O planeta precisa preservar recursos naturais. Os sebos e brechós ajudam nesta tarefa. É a economia circular, que só cresce. Os fornecedores destas lojas são consumidores que não querem mais o livro, o CD, a roupa, o calçado, entre outros objetos.
Mas estas peças ainda têm valor para outros consumidores engajados na questão ambiental ou que apreciam roupas antigas, livros raros… com muita história e também com preços mais acessíveis. Isabela Nascimento explica como é a aquisição das peças que estão à venda no brechó de roupas e calçados.
“Temos um estoque muito grande de peças. Usamos uma curadoria, que a pessoa traz a peça, avaliamos, para ver se tem a ver com nossa loja, com o estilo que adicionamos aqui. E fazemos uma avaliação e compramos as peças para expor. Temos muitas peças CGC, que seriam peças que têm mais de 20 anos, que é um tecido que já não fabrica mais. Então, podemos encontrar no brechó peças muito diferentes, assim, peças únicas. Todas têm história também por trás, principalmente as que têm mais de 20 anos, não é? Que já passaram por bastante gente”, explica.
No sebo de livros e cds, o estoque cresce a cada dia. E a vendas também. Anderson Munin está sempre garimpando no sebo. “Livros de história, religião, política, geopolítica, geografia, sociologia. Para nós é uma bagagem cultural sem sair do país, o que se adquire, já que não podemos viajar para outros países, conhecer. Viaja-se pelos livros.
Sebo de Maringá
A família de Isabela Tozaki é proprietária de um sebo. Ela passeia pelos corredores da loja desde que era criança. São milhares de unidades. “Aqui vendemos livros, revistas, CDs, DVDs, LPs, disco de vinil, temos jogos para computador, jogos de tabuleiro, de tudo um pouco. Nós compramos e trocamos, além de vender. Todos os dias chegam pessoas aqui com material para avaliar. O valor sempre é melhor para a troca. Então, o público gosta mais de trocar do que vender. Mas há muitas pessoas que querem apenas se desfazer e acabam vendendo. Considerando nosso estoque, que não está na área de venda, temos cerca de 55 mil livros”, diz.
O sebo guarda a sete chaves uma raridade que foi comprada há muitos anos e não está à venda: um livro de Machado de Assis com erro de impressão que foi corrigido à mão pelo próprio autor. “Não está exposto, está guardado, é nosso. É um livro que o Machado de Assis lançou uma vez, muito antigo já, e a gráfica errou uma palavra. Então existiam algumas edições que estavam corretas, que ele chegou a corrigir e a gráfica corrigiu. Há algumas edições que estão erradas, que não foram corrigidas, e há algumas que ele mesmo tomou, riscou a palavra e corrigiu. E temos uma dessa edição. A palavra é muito engraçada. A palavra é segara. E trocaram o E pelo A. Então é muito peculiar. E temos um exemplo corrigido à mão por Machado de Assis”, afirma.
O livro não está à venda, mas outras raridades podem ser garimpadas em sebos e brechós, no eterno circular da economia.