Quanto vale um sonho? Vale a pena ir tão longe para conquistá-lo? E se algo der errado no caminho? As repostas para essas perguntas são encontradas durante a vida de destemidos e corajosos. Um deles, vive em Maringá e tem 54 anos. Seu nome é Wanderlei Saldanha, conhecido como “Carnegão”. A história recente desse “Pé Vermelho” envolve uma Kombi, milhares de quilômetros rodados, percalços, inverno rigoroso e muita persistência. Para entender esse enredo de filme é preciso voltar na década de 60, então vamos lá!
Carnegão nasceu em 1960. Quando era criança, ele ganhou uma miniatura de um ônibus, ficou apaixonado pelo presente que guarda até hoje. O tempo passou e já adulto descobriu que o ônibus realmente existia. “Um amigo meu foi para os Estados Unidos, e viu o tipo do ônibus que eu tinha guardado, ele me mandou uma mensagem e falou, sabe seu ônibus? Ele existe, olha aqui, eu vi a foto, e era realmente igualzinho”, conta.
O ônibus em questão é uma raridade, um GMC PD-4501 Scenicruiser, fabricado pela General Motors (GM), de dois níveis feito entre 1954 e 1956. Somente 1001 unidades foram fabricadas. O veículo se tornou um ícone americano e sonho de consumo de muita gente. Acredita-se que poucos mais de 10 unidades ainda estão em circulação.
A busca pelo “Busão”
Depois de saber que o ônibus existia, Carnegão começou a procurar um para comprar, e encontrou, em um lugar muito longe por sinal, em Spences Bridge, uma pequena comunidade no Canadá. O lugar fica a cerca de 300 km de Vancouver e registra temperaturas que podem chegar a -30º. Em 2009, ele começou a adquirir o veículo pela internet e 2 anos depois, foi ao Canadá para finalizar a compra.
Porém, ao chegar ao local, percebeu que o ônibus se encontrava em uma situação pior do que ele imaginava, com a necessidade de vários reparos. O maringaense decidiu deixar o veículo por lá e retornou ao Brasil.
Em 2019, Carnegão voltou ao Canadá para buscar o veículo, mas de novo enfrentou problemas. Peças do veículo haviam sido retiradas, o reparo ficou ainda mais caro e tempo do visto não permitiu que ele trouxesse o ônibus.
Em abril de 2023, a terceira tentativa, o plano era ainda mais ousado. Carnegão saiu com a esposa, a Valéria Saldanha, rumo à América do Norte de Kombi. Eles dirigiram até a Colômbia, e depois foram de navio até a Flórida. Lá a ideia era vender a Kombi, e com o dinheiro seguir até o Canadá, fazer os reparos necessários no ônibus e trazê-lo. Mas a venda da Kombi não se concretizou até hoje. O casal foi à Spences Bridge assim mesmo.
“Viemos para cá com a cara e a coragem, eu sou aposentado no Brasil, mas aqui nosso dinheiro não vale muito, sem a venda da Kombi tudo se complicou, fica difícil arrumar o ônibus e levar para o Brasil, mas não vamos desistir”, contou.
O drama do maringaense aumentou, pois o visto canadense do casal está vencendo e ele não quer deixar o ônibus mais no Canadá. “Está ficando perigoso ônibus ficar aqui, meu medo é que ele seja depenado e não sobre mais nada do veículo, se conseguirmos arrumá-lo e colocar para rodar, vamos levar até Los Angeles e deixar para por um tempo, lá, é mais seguro. Aí depois voltamos e levamos o ônibus para o Brasil, será um sonho realizado”, disse.
Para ajudar nos custos da manutenção e trazer o ônibus, Carnegão está vendendo uma rifa pelo Instagram. Cada número custa R$ 20 reais, e quem quiser colaborar pode acessar clicando aqui.
“Se Deus quiser todo esse esforço vai valer a pena, se esse ônibus chegar em Maringá, será o único da América do Sul. Pretendo restaurá-lo inteiro e rodar pelo país em exposições para contar esse sonho de criança que vai virar realidade”, finalizou.
O valor do ônibus não foi revelado.
Vídeo que um youtuber canadense produziu sobre a saga do maringaense: