Em meio a uma população estimada em 286 mil pets em Maringá, um grupo fofo ganha fama nas redes sociais, é reconhecido nas ruas e até tem renda mensal. São os pet influencers. Gatos, cachorros, roedores e demais animais de estimação que mostram nas redes suas rotinas, com petiscos, passeios e os famosos “publis” (aquele conteúdo publicitário que garante a ração no fim do mês).
Em Maringá, o ramo é dominado pelos doguinhos, que são mais numerosos que a população de muitas cidades da região. Estima-se que existem mais de 110 mil cães de estimação na cidade, se levada em conta a média nacional.
“Quem é você na praia?”. Quem pergunta é Biguinho, um beagle, morador de Maringá, de 3 anos, enquanto posa na areia de Mariscal, em Bombinhas (SC), numa tarde ensolarada. Biguinho é fotogênico e tem perfil no Instagram seguido por 15 mil pessoas, que acompanham fotos, Reels e Stories diários de passeios e brincadeiras.
“Muitas vezes, eu tirava uma foto, mandava para minha mãe, primas e amigas, e já colocava legenda, como se fosse ele [Biguinho] contando o que tinha aprontado. Aos poucos, fui vendo como isso era engraçado e tive a ideia de criar a página”, conta Mariane Muniz, tutora do beagle. “Era uma brincadeira, mas percebemos que seria uma oportunidade de negócio quando recebemos a primeira proposta de parceria.”
Hoje, o beagle tem quatro contratos com empresas do segmento e é embaixador de uma escola e de um hotel para cães em Maringá. Ele fatura, em média, R$ 400 mensais, além de presentes, como roupas, acessórios e petiscos.
O patrocínio que garante a Biguinho as bandanas sempre na moda vem de um mercado que não passa despercebido na cidade. Dados mais recentes da prefeitura mostram que existem 172 lojas de produtos para animais, que vendem rações, brinquedos e acessórios.
Maringá também se tornou um polo de saúde animal. De acordo com números oficiais, a cidade tem 56 estabelecimentos voltados para o bem-estar dos pets, entre clínicas veterinárias e laboratórios especializados em exames dos bichinhos de estimação.
Saúde e qualidade de vida que são esbanjados pela pug Vicky, 7 anos, completados em abril e comemorados no perfil do Instagram, que divide com os também pugs Pandora e Lucky, ambos de 5 anos.
O trio de pugs maringaenses já foi contratado para campanhas publicitárias de shopping, padaria, indústria de petiscos naturais, hotel para cães e fabricante de acessórios, como guias, coleiras e bandanas.
“Ganhamos presentes, comidas, caminhas e coleiras, mas o nosso intuito principal é a causa animal”, diz Kerly Mantovani Cavalin, tutora dos cães.
Além da carreira digital garantir ao trio de pets vários mimos, a fama enche os pratinhos de cães que aguardam um lar em ONGs locais. “Nos aniversários dos pugs, arrecadamos ração e dinheiro para duas entidades”, conta Kerly.
O sucesso dos pets nas redes não é à toa. Pesquisas já mostraram que ver vídeos de animais de estimação melhora o dia das pessoas. Em tempos de isolamento, mesmo para quem não tem um companheiro de quatro patas, eles aquecem o coração.
“Num período de pandemia, tão triste e com as pessoas tão amarguradas e sensíveis, é o que faz a gente sorrir. Ver vídeo de bichinhos felizes e correndo na rede social é ‘tudo’ num momento difícil; alivia”, diz Amanda Veras, head de Social Media e Influenciadores em uma agência de marketing digital em Maringá.