‘Maringanês’: Gírias e expressões que fazem todo sentido se você é de Maringá

O modo de falar maringaense é uma das principais características da população que cresceu nesta região do Paraná. Do “R” bem marcado a expressões e gírias que só fazem parte do dicionário de quem vive em Maringá, a linguagem adotada pelo povo de Maringá se moldou ao longo dos anos e representa muito da realidade encontrada no município.
Para muitos especialistas, o modo de falar maringaense tem grande influência de povos vindos do interior paulista, que migraram para o norte paranaense na época em que Maringá era fundada. No entanto, para o historiador Reginaldo Dias, há aspectos muito relevantes em torno deste tema que precisam ser levados em consideração.
“Há uma tendência em apontar uma similitude entre os falares do povo do norte do Paraná e do interior de São Paulo. Isso pode fazer algum sentido, mas não explica tudo. Primeiro, porque a população do município de Maringá, composta por várias frentes migratórias, também acolheu populações de Minas Gerais, principalmente do nordeste e, também, em menor proporção, uma população que vinha do sul do Brasil. Além disso, havia imigrantes japoneses, comunidade árabe… Então não dá para dizer que a população de Maringá se unifica em torno desse jeito de falar que alguns chamam de ‘caipira’”, considera o historiador.
A explicação também é contestada pelo historiador por causa do crescimento da população maringaense durante os 75 anos de história da cidade. “A população de Maringá, hoje, é de cerca de 450 mil habitantes residentes. Além desses, há mais uns 50 mil que não têm domicílio aqui, que são estudantes que residem aqui por um período. Então, essa ideia também entra em choque com o fato de que, de 1960 para cá, a população mais do que quadruplicou. Essa multiplicação se deve a novas frentes migratórias e também uma renovação da população que mora aqui. Não significa que, porque o pai teve uma vida mais próxima ao campo e carregava o ‘r’, os filhos herdarão do pai o mesmo estilo de falar, porque eles vão ter uma circularidade mais ampla”, destaca Dias.
Para ele, o fluxo de pessoas pela cidade, que também aumentou muito com o passar dos anos, influencia diretamente na troca de informações entre povos com diferentes origens. Entre muitos fatores, o avanço da tecnologia e a consequente criação de novas mídias também contribuíram para este processo.
“Nos anos 1950, as pessoas tinham um círculo de relações muito limitado e só existia uma mídia, basicamente, que era o rádio. Hoje, não. Com esta circularidade de mídias, com acesso a tantos estilos de falares por essa multiplicidade de mídias, eu creio que esta questão, se teve relevância maior há algumas décadas, foi se diluindo com o tempo”, afirma o historiador.
Influenciado diretamente pelas populações do interior paulista ou não, fato é que o modo de falar maringaense é marcado e característico. Algumas expressões são quase exclusivas de quem vive por aqui e podem até causar estranhamento em visitantes. Entenda algumas expressões:
Entre os termos mais simples, o “véi” está entre os mais conhecidos. No entanto, essa é uma das gírias em Maringá que, em variadas entonações da palavra, cria diferentes sentidos na hora de se expressar. No Instagram, o perfil “Dicionário Maringaense” já nos mostrou que o “véi” serve para qualquer momento – clique aqui e saiba mais sobre o Dicionário Maringaense, criado pelo publicitário Luiz Lemos:
Outra palavra do dia a dia do maringaense – e que também se encaixa em diversos sentidos – é o “pior”. Diferentemente do que ensinam os dicionários, para os maringaenses, nem sempre um “pior” tem sentido de inferioridade. Às vezes, o maringaense apenas quer dizer que você tem razão. “Pior” é quase o mesmo que “verdade”.
Para chamar outras pessoas, pode-se usar o “fi”. É uma maneira simples e rápida de pedir a atenção de alguém.
Outras palavras do vocabulário do maringaense também podem ser estranhas para quem não mora na cidade. Uma rotatória, por exemplo, é um “BALÃO” ou “REDONDO”. “DATA” é um terreno. “PATENTE”, o vaso sanitário.
Veja mais gírias e expressões do Maringanês:
Apesar de tantas expressões, há quem diga que uma importante palavra, usada no trânsito, é praticamente ignorada em Maringá: SETA. Alguém discorda?
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