Ônibus podem voltar a circular em Maringá neste sábado; assembleia nesta sexta define futuro da grave
O Sindicato dos Trabalhadores em Veículos Rodoviários de Maringá (Sinttromar) realizou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 11, para esclarecer os motivos da greve deflagrada pelos motoristas do transporte coletivo urbano da cidade. O vice-presidente da entidade, Emerson Silva, criticou a falta de avanço nas negociações e denunciou as condições de trabalho enfrentadas pelos motoristas e cobradores.
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Segundo o vice-presidente, desde a data-base da categoria, em junho, foram realizadas quatro rodadas de negociações com as empresas concessionárias e representantes do poder público, mas sem resultados satisfatórios. Um dos principais pontos de impasse é a manutenção de um longo intervalo intra-jornada, que, segundo o sindicato, obriga os trabalhadores a permanecerem mais de 14 horas fora de casa diariamente.
Ainda hoje uma reunião de mediação com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) está marcada com a presença das empresas e representantes do poder público. Após a mediação, às 17h30, o sindicato realizará uma assembleia com os motoristas para decidir se a greve será mantida ou suspensa, dependendo dos avanços nas tratativas.
“O trabalhador sai às 5h da manhã e só retorna às 20h ou até mais tarde. Ele está esgotado, sem convívio familiar, e isso afeta diretamente sua saúde”, afirmou Emerson. “Há três anos tentamos reduzir esse intervalo e agora a categoria não aceita mais propostas que não contemplem essa demanda.”
O vice-presidente também disse que os motoristas vêm sendo submetidos a assédio moral, violência por parte de usuários e jornadas extenuantes, sem que haja contrapartida da empresa ou da prefeitura. “A proposta de reajuste foi feita de forma unilateral, sem consulta ao sindicato, o que aumentou ainda mais o descontentamento na base”, disse.

Na quinta-feira, 10, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) determinou, por meio de liminar da desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, que pelo menos 50% da frota de ônibus deve operar nos horários normais e 70% nos horários de pico. O não cumprimento pode resultar em multa diária de R$ 50 mil ao Sinttromar.
O sindicato, porém, alegou que só tomou ciência formal da decisão na manhã desta sexta-feira, e que houve atraso no envio das escalas por parte das empresas, o que inviabilizou o retorno imediato da frota. “Recebemos as listas apenas às 13h30 e identificamos várias inconsistências, principalmente com relação às escalas durante o período escolar. Precisamos de informações confiáveis para atender à decisão judicial”, afirmou Silva.
Ele ressaltou que os trabalhadores desejam cumprir a liminar e que uma audiência de mediação com o TRT, marcada para as 16h, seguida de uma assembleia com a categoria às 17h30, deve ajudar a viabilizar o retorno gradual da operação já neste sábado.
O dirigente também rebateu declarações do prefeito de Maringá, que teria afirmado que o sindicato estava colocando “a faca no pescoço” da administração. “Em nenhum momento pedimos aumento de tarifa ou subsídio. A empresa foi beneficiada com reajuste de 8% e a prefeitura já anunciou subsídio de R$ 50 milhões. Há condições de atender às reivindicações dos trabalhadores.”
A expectativa do sindicato é que os ônibus voltem a circular parcialmente no sábado, 12. Tudo dependerá da mediação judicial e das deliberações da assembleia com os trabalhadores.