Desde criança, Ineidson Perereira da Silva Junior, de 32 anos, natural de Porangatu, em Goiás, tinha o desejo de ser policial. Ele é de uma família de policiais, então já cresceu no meio e sempre teve o apoio da família para conquistar o sonho, principalmente do pai e da mãe. Quando atingiu a idade para ingressar no mlitarismo começou a fazer concursos Brasil afora. “Tentei no estado do Pará, Tocantins, em Goiás, Santa Catarina e por fim no Paraná, onde consegui a aprovação”, conta ao GMC Online. Recentemente, Ineidson realizou o maior sonho: entrar para o BOPE – veja abaixo.
Antes de entrar para a polícia, Ineidson trabalhava meio período como auxiliar financeiro e em meio período cursava faculdade de educação física. “Terminei a faculdade em janeiro de 2014 e após formado comecei como professor de educação física”, conta.
Até que depois de vários concursos, no dia 22 de fevereiro de 2016 ele ingressou no curso de soldados do 5º BPM em Londrina. “No começo não foi nada fácil, pois eu vinha de outro estado e não conhecia nada e nem ninguém no Paraná. Vim para cá literalmente com a cara e a coragem e com muita fé em Deus que eu seria abençoado aqui”, relata.
O curso de formação de soldados durou onze meses. Foi finalizado em janeiro de 2017 e logo após o encerramento Ineidson foi transferido para o 18ºBPM, em Cornélio Procópio. “Servi aquele batalhão por cerca de quatro meses, e por fim, em maio de 2017 fui transferido para a 7°CIPM, em Arapongas, onde estou até hoje. Quando cheguei aqui desempenhei a função de rádio patrulha até janeiro de 2021 e após esse período fui para a Rotam. Durante esse período de Rotam pude me aperfeiçor bastante técnicamente”, conta.
O sonho de entrar para o Bope
Na última segunda-feira, 25, Ineidson concluiu o sonho que acredita ser o sonho da maioria dos policiais militares: se formou como policial da tropa de elite da PM. Ele concluiu 18º Curso de Operações Especiais (COEsp) – Turma 2023. O curso, promovido pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE), prepara policiais para emprego de tropas em cenários hostis.
De um curso iniciado com 43 alunos apenas nove se formaram e Ineidson conquistou o 7º lugar. Ele conta que a preparação para o Bope teve início ainda no curso de formação de soldados, aquele que Ineison finalizou em 2017, pois havia um policial que fazia parte da coordenação do curso que estava treinando para o Coesp. “Comecei a perguntar a ele como era Coesp, o que acontecia quando terminava. Ele foi fazer o Coesp e concluiu e a partir daí eu sempre conversava com ele para saber mais sobre”, conta.
Em 2021, Ineidson fez sua primeira tentativa de entrar para o Bope. Passou em algumas etapas e no dia 9 de agosto daquele mesmo ano iniciou o curso. “Infelizmente não era minha hora de me tornar um caveira e desisti do curso com 17 dias. Da minha saída em diante comecei a treinar mais forte, com mais intensidade, e no dia 19 de junho deste ano retornei ao curso novamente. Desta vez estava mais preparado fisicamente e mentalmente e durante longos 94 dias permaneci no curso, até o final, e no dia 19 de setembro (último dia do curso), de fato me tornei um caveira da Polícia Militar do Paraná”, relata.
“É um curso muito intenso na questão física, técnica, tática e principalmente psicológico.
Os treinos são árduos. A rotina é bem pesada. Testa todas suas habilidades que adquiriu ao longo de sua carreira militar e principalmente a resiliência”, destaca.
A espera pela nova rotina como policial do Bope
Com a aprovação no curso, Ineidson se prepara agora para mudar para Curitiba, para onde será transferido para o Bope, Batalhão de Operações Especiais.
Para ele, a sensação é de alívio e dever cumprido. “De uma felicidade sem fim, uma sensação de que só quem concluiu o Coesp sabe”.
Questionado se sente medo da nova fase, já que irá integrar um grupo de policiais que atuam em cenários extremos, ele garante que não. “Sou muito crente em Deus, acredito muito no propósito do senhor, então nesse sentimento de medo não penso muito”, diz.
A expectativa agora é para saber como será a rotina como policial do Bppe. “Vou me apresentar na próxima semana. Mas creio qu será de bastante aprendizado e conhecimento de novas técnicas e táticas polícias”.
Casado há nove anos e pai de uma menina de 8 anos e de um menino de 3, ele diz que o plano para o futuro é aproveitar cada segundo com a família. “Viajar, curtir a vida e profissionalmente procurar evoluir sempre que possível”.
Sobre o curso do Bope
A Polícia Militar do Paraná (PMPR) formou nove militares no 18º Curso de Operações Especiais (COEsp) – Turma 2023. O curso, promovido pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE), prepara policiais para emprego de tropas em cenários hostis.
O curso teve início com um grupo de 43 alunos e contou também com a participação de três policiais vindos de outras instituições, incluindo um capitão da Brigada Militar do Rio Grande do Sul (BMRS) e dois oficiais do Grupo Especial de Segurança da Polícia de Mendoza, na Argentina.
Durante a formação, os alunos passaram por mais de 900 horas/aulas, distribuídas em 32 disciplinas, abrangendo temas que vão desde o gerenciamento de crises até ações táticas em ambientes verticais, aquáticos e até mesmo o montanhismo, mergulho e paraquedismo. Para a conclusão do curso, foi exigido um aproveitamento mínimo de 70% em todas as disciplinas.
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, ressaltou a importância da formação, destacando as habilidades técnicas ensinadas. “Espero que esses alunos sejam multiplicadores dos conhecimentos adquiridos ao longo dos últimos meses e que tenhamos uma tropa cada vez mais preparada para os desafios diários”, disse.
“Nesse período, eles foram submetidos a uma rotina de privações, mas de intensa qualificação profissional, aprendendo técnicas de policiamento operacional de alto rendimento”, ressaltou o comandante-geral da PMPR, coronel Jefferson Silva.
Dos nove formados, são seis paranaenses e os três de fora. Os três primeiros colocados foram, nessa ordem, o 1º tenente Gabriel Chaves, o 1º tenente Jonas da Silva do Amaral e o 1º tenente Natanael Smozinski, todos do Paraná.
Eles receberam homenagens, entregues pelo comandante do BOPE, major Felipe Serbena, e o subcomandante da unidade, capitão Paulo Alexandre. O primeiro lugar ainda recebeu a “Faca Primus Inter Pares” das mãos do secretário. Todos os formados receberam seu número pessoal gravado em uma faca, remontando à tradição das Fairbairn Sykes utilizadas pelos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial.
