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22 de novembro de 2024

Pequeno Príncipe: “Sorte a minha ele ter me escolhido”


Por Brenda Caramaschi Publicado 04/10/2024 às 18h14
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A arquiteta Lígia Largura com o Pequeno Príncipe, que adotou já idoso, em 2019. / Foto: Arquivo pessoal

No Dia Nacional da Adoção de Animais, celebrado em 04 de outubro, juntamente com o dia de São Francisco de Assis, conhecido como padroeiro dos animais, o GMC Online traz uma história comovente e inspiradora: a história do Pequeno Príncipe.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. A frase é uma das mais conhecidas da literatura mundial, presente nas páginas da obra O Pequeno Príncipe, escrito por Saint-Exupéry em 1943. E foi dessa obra que veio o nome de um cãozinho idoso, sem raça definida, que apareceu no portão da arquiteta Ligia Largura em janeiro de 2019. 

Ela já tinha seis cachorros em casa, todos adotados, quando o cãozinho deitou no portão bem na hora que ela iria sair com o carro. Para poder sair e seguir para o compromisso, ela colocou ele para dentro de casa e pensou “na volta eu tomo as providências para encontrar o dono”. Nas redes sociais ela procurou em grupos de cachorros desaparecidos, e encontrou várias fotos do mesmo animal vagando pelo centro de Maringá e pela Zona 4. Ele tinha uma coleira de couro, sem identificação, muitas cicatrizes e doenças que, se não fossem tratadas, poderiam se agravar. 

Sem encontrar o dono, ela levou o cãozinho ao veterinário que deu um prognóstico nada otimista. “Do jeito que ele está, tem mais uns três meses de vida”. Pela dentição, o profissional identificou que o cachorro deveria ter cerca de 13 anos de idade. “Quem é que vai adotar um cachorro de 13 anos e doente?”, pensou Ligia. E, por medo de que ele passasse os próximos meses sozinho, sem cuidados adequados, e morresse sem um lar, o levou para casa e o batizou de Pequeno Príncipe. “Como o personagem do livro, ele vagava até encontrar seu lugar. Se ele tivesse mais três meses, iriam ser os melhores da vida dele”, relembra. 

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“Ele me deu muita força e é um símbolo para mim de resistência, resiliência e fé na vida, ” diz a tutora do Pequeno Príncipe/ .Foto: Arquivo pessoal

Aos poucos, ele foi tratando cada problema de saúde do animal. Na época, ela também estava passando por um problema de saúde muito sério e encontrou na resiliência do bicho forças para lutar também pela própria vida. “Eu olhava para o sobrevivente que ele estava sendo a cada mês que passava ele ia melhorando, parecia uma fênix que renascia das cinzas. Ele me deu muita força e é um símbolo para mim de resistência, resiliência e fé na vida”.

Quando chegou na casa de Lídia, o Pequeno Príncipe tinha muito medo de tudo. A suspeita é que ele tenha sido vítima de maus tratos, tanto pelas cicatrizes quanto pelo comportamento. “Eu não conseguia tocá-lo, porque ele tinha muito medo. Mas, aos poucos, fui estabelecendo uma relação de confiança, respeitando o tempo dele”.

Os traumas e problemas de saúde de muitos cães que são resgatados são, geralmente, mal vistos por alguns adotantes. Tanto que nas feirinhas de adoção de animais, os mais procurados são os filhotes e muitos cães mais velhos passam boa parte da vida em abrigos ou lares provisórios. Mas a arquiteta diz que vale a pena seguir o caminho oposto. “É a melhor coisa do mundo você adotar um cachorro adulto ou idoso, porque eles aprendem e já têm uma história, então quando você demonstra algo bom para eles, eles se agarram àquilo para viver. Tenho certeza que a longevidade dele se deve muito à relação que a gente estabeleceu, de carinho”, incentiva. 

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“É a melhor coisa do mundo você adotar um cachorro adulto ou idoso”, garante Lígia. / Foto: arquivo pessoal

A idade avançada do Pequeno Príncipe, que hoje beira os 19 anos, trouxe complicações na visão e na audição, como acontece também com os humanos e, por conta de um procedimento cirúrgico, há um ano e meio, parou de andar. Para buscar uma melhor qualidade de vida, Lígia buscou tratamentos alternativos, como fisioterapia, acupuntura e laser, além de fazer um acompanhamento com exames periódicos. Por conta dos cuidados, o cachorro voltou a passear, correr, pular e brincar. “Os últimos exames de sangue dele vieram perfeitos. A veterinária ficou surpresa. A vontade que ele tem de viver é inspiradora. Ele não desiste dele. As pessoas falam ‘sorte a dele ter te encontrado’ e eu digo ‘sorte a minha ele ter me escolhido’, porque eu sou uma pessoa muito melhor hoje por conta dele”, conta a arquiteta.

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A fisioterapia e o acompanhamento veterinário têm ajudado o Pequeno Príncipe a chegar ativo aos quase 19 anos. / Foto: arquivo pessoal

Millena de Mello faz parte da equipe de veterinários que atende o cachorro atualmente e diz que a história de Lígia inspirou a equipe inteira. “O amor que ela tem por ele é incrível. E o Pequeno Príncipe é a prova de que não importa a idade em que você vai adotar o animal. Se ele for bem cuidado, ele vai viver bem. Fazer checkup, um acompanhamento frequente, garante essa longevidade vivendo bem. O animalzinho de rua, com mais de 10 anos, pode dar tanto amor quanto um filhotinho comprado. O importante é o carinho e o afeto, que faz diferença tanto na vida do animalzinho, quanto do tutor”.

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