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20 de abril de 2024

Tatuadores se destacam trabalhando o realismo e conquistam mercado


Por Monique Manganaro Publicado 25/10/2019 às 12h55 Atualizado 24/02/2023 às 15h27
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As histórias de uma paixão em comum podem até se confundir em alguns momentos. Um mesmo mundo, com tantas possibilidades, mescla detalhes de duas vidas completamente diferentes, mas que, com o passar dos anos, chegaram ao mesmo ponto: o amor pela tatuagem e por tatuar.

As coincidências marcam as trajetórias de dois tatuadores que, atualmente, moram e trabalham em Maringá. Alexandre Veríssimo e Caio Gafanhoto trazem consigo a paixão pelos desenhos na pele desde muito cedo e, hoje, trabalham com um mesmo estilo, o realismo.

Para os dois, a paixão pela tatuagem, mesmo ainda crianças, já exista antes de conhecerem as técnicas de um tatuador e os bastidores da vida de um profissional da área.

Veríssimo relembra que, ainda na década de 80, via amigos mais velhos já tatuados e se impressionava. O primeiro contato com esse mundo, efetivamente, aconteceu quando ele conheceu o primeiro tatuador.

“Quando eu entrei no quarto, ele estava fazendo um dragão no braço de um rapaz. Comecei a olhar o álbum de desenhos dele e o que me chamou a atenção foi que todos os desenhos ele tinha criado. Tudo autoral. Naquela época, não tinha a facilidade que tem hoje, com internet, e cada tatuador tinha que criar a sua própria série de desenhos para poder vender o trabalho”, detalha.

Assim como Veríssimo, Gafanhoto tinha uma paixão: o desenho. Também por intermédio de amigos, visitou o primeiro estúdio de tatuagem.

“O meu primeiro encontro com tatuagens, diferentemente da maioria, foi com intenções de me tornar um tatuador. Eu nem conhecia uma máquina, mas tinha um ‘diabinho’ no meu ouvido me chamando pra tattoo! Eu trabalhava com telemarketing e odiava, mas como havia decorado o script, desenhava enquanto atendia os clientes. Um dia, um amigo curtiu meus desenhos e me chamou para acompanhá-lo na sua sessão de tattoo… Quando cheguei e conheci o pessoal, senti o clima da loja, não deu outra: um mês depois já tinha abandonado tudo e ingressei num curso naquele mesmo estúdio”, lembra Gafanhoto.

Anos mais tarde, Veríssimo, depois de passar pelas artes plásticas – que, para ele, serviram como base para aperfeiçoar técnicas -, decidiu ingressar definitivamente no mundo da tatuagem.

Enfrentou os preconceitos com a profissão e o crescimento expressivo no número de pessoas com Aids, o que, segundo ele, derrubou drasticamente a procura pelos estúdios e fez muitos tatuadores abandonarem a profissão.

No início dos anos 2000, montou um estúdio, com muita dificuldade e a partir da ajuda de um amigo. Ele relembra que, sem clientes no início, chegava a dormir no chão do estúdio e, nas primeiras vezes, aceitava tatuar até durante a madrugada.

Na trajetória de Gafanhoto, o desenvolvimento na profissão também envolveu obstáculos, mas, hoje, fazendo um balanço da carreira, o tatuador coleciona memórias e bons momentos.

“Já faz 13 anos e eu posso dizer que o prazer é maior a cada dia. Eu gosto do desafio de cada dia, gosto da mudança da rotina, existe uma poesia quando você ajuda uma pessoa a se expressar. Às vezes, a pessoa não sabe bem o que quer, não consegue nem descrever. Aí, você cria uma arte, quase lendo a mente da pessoa. Quando essa pessoa pira na arte que você criou, é um prazer imenso. Paga todos os fins de semana estudando, todas as dificuldades que enfrentamos no país, toda a dor nas costas”, brinca. 

Para Veríssimo, o foco nos estudos e no desenvolvimento perfeito de técnicas o levou a lugares jamais imaginados. De acordo com ele, foi a determinação em desenvolver um bom trabalho que o tornou reconhecido nacional e internacionalmente. Atualmente, o tatuador soma mais de 20 prêmios da área.

“Hoje, a nível de detalhamento na tatuagem, eu estou em primeiro lugar. No ranking de realismo, eu estou entre os três melhores do Brasil. Isso é muito gratificante”, comenta.

O realismo

Entre as semelhanças reconhecidas no trabalho de Alexandre Veríssimo e Caio Gafanhoto está a técnica trabalhada: o realismo. No entanto, o estilo tão procurado por muitos atualmente, já foi extremamente mal visto, segundo Gafanhoto. “Quando eu comecei, havia muito papo de que ‘tatuagem realista não durava’, ou ‘que não dava pra fazer’. Hoje, eu vejo que na maioria dos casos era falta de materiais e equipamentos adequados, ou falta de estudo do tatuador”, considera.

O realismo, como o próprio nome sugere, é uma técnica em que o tatuador reproduz a cena de uma foto na pele. Para Gafanhoto, os desafios de retratar com fidelidade o rosto de uma pessoa, um objeto ou uma paisagem são os pontos mais complicados.

“Quando falamos de fisionomia, por exemplo, estamos falando de anos de evolução. Você reconheceria o rosto da sua mãe dentre bilhões de pessoas. Aliás, você a reconheceria mesmo se ela fosse gêmea. Ou seja, temos que reconhecer e reproduzir o máximo de pequenos detalhes da fisionomia: um olho mais baixo que o outro, uma pinta, uma maçã do rosto mais ou menos proeminente. Qualquer falha pode acabar com o rosto e tattoo não tem borracha”, brinca.

Atualmente, os dois profissionais atendem em estúdios no centro de Maringá. 

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