Relembre: Como era o zoológico do Parque do Ingá e por que ele foi desativado? Veja fotos


Por Monique Manganaro
Relembre: Como era o zoológico do Parque do Ingá e por que ele foi desativado? Veja fotos
Foto: Arquivo/Prefeitura de Maringá

Hoje um dos mais emblemáticos pontos turísticos da cidade, o Parque do Ingá Prefeito Adriano José Valente, ou apenas Parque do Ingá, é atrativo para maringaenses e para moradores de toda a região há várias décadas. O espaço, que preserva área de mata e animais nativos, já reuniu diversas atrações que proporcionaram entretenimento e levaram a população para próximo da natureza. Entre as mais famosas está o zoológico. 

De acordo com o pesquisador Miguel Fernando, criador do projeto Maringá Histórica, o Parque do Ingá foi criado em outubro de 1971, na gestão do prefeito Adriano José Valente, para que todas as classes sociais tivessem um espaço para momentos de lazer aos fins de semana. Além disso, o poder público tinha o objetivo de recuperar a área de mata que havia sofrido fortemente com queimadas por causa de um período de estiagem. 

“Se a gente faz uma análise anterior a este período, nós temos vários pontos sobre a história desse espaço de preservação. O primeiro é o ponto da perspectiva urbanística: ele aparece no mapa da cidade em 1945, que é quando o urbanista Jorge Macedo Vieira concluiu o projeto urbano de Maringá, que tem essa proposta de uma cidade jardim. [O segundo] é no início da década de 1960, que a gente passou por um momento muito grande de estiagem e aconteceram várias queimadas pelo Paraná. O Parque do Ingá, segundo registros, sofreu fortemente na época. Então a proposta de reocupação desse equipamento foi também para trazer o vigor que ele tinha no passado e para se tornar um equipamento ambiental”, explicou o pesquisador em entrevista ao podcast “Linha do Tempo”, projeto do Grupo Maringá de Comunicação (GMC) para celebrar os 75 anos da Cidade Canção.

Em pouco tempo, o parque virou ponto de encontro de inúmeras famílias maringaenses e uma nova atração surgiu no local: o zoológico do Parque do Ingá. “Era um atrativo, era outro período da nossa história. A gente não pode interpretar os fatos do passado com a dinâmica que nós estamos vivendo no momento contemporâneo. Mas o zoológico, que sobreviveu até pouco mais de uma década, tinha animais icônicos. Era um grande atrativo para a população ter esse contato com animais silvestres. Mas tinha também uma perspectiva de conexão histórica. Para quem não sabe, no interior do Parque do Ingá a gente tem aqueles caminhos de paralelepípedo, que foram retirados da Avenida Brasil, da Avenida Getúlio Vargas, quando essas vias foram asfaltadas, e transferidos para o parque justamente com a proposta de preservação de um elemento da nossa história. Os animais também tinham essa proposta, porque muitos pioneiros dos momentos desbravadores de formação do norte do Paraná encontravam alguns desses animais nas matas virgens dessa região”, destacou Fernando. 

Segundo registros resgatados pelo projeto Maringá Histórica, em meados dos anos 1980, o zoológico do “Clube do Povo”, como o prefeito da época chamava o Parque do Ingá, mantinha mais de 200 animais na área de preservação. Eram onças, leões, jacarés, jabutis, macacos, araras, tucanos, entre outros. 

O sucesso do espaço se manteve por décadas e ficou na memória de milhares de pessoas de Maringá e de muitos municípios vizinhos que visitavam o local. No entanto, em agosto de 2007, o zoológico começou a ser desativado. 

De acordo com a diretora-presidente do Instituto Ambiental de Maringá, Juliane Kerkhoff, uma questão ambiental foi um dos principais aspectos que contribuíram para a desativação do zoológico. “O Parque do Ingá é uma unidade de conservação. A primeira lei de criação o qualificava como ‘área de preservação permanente’, mas era uma qualificação inadequada. Uma segunda lei que requalificou a área já qualificou corretamente como ‘unidade de conservação’ e ela foi incluída no Cadastro Estadual de Unidades de Conservação e passou a receber ICMS Ecológico. E como tal, ela tinha que se adequar à lei federal e às [demais] unidades de conservação, que não podem ter animais ou espécies exóticas. O leão e algumas espécies que nós tínhamos eram fauna exótica. Então, na época, nós tivemos uma comunicação do Ibama para que removessem os animais”, explicou Juliane. 

Conforme arquivos da Prefeitura de Maringá, após a notificação recebida, a administração municipal precisou enviar ao Ibama uma lista de todas as espécies abrigadas no zoológico. Em seguida, determinou-se que os animais fossem transferidos para locais indicados pelo próprio Ibama, para garantir a segurança das espécies. 

Foto: Assessoria de Comunicação/Arquivo/Prefeitura de Maringá

Segundo Juliane, mesmo após quase 15 anos da desativação do zoológico, ainda há uma espécie exótica de quati vivendo no Parque do Ingá. Contudo, a presença deste animal não apresenta problema porque ele vive solto na mata – o que também dificulta o manejo da espécie. “O que se pode ter em uma unidade de conservação são animais silvestres soltos na natureza, e não em cativeiros ou exóticos. Por que não se pode ter espécies exóticas dentro de uma unidade de conservação? Porque é uma área, como a própria lei conceitua, de relevante interesse e necessariamente nativa e natural. Então, quando a gente permite espécies exóticas, isso pode causar um desequilíbrio com as nossas [espécies] nativas no local. Então, por esse motivo, [o zoológico] foi removido do Parque do Ingá”, destacou a diretora-presidente do Instituto Ambiental de Maringá. 

Durante um passeio pelo Parque do Ingá ainda é possível encontrar animais no local. Agora soltos, saguis, lagartos e pavões dividem a área com os milhares de visitantes. 

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