UEM estuda uso de composto na própolis para tratamento de câncer de mama
O câncer de mama é o tipo mais comum da doença entre as mulheres em todo o mundo e, por isso, é considerado um grave problema de saúde pública, o que tem levado à busca de novas estratégias de tratamento. Entre as estratégias na busca de possíveis opções terapêuticas, um projeto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), apoiado pelo Programa de Pesquisa Universal (Básica e Aplicada) da Fundação Araucária, estuda o uso de um composto de origem natural encontrado na própolis brasileira para o tratamento desse tipo de câncer.
O própolis é uma substância produzida pelas abelhas a partir da seiva das árvores, que é combinada com a cera e a saliva das abelhas, resultando em um produto marrom pegajoso que serve como revestimento e proteção da colmeia. O composto avaliado é o artepillin C, isolado em laboratório, já analisado em outras pesquisas que mostraram atividade anticâncer em linhagens celulares de câncer de próstata, fígado, cólon, pulmão, renal, oral, cervical, gástrico e na leucemia, com resultados promissores. Vânia Ramos Sela da Silva, coordenadora do projeto e professora do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina da UEM, explica os detalhes sobre a investigação, que começou em 2022. “Nós avaliamos em células de câncer de mama utilizando o modelo de cultura celular 3D e temos resultados promissores. Já testamos em câncer de mama utilizando o modelo tradicional de cultura celular, que é o modelo bidimensional. Esse composto tem uma ação antioxidante, antiinflamatória, e já vem sendo testado em outros tipos de câncer com resultados in vitro, de pesquisa básica, que mostraram um possível efeito antitumoral. O mecanismo de ação desse composto é o que nós estamos buscando descobrir”, relata.
O laboratório da UEM já trabalha com pesquisas relacionadas a câncer de mama e de colo de útero. “As terapias que são utilizadas hoje, muitas vezes, podem ser limitadas, porque as mulheres podem apresentar efeitos colaterais, muitas apresentam resistência ao tratamento… Daí surgiu o nosso interesse em tentar buscar novas opções que possam auxiliar nesse tratamento”, relata a pesquisadora. Ela destaca que outras substâncias naturais e seus derivados são utilizados atualmente como agentes quimioterápicos. Além disso, alguns compostos naturais podem ajudar no tratamento de quimioterapia e radioterapia limitando os efeitos mais severos da terapia anticancerígena.
No entanto, apesar do avanço na pesquisa com bons resultados, para ser usado efetivamente no tratamento para o câncer, esse composto da própolis precisa passar por estudos clínicos, enfatiza a pesquisadora. “Após os estudos in vitru são necessários estudos in vivo, utilizando, por exemplo, estudos em animais, e aí os ensaios clínicos, onde realmente vamos avaliar como esse composto se comportaria no organismo, bem como sua toxicidade, ou se ele só traria benefícios. Hoje o que a nossa pesquisa mostra é que o artepillin C pode ser um futuro candidato promissor a futuros ensaios clínicos”, finaliza a professora.