mas a gente quer aquele cara que vê valor, dá valor e que entende que é algo realmente único”, aponta.

Foto: Divulgação

Ouça a reportagem completa na CBN Maringá

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