Saiba como está Amora, a cachorrinha que virou mascote e ‘guardiã’ do Parque do Japão de Maringá


Por Rafael Bereta

Há alguns anos, uma cachorrinha se tornou o xodó de um dos principais pontos turísticos de Maringá. Amora, uma vira-lata de 6 anos, além de conquistar o coração de funcionários e visitantes do Parque do Japão, também resolveu um problema que gerava constantes transtornos: os ataques de lontras, que na época foram apelidadas de “lontras assassinas” no famoso cartão-postal da cidade.

Amora em ação. Ela protege as carpas do ataque de lontras no Parque do Japão de Maringá .Foto: Arquivo GMC Online/ Ricardo Freitas

Amora chegou ao parque 2020. Ao GMC Online, o administrador do parque, Luiz Uema, explicou que Amora foi adotada com uma missão especial: espantar as lontras que, à noite, invadiam o parque para devorar dezenas de carpas dos lagos. Segundo ele, os ataques causavam um grande prejuízo e eram uma verdadeira “dor de cabeça”, pois as carpas precisavam ser constantemente repostas.

“A Amora está com conosco já faz um tempo. Eu precisava de um cachorro para tentar assustar pelo menos as lontras que apareciam no parque, então fui a uma feira de adoção. Quando eu cheguei nesse local, eu vi vários cachorros, e a Amora estava no fundo da casa, quando me viu, escapou de estava e foi ao meu encontro. Eu falei, essa aqui que eu vou levar. Acho que era que me escolheu, né? Eu escolhi ela”, diz.

As carpas do parque

Luiz não sabe precisar quantas carpas foram devoradas pelas lontras no parque, mas afirma que foram centenas, já que os ataques ocorriam todas as noites, durante dois anos. Ele ainda falou sobre dificuldade de repor esse tipo de peixe. De acordo com ele, após a chegada da mascote, as lontras nunca mais apareceram.

“Essas carpas são ornamentais e são uma das atrações do parque. Carpas destes tamanhos são caras e difíceis de encontrar para comprar. Então, temos que preservar ao máximo esse tipo de peixe, não dá para bobear, sem a Amora, não sei o que íamos fazer. As lontras apareciam porque elas sentiam o cheiro das carpas, que é um dos alimentos dela. Com a mascote Amora a realidade era espantar, não maltratar, mas afastar as lontras daqui. E ela fez o trabalho dela, conseguiu espantar todas as lontras do parque. Depois de feito o trabalho, eu disse: ‘Agora vamos continuar com ela, porque ela já faz parte do parque’ e está conosco desde então”, afirma.

Amora, a cachorrinha que cativou os funcionários

A atuação precisa de Amora e seu jeito carinhoso cativou os funcionários do parque que cuidam da cachorrinha com muito amor.

Amora com as amigas Terezinha e Silvana. Foto: Ricardo Freitas/Arquivo GMC Online

“De fato, ela vive na entrada, recebendo as pessoas de forma bem tranquila e doce. Muitas crianças que moram nos arredores, em apartamentos, vêm aqui para brincar com ela. No entanto, ela é muito doce e tranquila. Durante o dia, fica calma, mas à noite faz o trabalho de cuidar do lugar. Mesmo assim, permanece tranquila durante o dia”, comenta Luis.

Luiz Uema, administrador do Parque do Japão. Foto: Ricardo Freitas/Arquivo GMC Online
Amora. Foto: Ricardo Freitas/Arquivo GMC Online

De onde vem as lontras no Parque do Japão?

Câmeras de segurança registraram a chegada de lontras no Parque na época de ataques às carpas. Foto: Sistema de Segurança

Ao GMC Online, o biólogo e diretor de Biodiversidade do Instituto Ambiental de Maringá (IAM), Matheus Buzo, explica que os rios e os corpos hídricos são o local de vida das lontras. De um modo geral, elas viviam aqui antes da urbanização. Com o crescimento da cidade, acabou sendo restringindo o espaço delas, mas elas ainda existem, são animais que continuam vivendo nos corpos hídricos.

“Geralmente, as lontras são animais que não vemos com muita frequência, até por conta dos horários de atividade delas, que costumam ser no amanhecer e no entardecer, durante a noite e no início do dia. Por isso, não é comum as pessoas as verem, mas temos registros de lontras em nossa cidade. Por isso, elas podem ficar fixas em um local ou apenas transitar. O Parque do Japão é um lugar que atrai as lontras porque é um lago com muitos peixes, que são o principal alimento delas. Para elas, é como se fosse um banquete. Além disso, o parque também tem muitas aves, o que as atrai”, ressalta o biólogo.

Matheus ainda comenta que as lontras ainda estão próximas ao Parque do Japão, mas podem ter diminuído sua presença por causa da cachorrinha que circula por lá.

“Elas entraram pelo córrego e saíram em busca de um local onde não tenham animais que as atrapalhem. Quanto à natureza delas, as lontras não costumam ser agressivas, mas podem reagir se se sentirem ameaçadas, especialmente se estiverem com filhotes. Por isso, não devemos nos aproximar delas, mesmo que pareçam fofas e inofensivas”, pontua.

Parque do Japão

Parque do Japão. Foto: Ricardo Freitas/Arquivo GMC Online

O Parque do Japão ocupa uma área de 100 mil metros quadrados de muito verde e caminhos para passeio. Foi inaugurado em 2006, com a finalidade de homenagear a imigração japonesa em Maringá. É possível conhecer o local e a Amora de terça à domingo, das 8 h às 18h. A entrada é gratuita.

Amora cuidando dos lagos. Foto: Ricardo Freitas/Arquivo GMC Online
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