O maringaense Adriano Martins trabalha como decorador de eventos, mas sempre que pode, vai para a fazenda da família em Santa Isabel do Ivaí (a 164 quilômetros). Em uma dessas idas ao campo, para vacinar o gado, já na saída, viu que havia ovos novos no galinheiro. Apanhou três deles e foi para casa, em Maringá. Os ovos caipiras foram para a geladeira, com a expectativa que virassem uma gemada pela manhã. Mas os planos não saíram como o esperado.
Naquele mesmo dia, Adriano abriu a geladeira para pegar água e ouviu um som estranho. “Piu, piu, piu, piu, piu”. “Acho que tem um passarinho preso dentro de casa”, disse à família. Procuraram pelo passarinho perdido, mas não encontraram nada. Desistiram, achando que o som ouvido tinha sido apenas uma impressão. Mas ao abrir novamente a geladeira, Adriano ouviu o barulho de novo, dessa vez, junto da filha. “Que ovos são esses?”, perguntou a filha, apanhando um deles. “Ela chacoalhou perto da orelha e ouviu o piu, piu, piu”.
Os ovos que virariam refeição estavam galados. Para proteger os animais e ajudá-los a nascer, a família colocou os três ovinhos em um pote plástico e os colocaram em cima do modem da internet. “Lá é quente, vamos chocar esses ovos aqui”, disse para a esposa e a filha. Deixaram o pote coberto e, no outro dia, encontraram os pintinhos nascidos.
Dos três, dois sobreviveram e agora, nem pensar em transformá-los em comida. As galinhas caipiras viraram pets e cresceram tanto que não cabiam mais na casa. Os animais foram levados para a casa de outra filha de Adriano, que tem um quintal maior. “Virou de estimação. Só não vão passear na rua porque não dá para por uma coleirinha, senão iam”, se diverte. Os irmãos se chamam “piu” e “piu piu”.
O “problema” é que as galinhas caipiras viraram “bicho da cidade” sem referência de como seria a vida no campo. “A gente teve que ensinar elas a comer porque não tem galinha para ensinar a ficar ciscando. Colocamos a quirerinha em um pote e ficamos batendo com o dedo para mostrar que é comida, para elas fazerem igual e começarem a comer”, explica. Os frutos dos ovos que não viraram comida agora acumulam o carinho da família inteira.