14 de julho de 2025

Primeira transmissão de rádio no Brasil completa 100 anos


Por Luciana Peña/CBN Maringá Publicado 07/09/2022 às 16h03 Atualizado 20/10/2022 às 17h11
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Foto: Ilustrativa/Pixabay

Foi em 7 de Setembro de 1922 que o discurso do então presidente da República Epitácio Pessoa foi transmitido para cerca de 80 aparelhos de recepção na cerimônia do centenário da Independência. Na década de 1950, Maringá ganhou a primeira rádio. O resto é história.

Hoje é tão trivial ouvir rádio no carro, no celular, no computador, em assistentes virtuais… que a gente não faz ideia de como deve ter sido eletrizante a chegada do rádio ao Brasil.

Em 1922 os brasileiros que presenciaram a primeira transmissão radiofônica no país com certeza ficaram hipnotizados.
Era 7 de Setembro, centenário da Independência, e o presidente Epitácio Pessoa discursou ao som de “O Guarani”, ópera de Carlos Gomes, numa cerimônia no Corcovado, Rio de Janeiro, então capital do país.

O discurso foi transmitido por aparelhos de recepção instalados ali mesmo no recinto da cerimônia, e também em Niterói, Petrópolis e São Paulo.

Mas a primeira rádio só seria instalada no país no ano seguinte graças à atuação do médico e antropólogo Edgar Roquette Pinto.

O Dia Nacional do Rádio, aliás, é comemorado em 25 de setembro porque essa é a data de nascimento de Roquette Pinto, considerado o pai do rádio brasileiro.

Com o passar dos anos as ondas do rádio foram viajando para outros cantos do país.

Maringá era ainda muito jovem quando a primeira rádio foi instalada na cidade: a Rádio Cultura, em 15 de junho de 1951, como conta o historiador Miguel Fernando, colunista do CBN Arte e Cultura e criador do canal Maringá Histórica.

“É importante contextualizar um pouquinho, por que existiram algumas experiências anteriores ai início da rádio na cidade, de fato. Um pequeno grupo de empresários, lá em 1949, tentou constituir uma rádio na cidade, mas a dificuldade de investimentos, de aquisição de equipamentos impossibilitou que fosse para frente, Aquilo foi o embrião da Rádio Cultura de Maringá, que seria fundada em 1951, sob a liderança do Samuel Silveira, que já era um empresário do ramo das comunicações”, disse Miguel Fernando.

Um dos sócios-proprietários da Rádio Cultura, Reginaldo Nunes Ferreira, 48 anos dedicados à rádio, lembra do quartinho onde a emissora começou a funcionar. Um espaço pequeno onde ficavam o estúdio, a discoteca, o escritório…

“A Rádio Cultura de Maringá, que é a primeira emissora de Maringá foi ao ar dia 15 de junho de 1951 na Avenida Herval, quase esquina com a Santos Dumont, em uma casinha pequena que tinha ali, na realidade quase nem cabia o transmissor. […] A rádio em Maringá começou bem precária, mas não era só em Maringá, mesmo fora de Maringá, nos grandes centros, as emissoras não tinham tanto equipamento assim”, disse Ferreira.

A segunda rádio de Maringá foi a Rádio Jornal, hoje em dia uma das empresas do Grupo Maringá de Comunicação.
A Rádio Jornal foi comprada em 1974 de Samuel Silveira, o pioneiro do rádio no Paraná, por Aloisio Rafael Barros. Barrinhos foi o segundo locutor profissional de Maringá e trabalhou para Samuel.

O filho de Aloisio, Alexandre Barros, diretor-presidente do Grupo Maringá de Comunicação, disse, no Podcast Linha do Tempo, em comemoração aos 75 anos de Maringá, que Samuel tinha mais de 30 rádios e precisava vendê-las.

“No início do rádio não tinha um limite de concessões por pessoa. Então o seu Samuel, que foi o pioneiro, foi montando rádios, ele gostava daquilo. Chegou um ponto que ele estava com mais de 30 rádios e o governo editou uma lei que limitava a quantidade de rádios por pessoa. Na época podia ter, no máximo, 6 rádios de um mesmo dono na mesma frequência. Ele estava com 30, ele tinha que dar um jeito nisso e começou a vender. Ele optou por vender para seus colaboradores. Vários locutores, técnicos, gerentes, forma comprando emissoras […] meu pai foi um deles”, disse Barros.

Em 1978, Aloisio Barros conseguiu a concessão de uma frequência FM e em 1981 montou a rádio Maringá FM.

“Tivemos a felicidade de escolher o nome Maringá FM, acho que foi um grande acerto, por que ela já nasceu conectada com a sociedade, com a cidade, com o povo”, disse.

Neste bicentenário da Independência do Brasil, a primeira transmissão de rádio completa 100 anos.

São dois marcos históricos e muito importantes. E o rádio, que passou por tantas transformações e desafios, que enfrentou a concorrência da TV e da internet, continua mais vivo do que nunca.

Em 2019, segundo dados do Ministério das Comunicações, eram nove mil emissoras de rádio no país. Hoje são mais de 10 mil.

A radiodifusão está crescendo, diz o presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná, Caique Agustini.

“A meu ver, o rádio não está apenas crescendo, ele está se transformando, que é uma característica importante para qualquer veículo de comunicação, mas, principalmente, nesse centenário da radiodifusão aqui no Brasil, O rádio consegue aproveitar muito bem as oportunidades que o digital colocou na mesa”, disse.

Ouça a reportagem completa na CBN Maringá. 

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