Nuvem de gafanhotos: ‘praga bíblica’ já assolou Maringá


Por Rafael Bereta
Foto: Ilustrativa/Agência Brasil

Muitos foram os eventos climáticos que causaram destruições em Maringá e região entre os anos de 1946 a 1975. Uma delas mencionada até hoje é o caso de uma nuvem gigantesca de gafanhotos que assolou a cidade. A “praga bíblica” passou por Maringá no fim de 1946.

De acordo com o vídeo publicado nesta sexta-feira, 20, pelo Maringá Histórica, naquela época, os moradores de Maringá, com o apoio da classe empresarial, se uniram em prol da construção do primeiro templo católico em Zona Urbana.

A nova igreja havia contado com grande mobilização da sociedade local que teve como principal líder o padre alemão Emílio Clemente Scherer. No entanto, após várias quermesses e muitas negociações, a Companhia de Terras Norte do Paraná por intermédio do gerente geral Arthur Thomas, doou um terreno para a materialização daquele desejo coletivo.

Prova de fé

As obras seriam uma prova de fé aos moradores, pois no dia 23 de outubro de 1946, nuvens de gafanhotos invadiram Maringá e cidades vizinhas, destruindo as plantações, se espalhando e atingindo toda a região.

A praga bíblica passou em Maringá no final de 1946. Foto: Reprodução/Maringá Histórica

De acordo com especialistas, a onda de gafanhotos veio de longe para devastar plantações e a movimentação teve início em julho daquele ano. Naquele mês, os insetos se disseminaram pela região desértica e árida do Chaco situado entre a Argentina, Bolívia e o Paraguai, se multiplicando rapidamente rumo ao ao Rio Grande do Sul, onde se espalhou para outros estados.

Devido ao fenômeno, a região maringaense havia recebido a visita do Exército e do Instituto Biológico de São Paulo com o objetivo de evitar que a invasão chegasse às lavouras paulistas. Em uma reportagem feita na época pelo Jornal Correio, no dia 1º de outubro de 1946 foi recomendado aos agricultores o uso de inseticidas além de novos produtos químicos desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial.

Foto: Reprodução/Maringá Histórica

O então funcionário da secretaria de Agricultura do Paraná, João Ferreira Pinto, se deslocou de Jacarezinho a Maringá para inibir o avanço da praga, além do uso de pequenos helicópteros para a pulverização a sua equipe também utilizou lança-chamas naquela operação.

Veja o vídeo

Praga bíblica volta outra vez

No dia 22 de junho de 2020, o assunto voltou à tona. As autoridades do governo da Argentina informaram que uma nuvem de gafanhotos havia levantado voo na província de Corrientes. A nuvem poderia atravessar a fronteira com o Rio Grande do Sul. As autoridades argentinas afirmaram que a nuvem tinha origem no Paraguai. Nesse meio tempo, lavouras de milho foram totalmente destruídas pela praga.

Por isso, o governo da província de Córdoba informou que, em um quilômetro quadrado de nuvem, poderia haver cerca de 40 milhões de insetos. Na época, a Agência Brasil informou que a preocupação entre os argentinos era que a nuvem de gafanhotos atacassem as plantações de trigo e aveia. Segundo o Senasa ( Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Agroalimentar), uma nuvem de gafanhotos é capaz de consumir uma quantidade folhas equivalente a uma colheita capaz de alimentar 2.500 pessoas em um dia.

// Com informações do jornalista Rogério Recco, Maringá Histórica e Agência Brasil.

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