Maringá terá semana especial para abordar autismo; veja a programação

O Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo é celebrado em 2 de abril, com objetivo de difundir as informações sobre Transtorno do Espectro Autista e reduzir a discriminação. Nesta reportagem, foram pessoas diretamente envolvidas no tratamento, acolhimento e evolução de crianças, adolescentes e adultos que receberam o diagnóstico que lutam por uma visibilidade cada vez maior para que o preconceito diminua. Nesta semana, Maringá terá uma programação especial para abordar o tema – veja abaixo.
Aos dois anos e meio, Davi começou a apresentar algumas características de isolamento, auto regulação e deixou de atender a comandos. A família procurou o pediatra, que fez o encaminhamento ao neurologista. A preocupação era de que existisse algum problema de audição, afinal, os pais o chamavam e ele não respondia mais. Alguns exames foram feitos e a hipótese de problema auditivo foi descartada. Os indícios eram de que Davi era autista. A mãe, Alessandra Malamão, conta aqui como foi receber o diagnóstico, 17 anos atrás.

Davi tem um nível moderado de autismo. Ele ainda precisa de ajuda, não tem independência total, mas é alfabetizado e consegue se comunicar bem, apesar de não ter uma fala dialógica e não estabelecer uma interação social. A busca de Alessandra por informação e por educar as pessoas a volta sobre o autismo deu origem a uma ONG, a Estrela de Davi. Atualmente a organização tem 46 crianças no projeto social, onde recebem atendimento terapêutico.
Hoje a ONG é mantida por padrinhos sociais, pela comunidade e por eventos beneficentes. A sede fica dentro do Instituto de Desenvolvimento do Espectro Autista – IDEA Ricardo Filho.
Há outras iniciativas como esta que trabalham no acolhimento e desenvolvimento das crianças, adolescente e adultos com o Transtorno do Espectro Autista. A Associação Maringaense dos Autistas é a mantenedora da escola Léo Kanner, que há 30 anos atende pessoas com TEA da educação infantil à Educação de Jovens e Adultos na modalidade de Ensino Especial. A escola é filantrópica, mantida pela associação. Mais de cem alunos são atendidos atualmente, com idades que variam de 04 a 38 anos, e que tem diferentes graus de autismo.
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico identificado por uma gama de características variáveis, como a dificuldade de comunicação e interação social, atraso no desenvolvimento motor, hipersensibilidade sensorial e comportamentos metódicos ou repetitivos. Mas a palavra espectro remete justamente a uma infinita possibilidade de características – ou seja, cada indivíduo apresenta comportamentos singulares em menor ou maior grau de forma conjunta ou isolada das demais características. Não há nenhum biomarcador específico para TEA. O diagnóstico é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (referência mundial de critérios para diagnósticos), alguns dos sinais são dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos, dificuldade na comunicação, alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas específicas e dificuldade de imaginação. Principalmente nos casos de autismo mais leve, o diagnóstico pode demorar a chegar. Antonio Augusto teve um diagnóstico tardio, aos 19 anos.

O diagnóstico era de grau 1, ou autismo leve, e veio enquanto ele cursava a faculdade de direito. Hoje, Antônio Augusto é advogado e é vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB Maringá.
O TEA pode ser tratado de inúmeras formas e, por lei, ninguém que tenha o transtorno ser discriminado em função de suas dificuldades ou impedido de frequentar qualquer lugar público. Falar cada vez mais sobre o autismo tem ajudado a conseguir diagnósticos precoces e a diminuir o preconceito, mas para quem convive diretamente com a doença, ainda há muito a avançar.Antônio AugustoO TEA pode ser tratado de inúmeras formas e, por lei, ninguém que tenha o transtorno ser discriminado em função de suas dificuldades ou impedido de frequentar qualquer lugar público. Falar cada vez mais sobre o autismo tem ajudado a conseguir diagnósticos precoces e a diminuir o preconceito, mas para quem convive diretamente com a doença, ainda há muito a avançar.
Confira a programação em Maringá:
• 03/04 – Segunda-feira
– 8h30 – Abertura oficial com apresentação musical, no Auditório Hélio Moreira
– 10h – Palestra ′Autista, e agora?′, com Antônio Augusto Neto, no Auditório Hélio Moreira
– 19h – Roda de conversa sobre autismo e suas peculiaridades, com Sheila Dias, Lilian Ferreira e Antônio Augusto Neto, no Auditório Hélio Moreira
– 20h30 – Palestra ′Epidemiologia e perspectivas do autismo′, com Hassen Ahmed Abou Nouh Filho, no Auditório Hélio Moreira
• 04/04 – Terça-feira
– 9h30 – Apresentação de piano com músicos autistas, na Câmara Municipal de Maringá
– 10h – Palestra ′Em discussão: o aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA)′, com Tânia dos Santos Álvarez da Silva, no Auditório Hélio Moreira
– 19h – Palestra ′Autismo: importância da intervenção precoce e de qualidade′, com Pedro Henrique Bressan, no Auditório Hélio Moreira
– 20h30 – Palestra ′Transtorno do Espectro Autista: como identificar os sinais em bebês′, com a Raquel Proença, no Auditório Hélio Moreira
• 05/04 – Quarta-feira
– 8h30 – Palestras ′TEA na Faculdade′, com a Mariana Leal Tobias, no Auditório hélio Moreira
– 9h – Blitz informativa na Avenida Brasil, próximo à Praça Raposo Tavares
– 13h30 – Palestra ′Conhecer para incluir′, com Fernanda Polonio (exclusiva para profissionais da Secretaria de Educação)
– 14h – Blitz informativa na Avenida Brasil, próximo à Praça Raposo Tavares
– 19h – Show de Talentos da Pessoa Autista, no Auditório Hélio Moreira
• 06/04 – Quinta-feira
– 8h30 – Palestras ′Tratamento para o TEA: muitos juntos em uma só direção′, com Felipe de Figueiredo, no Auditório Hélio Moreira
– 13h30 – Palestra ′Conhecer para incluir′, com Fernanda Polonio (exclusiva para profissionais da Secretaria de Educação)
