Desde terça-feira (28) um túmulo do Cemitério Municipal de Maringá tem chamado bastante atenção. Além de ter a foto de uma criança e muitos vasos de flores, sobre ele há uma estátua de um menino que está em pé em uma cadeira de rodas. Um de seus braços aponta para o céu, simbolizando liberdade.
“É como se ele tivesse se libertado de toda a enfermidade que tinha. Agora está num lugar melhor onde não ter dor. Ele corre, brinca, anda, fala, come e faz tudo o que ele não fez aqui nesse mundo”, conta a mãe Tatiana Patricia Amâncio da Silva, de 36 anos.
Quando Guilherme nasceu, a família e nem os médicos imaginavam que ele seria portador de três doenças graves: paralisia cerebral, hidrocefalia e síndrome de West. O bebê veio ao mundo com 38 semanas e de parto normal. Cerca de 18 horas após o nascimento, sofreu convulsões e precisou ser entubado. Foi aí que a família recebeu a notícia de que ele tinha as três doenças graves.
Guilherme morreu aos 13 anos no dia 21 de junho deste ano. Depois de muitas idas e vindas a hospitais passando por cirurgias, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Deixou a mãe, o pai e uma irmã de 6 anos. A família passou por 13 anos de muita luta. Guilherme chegou a ter cerca de 20 convulsões diariamente em razão das doenças.
“Ele passou por mais de dez procedimentos só para operar a cabeça. Foram muitas cirurgias, pneumonias. Apesar de tudo isso, ele sempre estava sorridente, entrava no centro cirúrgico sorrindo, sempre foi forte e guerreiro”, lembra a mãe.
Foi neste ano que as doenças evoluíram e ele precisou passar por muitos procedimentos. Depois de uma febre intensa, foi levado ao hospital e precisou ficar internado por 14 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Metropolitano de Sarandi.
“No dia antes dele falecer ele sorriu bastante, interagiu comigo e com o pai. No fim da tarde foi entubado. Em um sonho que tive, ele pedia para ver os avós, primos, queria todos por perto. E eu consegui que todos fossem vê-lo”, recorda Tatiana.
Ela detalha um dos últimos momentos que teve com o filho. Na UTI, pediu aos médicos para que pudesse segurá-lo no colo. Apesar dele estar todo entubado, com drenos e sondas, técnicos e médicos se esforçaram para atender o pedido da mãe.
“Eu tive meu filho nos meus braços. Conversei, abracei, beijei. Até então eu sempre tinha pedido para Deus deixar ele comigo, independente de como ele ficasse. Mas foi naquele momento que entreguei ele para Deus com todo meu coração e alma. Mesmo com dor, com meu coração sangrando dilacerado eu entreguei ele para Deus. Mesmo entubado, ele deu vários suspiros profundos em meu colo”, recorda Tatiana.
Foi nesse dia que Guilherme deixou a família. Para homenageá-lo, os pais levaram a primeira cadeira de rodas que ele usou para um artista. Lucas Fiorese soube de toda a história e luta da família e transformou a cadeira em obra de arte.
A escultura completa tem cerca de 1,70 metro e é feita de cimento e ferro. A imponente obra tem chamado muita atenção e o túmulo de Guilherme está se tornando um dos mais visitados do Cemitério Municipal.
“Fico muito feliz pelas pessoas estarem passando lá e conhecerem um pouco do meu filho”, finaliza a mãe.