Nessa segunda-feira, 13, pesquisadores em Maringá e na Espanha simularam a primeira transmissão intercontinental em telemedicina com o uso de óculos de realidade aumentada. O projeto financiado pela Fundação Araucária é desenvolvido no Departamento de Medicina da Universidade Estadual de Maringá e começou em 2020.
O objetivo da pesquisa é comprovar a eficiência de óculos de realidade aumentada em telemedicina. A telemedicina é um recurso cada vez mais utilizado, principalmente depois da pandemia. Mas a eficiência do atendimento à distância pode ser muito superior com o uso da tecnologia conhecida como smart glass.
O óculos utilizado na pesquisa é importado dos Estados Unidos, mas existem outros modelos disponíveis no mercado. O professor Luciano de Andrade, coordenador da pesquisa e do Programa de Mestrado Profissional em Gestão e Tecnologia em Urgência e Emergência, explica como foi a simulação do atendimento intercontinental.
“Eu tenho esse oculos de realidade aumentada, eu entro em contato com um especialista através de uma vídeo chamada, e a distância ele vai ter acesso pelas imagens do meu óculos de eu atendendo esse paciente. Então, o cara pode estar numa cidadezinha do interior, como também pode estar lá na Espanha, como foi o nosso experimento de ontem com o professor Carlos Edmundo, lá na Universidade de Granada. A gente consegue fazer essa conexão e consegue tratar do doente”, afirma.
Na prática, quando um médico generalista numa cidade do interior, distante de grandes centros, receber um paciente de urgência e emergência, com trauma grave, por exemplo, poderá utilizar os óculos de realidade aumentada, se conectar com um profissional especializado em qualquer lugar do mundo e receber orientações para o atendimento clínico.
“O especialista vai estar num centro de referência, por exemplo, no Hospital da Universidade de Maringá, ele vai estar na clínica dele e aí ele, pelo notebook, vai ter imagens que são geradas pelo óculos. Então pelo óculos, o médico lá que é generalista, sem a expertize, ele vai estar escutando e vai estar mostrando a imagem para o especialista e o especialista vai falando, faz isso, faz aquilo, mexe pra cá…essa parte”, explica Andrade.
Recentemente houve um atendimento assim realizado pelo Samu.
“O Samu tem uma doutoranda minha, que hoje o paramédico, técnico de enfermagem, muitas vezes quando vai atender através da unidade de suporte básico da ambulância do Samu, que é sem médico, é só o técnico de enfermagem, que a gente chama paramédico também. Ele vai até lá e ele tem que passar as informações do paciente, na casa do paciente onde ele está, por rádio. E hoje nós estamos indo com óculos lá, fazendo esse experimento, e aí o médico regulador que fica numa base, ele acaba vendo todas as imagens e com certeza ele vai ter uma melhor visão, um melhor entendimento da situação, e vai poder ter uma melhor tomada de decisão. No último final de semana, o paramédico foi atender um paciente e quando o técnico mostrou as imagens através do óculos, o médico tomou a decisão de mandar a unidade de suporte avançada até a casa do doente com o médico, porque viu que a situação era mais grave do que se pensava inicialmente”, diz o professor.
O desafio agora é que as unidades de saúde tenham a tecnologia disponível.
“Nós estamos em uma fase que praticamente a gente já mostrou a efetividade do óculos, né? O que a gente quer é conscientizar os gestores da importância de estar adquirindo tecnologias como o Smart Glass. Para que no interior a gente consiga treinar esses profissionais a utilizar o óculos e assim poder monitorar como é que está sendo a evolução e ver os desfechos desses pacientes que são atendidos dessa forma”, conclui.
O atendimento inédito realizado nessa segunda-feira, 13, foi acompanhado pela 15ª Regional de Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde de Maringá.