Turismo de experiência promove resgate às raízes do café na região


Por Brenda Caramaschi
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Produtores de café têm lucrado ao abrir as porteiras das propriedades aos turistas/ Foto: Brenda Caramaschi

A cultura do café teve suma importância para o povoamento do norte pioneiro devido às várias fazendas de café que foram surgindo na região, oriundas dos cafeicultores paulistas, tendo em vista que o estado do Paraná oferecia condições favoráveis para a aquisição de terras aos imigrantes, a ponto de liderar a colheita nacional do produto nos anos 60. Mas a Geada Negra de 1975, que devastou as plantações de café de todo o Estado, levou milhares de agricultores a deixarem a cultura. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área colhida de café no Estado caiu de 942 mil hectares para 3 mil hectares logo após a geada.

Com o passar dos anos, a relação do Estado com a cafeicultura mudou. O Paraná passou a ser reconhecido não pela quantidade da produção, mas pela qualidade do seu café, que figura entre os melhores do Brasil. O produto tem características únicas, o que o torna bastante apreciado pelos conhecedores, com mais doçura e menos acidez. 

Hoje o Paraná é o sexto maior produtor nacional e a cafeicultura paranaense é composta por aproximadamente 8 mil produtores rurais, sendo que 85% deles exploram a atividade em regime de agricultura familiar. A produção de café especial, com todos os cuidados que ela requer, acabou se tornando uma forma destas famílias agregarem valor ao produto. A produção está hoje concentrada nas regiões do norte pioneiro, norte novo, centro-norte e noroeste do estado

As raízes das regiões paranaenses têm sido resgatadas em eventos como o CaFéON, realizado neste sábado, 24, e domingo, 25, na Represa Sendeski, em Iguaraçu, próximo a Maringá. Arno Ravache, chefe do Núcleo Regional de Turismo pela Secretaria Estadual de Turismo fala sobre como o resgate dessas raízes e o turismo rural têm influenciado na região noroeste e em todo o Paraná e sobre a importância de eventos como este para o fomento da movimentação econômica por meio do turismo. “A gente consegue agregar pessoas de diversas regiões visitando o município, os empreendimentos, conhecendo as empresas e os produtores de café. Estamos diante de um marco que traz essa revolução nos eventos e resgata a história do café na nossa região”, afirma.

O turismo de experiência tem sido outro diferencial nas propriedades rurais. Com cafés premiados e que são reconhecidos por apreciadores da bebida, a Rota do Café virou um negócio lucrativo para produtores da região. Isso faz com que eles recebam muitos turistas, atraídos para conhecer todo o processo, desde o plantio até a hora de servir. A ideia é propiciar uma vivência para que o consumidor entenda todo o processo de produção. Maria Aparecida Maciel é presidente da Amucafé, a Associação de Mulheres do Café no Norte Pioneiro do Paraná, e trabalha com o cultivo desde os 13 anos na propriedade da família. Ela conta que, além da venda das grãos, muitas vezes premiados, as produtoras também tem lucrado ao abrir as porteiras das propriedades aos turistas. “A gente tem produtoras que recebem aquela pessoa que quer conhecer o dia a dia na propriedade e ver qual o processo do café, com um dia de prova que inclui café da manhã, almoço e jantar. Dá até para dormir lá”. 

Maria Aparecida Maciel é presidente da Amucafé, a Associação de Mulheres do Café no Norte Pioneiro do Paraná, e trabalha com o cultivo desde os 13 anos na propriedade da família./ Foto: Brenda Caramaschi

O projeto Mulheres do Café, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), inclusive é outro diferencial da região. O órgão reúne 250 famílias para incentivar o protagonismo feminino na produção familiar. O projeto foi criado em 2019 e conta com um trabalho multidisciplinar para orientar as produtoras a se envolver nos processos produtivos, a desenvolver técnicas de cultivo e a liderar a comercialização da colheita. 

As mulheres hoje ocupam um papel de protagonismo e liderança nesta atividade, gerando mais renda para a família. Mais da metade das inscrições nos prêmios regionais de café são feitas por produtoras mulheres, segundo o IDR-PR.

“A gente está conseguindo atender demandas das produtoras como terreiros, máquinas de colher café,e é só o começo. Temos produtoras campeãs de café que não têm um terreiro para fazer a secagem, secam em lonas no sol”, conta a presidente da Amucafé.

Para ela, eventos como o CaFéON ajudam a abrir portas e ampliar oportunidades de negócios, auxiliando as produtoras locais a vencer os obstáculos que ainda encontram. “Abre muitos caminhos para as produtoras”, finaliza.  

A programação completa do evento está disponível em www.cafeonmovimento.com.br

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