Maringá foi selecionada entre cinco cidades brasileiras, uma de cada região do país, para um projeto nacional de autocoleta de HPV, desenvolvido pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A ação envolve a capacitação de agentes comunitários de saúde para busca ativa de mulheres que não procuraram as unidades para realização de preventivo nos últimos 4 anos. A pesquisa pretende comparar as duas modalidades de rastreabilidade do câncer de colo de útero: o preventivo, realizado por um profissional na unidade de saúde, e a autocoleta, que pode ser realizada pela própria mulher em casa, de forma parecida com os autoexames de Covid-19.
Hoje, o preventivo, também conhecido como Papanicolau, é a única forma de diagnóstico por meio do Sistema Único de Saúde. O objetivo da pesquisa é comparar o custo-efetividade entre as duas modalidades de rastreio e verificar se a autocoleta pode ser incluída na política nacional de saúde.
A pesquisa será nas regiões das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Parigot de Souza e Requião e as mulheres serão separadas em dois grupos com 160 pacientes cada. O público-alvo são pacientes de 25 a 64 anos que não realizaram exame há quatro anos ou mais ou nunca realizaram.
O grupo da UBS Requião será submetido a autocoleta e o da UBS Parigot de Souza realizará o preventivo. Para chegar até as pacientes, agentes comunitárias de saúde participam de treinamento para compreender a abordagem e oferecer o exame.
A professora da UEM e coordenadora do projeto em Maringá, Márcia Consolaro, explica que muitas mulheres não realizam o preventivo devido à vergonha, medo ou desconforto.
“No Brasil é muito difícil uma unidade básica de saúde, quando procurada por uma mulher que não ofereça a ela a possibilidade dela realizar o preventivo que as pessoas chamam de Papanicolau, a não ser as mulheres que morram em áreas remotas, mas mesmo assim nos temos uma taxa muito alta de câncer de colo uterino no Brasil, são em torno de 17 mil novos casos por ano e metade dessas mulheres morrem em decorrência da doença, sendo relativamente jovens, e porque então essas mulheres não fazem o papanicolau? Fizemos uma pesquisa aqui em Maringá de 2014 á 2016 e descobrimos que elas não gostam da coleta feita pelos profissionais de saúde a grande maioria das vezes por vergonha e medo, mas tem algumas mulheres que o marido não deixa, ou não tem tempo de ir até uma UBS, e até mesmo muitas deixam de realizar o exame por medo de descobrir um câncer, e são essas mulheres que tem grande chances de desenvolver a doença, então a auto coleta é pratica, pois pode ser feito no trabalho, na casa, e com isso podemos fazer com que essas mulheres fiquem em uma triagem para evitar esse tipo de câncer”.
Além de Maringá, na região Sul, a pesquisa é desenvolvida por outras instituições de ensino superior em Ouro Preto (MG), na região Sudeste; Goiânia (GO), no Centro-Oeste; Natal (RN), no Nordeste; e em Manaus (AM), na região Norte. Em Maringá, a capacitação dos agentes comunitários de saúde começou nesta segunda-feira, 4,e segue até quinta, dia 7 de dezembro. Já a busca ativa das pacientes nas regiões das UBSs Requião e Parigot de Souza deve começar em 11 de dezembro.
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