04 de junho de 2025

Paróquia de Maringá cria grupo de apoio para fiéis autistas e faz celebrações adaptadas


Por Luciana Peña/CBN Maringá Publicado 29/05/2025 às 18h23
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A Paróquia Santo Expedito, em Maringá, está realizando celebrações da palavra adaptadas para fiéis autistas. As decisões são tomadas por um grupo de apoio criado para conhecer as demandas de autistas adultos da comunidade.

O Grupo Para Pessoas Autistas Adultas se reúne a cada 15 dias, às sextas-feiras, e foi criado depois que um fiel com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) sugeriu mudanças para evitar o mal-estar provocado por determinados estímulos sonoros ou visuais nas celebrações tradicionais.

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Foto: Reprodução

Com a criação do grupo em abril deste ano, mês de conscientização sobre o autismo, foi possível debater o tema e perceber que celebrações inclusivas podem trazer muitos fiéis de volta à igreja, explica a coordenadora Vanessa Trabuco Gardin.

“Nós observamos a necessidade de acolher pessoas autistas na nossa paróquia que, muitas vezes, não tinham a oportunidade de ir em outras igrejas, até mesmo por conta da falta de regulação, dificuldade de permanecer no espaço. Um dos nossos participantes é autista de suporte 1, ele descobriu recentemente o autismo dele, com mais de 50 anos de idade, e também tem algumas coisas que incomodam ele dentro do ambiente litúrgico, e que ele conseguiu justificar para a gente o que poderia ser amenizado durante uma celebração. Então nós começamos a validar isso e pensar que dentro da nossa região também tinham pessoas que pudessem ter as mesmas dificuldades que ele, e que também teriam vontade de voltar para dentro da igreja, participar de uma missa, de uma celebração da palavra, mas que, por desregular-se nesse ambiente, elas não participavam. E aí surgiu a ideia e por isso nós começamos o grupo”, disse Vanessa.

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As mudanças são sutis, mas fazem diferença. A ideia não é mudar a liturgia, mas promover celebrações inclusivas na capela. São as chamadas celebrações da palavra.

“Algumas vezes a liturgia musical tem músicas sacras que são muito comuns e conhecidas, mas quando elas trocam o ritmo faz com que sobrecarregue esse indivíduo autista. Alguns momentos onde tem muito som, é utilizado bateria, sobrecarrega eles, ruídos diferenciados, como sinos, na hora do rito da consagração da Eucaristia, também, microfones com microfonia, geralmente nesse sentido. A igreja é muito lotada quando a gente tem uma celebração um pouco mais complexa, algo mais celebrativo, muitas pessoas envolvidas. Então a pessoa autista não consegue permanecer nesse local”, explica a coordenadora.

Neste ano, ano de jubileu na Igreja Católica, a Paróquia terá o ritual do Creio comum, com palavras menos complexas, em vez da oração do Creio estendido, utlizado em ocasiões especiais.

Em média, 10 a 12 adultos autistas participam das celebrações da Paróquia Santo Expedito. Eles também participam de rodas de conversa com o pároco ou o diácono e a equipe de apoio.

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