O zoológico do Parque do Ingá, em Maringá, que começou a ser desativado em agosto de 2007, está presente na memória de muitos maringaenses e deixa saudades. Repleto de animais, moradores visitavam o local com frequência, faziam piqueniques, curtindo o fim de semana em meio à natureza.
Hoje, o parque ainda recebe moradores e turistas, mas a quantidade caiu consideravelmente. Segundo a gerência do local, são cerca de 720 mil visitantes por ano. Quando havia o zoológico, a estimativa era que cerca de 1 milhão de pessoas passavam por lá anualmente.
Nilson Ferreira da Silva, de 39 anos, lembra bem dessa época em que o parque era lotado. “Era difícil até de andar. Havia muitas famílias, muitas crianças”, relata ele, que trabalha no local há 25 anos.
Silva foi contratado para tratar os animais. Ele recorda, com saudade, dos xodós dele. “Tinha uma leoa que eu tratava e ela me reconhecia quando chegava perto. Também tem o Bujil, um macaco-prego, e a Laura, uma arara. Esses foram empalhados e ficaram aqui”, diz.
O servidor lembra que eram necessários 40 trabalhadores para dar conta do serviço do parque, tanto para tratar os animais quanto para manutenção. Hoje, com menos atrações, são 12 servidores.
Dos animais restaram apenas os saguis, lagartos e pavões. Antes o Parque do Ingá abrigava leão, onça, jacaré, veado, jabuti, macaco-prego, tucano e muitos outros bichos. Eram mais de 200 animais entre aves, répteis e mamíferos.
Instalações inadequadas
Se, por um lado, muitas pessoas iam ao parque por conta do zoológico, por outro, muitas deixavam de ir pelo mesmo motivo. Elas não gostavam de ver os animais confinados.
Um estudo de revisão do Plano de Manejo da reserva mostrou justamente que as instalações estavam fora de padrão e que para criar as condições ideais para os animais seria necessário derrubar parte da mata, o que era impossível, pois seria crime ambiental.
As grandes atrações do parque, o leão Kimba e leoa Doty, ficaram cerca de oito anos confinados em uma jaula com pouco mais de 100 m², enquanto deveriam ter, pelo menos, 3 quilômetros quadrados de espaço cada, informou, na época, a adminstração municipal.
Outro problema relatado pelo estudo foram as instalações inadequadas para visitação, que faziam com que as pessoas ficassem muito próximas dos animais. Muitos que faziam piquenique no parque davam alimentos que não poderiam ser dados aos bichos.
O estudo ainda apontou que animais ameaçados de extinção, como uma macaca-aranha, que apresentava comportamento agressivo por ter sido retirada de um circo, não deveria estar ali e sim num programa de reprodução assistida.
Tudo isso levou à retirada dos animais do parque, a partir de agosto de 2007. Eles foram transferidos para locais indicados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama).
Hoje o parque tem como atração os pedalinhos, jardim japonês e uma lanchonete. “A gestão atual está focada em trazer eventos. Tivemos a ‘Passaringá’, ‘Noite dos Morcegos’, nas férias teve caça ao tesouro para crianças, entre outras atividades”, afirma o gerente de áreas de preservação ambiental, Adeilson Renato Silva.
Fotos: Arquivo/PMM