Maringaense ganha destaque ao celebrar casamentos nada convencionais
O maringaense Rodrigo Rosalino Dias, de 33 anos, trabalha como celebrante de casamentos e viralizou na internet em agosto de 2022 por causa da ‘cerimônia da bicicleta’- veja o vídeo abaixo. Desde então, seus discursos feitos nas cerimônias têm ganhado destaque na internet. “Comecei a ser mais conhecido pelo meu trabalho quando parei de tentar me encaixar no que estavam oferecendo e comecei a, de fato, colocar o que acredito em cada cerimônia. E eu acredito que a história do casal é importante demais para não ser lembrada no capítulo mais importante desse enredo”, diz.
A cerimônia que foi um divisor de águas para o celebrante envolvia uma bicicleta roxa. “E deu muito trabalho pra encontrar uma bicicleta roxa. Entrei na cerimônia de bicicleta e todos os convidados entenderam a referência”, conta Rodrigo. Depois disso, ele já fez cerimônias temáticas, como Harry Potter e Game of Thrones. “Já fiz noivos cozinharem no casamento, já levei lanche e batata frita, tereré, chips…ah, já lacei um casal na cerimônia (eles gostavam de rodeio). Cada história tem um detalhe que faz toda diferença… A ideia é sempre surpreender os noivos e convidados, mas as surpresas não são aleatórias. Cada uma traz uma reflexão sobre casamento, vida a dois… no fim, tudo tem que fazer sentido”, relata.
Como tudo começou
Rodrigo trabalha como celebrante de casamentos há onze anos. Ele foi seminarista e sempre gostou muito de falar em público. Então, quando saiu do seminário, trabalhou com formação humana em uma unidade social e uma amiga que trabalhava com ele pediu que ele a ajudasse na cerimônia do casamento dela, em São Paulo. “Eu fui, fiz a cerimonia e as pessoas que estavam lá gostaram muito. Algum tempo depois uma outra amiga, assessora, me convidou para fazer uma cerimônia de casamento e assim as cerimônias foram surgindo, de um casamento surgiam outros e celebrar as histórias de amor foi se tornando uma paixão.
Rodrigo decidiu então estudar mais e aprimorar o trabalho com os casais. “Fui aos poucos compreendendo a real necessidade de muitos casais de conseguirem se ver na cerimônia mais importante que marca o início das suas famílias. E fui aprendendo a respeitar e priorizar as histórias de amor que unem os casais, fazendo delas minha fonte de inspiração. Até então, não era juiz de paz, e tinha o desejo de oferecer mais essa facilidade para os casais, e fui atrás das formas para fazer isso. Encontrei um cartório em Maringá que tinha a necessidade e depois fiz um curso para aprimorar ainda mais o atendimento”, conta.
O trabalho do celebrante
O celebrante de casamento é o profissional responsável pela cerimônia de casamento. Rodrigo explica que até pouco tempo atrás, essa função era quase exclusiva dos líderes religiosos e do juiz de paz de cada cartório, mas agora a demanda está cada vez mais ampla. “Então, o celebrante de casamento será responsável por escrever e celebrar um casamento com ou sem conotação religiosa, para casais de diversas religiões ou que não pertencem a nenhuma instituição religiosa”, diz.
Já que Rodrigo, além de celebrante, é também juiz de paz, pode oficializar uma união civilmente, mesmo que a cerimônia seja realizada em ambiente externo ao cartório. “Além da cerimônia com efeito civil, também realizo cerimônias afetivas/simbólicas, sem validade religiosa ou perante a lei”, relata. Ele conta que atualmente 80% dos casais que atende optam pela cerimônia com efeito civil. “Nem todos me procuram já com essa decisão, mas ao conhecer a possibilidade de fazer tudo no mesmo dia e local, e sem um custo a mais por isso, acabam oficializando a cerimônia no mesmo dia da festa”, diz.
De acordo com Rodrigo, não há uma regulamentação ou um curso obrigatório para se tornar celebrante, embora haja cursos preparatórios para exercer a função. Rodrigo, que inclusive também ministra cursos como estes, explica que o curso pode ser online ou presencial e na ocasião são abordados tanto assuntos mais burocráticos quanto conteúdos relacionados aos tipos de cerimônia e atendimentos. “No meu caso, que não foi nada planejado, além da formação em filosofia, pedagogia e de duas pós-graduações, meu curso ‘foi no altar’. Fui aprendendo e me especializando a cada cerimônia, busquei livros e materiais que pudessem me dar maior segurança e embasamento, e desde então não parei de estudar para me aprimorar”, conta.
Em média, uma celebração padrão dura em torno de 40 min. “Entretanto, como meu trabalho é personalizado, a duração da cerimônia é um dos detalhes que alinho com o casal durante os preparativos. Já me pediram uma cerimônia de 10 minutos e outros que me pediram de 1h30. O que me pedem, eu faço”.
Toda forma de amor
A diversidade e a pluralidade dos arranjos matrimoniais e familiares já são uma realidade. E isso tem sido comprovado por Rodrigo, que é procurado por casais de gays e lésbicas, bem como por casais de diversas religiões. “São casais que estão procurando cada vez mais oficializar a união de modo público e com tudo o que sonham. Eu os atendo, sem distinção, e da maneira mais empática e sensível, assim como casais que vem de religiões não tão conhecidas ou que não tem religião. Muitos casais também procuram um celebrante quando são de religiões diferentes. Assim, cabe ao celebrante desenhar uma cerimônia que traga elementos da fé e espiritualidade de cada um, sem desrespeitar ou menosprezar a crença de ambos. Há, também, casais que não pertencem a nenhuma instituição religiosa e que desejam uma cerimônia que vá além dos trâmites do casamento civil tradicional“, diz.
E os discursos? Como são preparados?
“Eu falo para os casais que eles ganham um padrinho de penetra”, brinca Rodrigo. Ele explica que o processo de construção da cerimônia começa a partir do primeiro contato. “Já investigo as redes sociais, converso com amigos e familiares, peço pra me adicionarem no grupo de padrinhos… cada caso é um caso”, diz.
Segundo o celebrante, pouco antes do casamento, os casais respondem um formulário com questões sobre o relacionamento e, em seguida, é feita uma entrevista para que se conheçam melhor e eles contem sua história de amor. “Nesses momentos fico atento para identificar algum elemento dessa história que possa me ajudar a surpreender os noivos no grande dia. Durante essa preparação, também alinho com os noivos tudo o que pode ou não ter no casamento, questiono se já viram algo que gostaram, o tipo de cerimônia que querem (descontraída, clássica, romântica, emocionante). Depois escrevo a cerimônia, todas são escritas do zero. Há alguns anos eu era mais fiel ao cerimonial que escrevia. Agora a cerimônia escrita me dá uma base, mas gosto de aproveitar os comentários dos convidados e familiares, as risadas, as expressões dos noivos… Não é improvisado, mas também não é algo engessado”, conta.
A ‘cerimônia da bicicleta’
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