‘Vovó viajante’ de Maringá perde R$ 27 mil após ser vítima de estelionato: ‘Era a reserva que eu tinha’
A viajante maringaense Roseli Jardim, de 67 anos, foi vítima de um golpe envolvendo a prova de vida do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O prejuízo foi de mais de R$ 27 mil, retirados diretamente de sua conta bancária via Pix.
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Ao GMC Online, Roseli diz ter recebido uma ligação por Whatsapp de uma suposta servidora do INSS, que utilizava um número de Brasília, minutos após ela realizar a prova de vida pelo aplicativo Meu INSS. A servidora teria pedido a confirmação de informações bancárias da maringaense. Em seguida, Roseli recebeu um aviso do aplicativo da Caixa Econômica, que informava a transferência de um Pix de R$ 27.777,00.
“Me deixaram uns 400 reais só na conta. Era todo o dinheiro que eu tinha”, lamentou Roseli.

“Eu entrei no aplicativo do Meu INSS, pelo celular, pra fazer prova de vida, porque eu não fiz esse ano. Fiz normal. Daí uns 10 minutinhos, mais ou menos, uma moça me ligou, se identificando como do INSS, dizendo que eu não tinha respondido a pergunta de onde eu receberia o meu benefício, se ia continuar da mesma forma. Eu não vi pergunta. Eu falei pra deixar no mesmo local. Aí ela só confirmou, só falou ‘então você vai continuar recebendo na Caixa Econômica’, agência e número da agência, que é de Maringá, número da conta, que nem eu sei falar ele inteiro. Eu confirmei. Ela me agradeceu e desligou. Demorou uns 20 minutos, meia hora, eu recebi um alerta no celular que disse que um Pix foi realizado com sucesso, pra um tal de Fabrício, que eu não tenho a menor noção quem seja e nem de onde seja. Limparam a minha conta. Agora eu estou aqui meia passada sem saber o que aconteceu”, relatou a maringaense.
Nesta terça-feira, 26, a viajante registrou Boletim de Ocorrência (BO) da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Gramado, que registrou o caso como estelionato e fraude eletrônica. Roseli está em um camping na cidade gaúcha há cerca de um mês. Ela retornou ao Brasil após rodar três países da América do Sul nos últimos três anos – tudo isso a bordo de um carro pequeno e sozinha. Todas as viagens eram bancadas apenas com a aposentadoria que recebe.
“[Na delegacia] eles falaram para mim que é comum, que acontece bastante. Na Caixa Econômica também, falaram que acontece isso de um jeito ou de outro todos os dias. Principalmente pelo Pix, está se tornando bem comum. Eles me pediram dez dias para dar uma resposta. Mas eles falaram que provavelmente eu perdi o dinheiro”.
Golpe aconteceu por ligação telefônica
A aposentada disse que não recebeu nenhum link, mensagem por Whatsapp ou SMS, e que realizou, com sucesso, o processo de prova de vida pelo aplicativo oficial do INSS.

Para o delegado Fernando Gaberlini, da Delegacia de Estelionato da Polícia Civil de Maringá, é possível que Roseli tenha fornecido alguma outra informação sem ter percebido. O delegado destacou que o INSS não realiza ligação para beneficiários, em nenhuma hipótese.
“Essa situação específica pra mim é um negócio novo, eu acho que aconteceu alguma coisa que ela não percebeu. Provavelmente ela passou alguma informação que não podia. A partir daí eles acessaram a conta dela de forma remota, habilitaram a conta em algum outro telefone e fizeram a transferência”, disse Gaberlini.
“A orientação é sempre fazer qualquer confirmação por canais oficiais, no caso, pela conta gov.br, pelo Meu INSS. O problema é atender uma ligação de alguém dizendo que é do INSS, porque o INSS de forma alguma liga pra qualquer pessoa, nem mesmo para confirmar dados. Então a orientação é sempre fazer pelos canais oficiais e jamais passar qualquer informação via telefone, porque não é um canal oficial”, complementou.
Reserva seria para uma volta a Maringá
O dinheiro perdido por Roseli representava toda a sua reserva financeira, que seria utilizada quando voltasse para Maringá. Em 2022, a aposentada decidiu partir em viagem pelo Brasil e pelo exterior, sem roteiro algum, somente a bordo de um carro, como contou o GMC Online. Roseli se desfez de sua casa e de boa parte dos seus bens para realizar o sonho de se tornar uma viajante.

Mesmo assim, a maringaense tem ciência que pode ficar impossibilitada de seguir na estrada mais cedo ou mais tarde, por conta da idade. Quando essa hora chegasse, Roseli voltaria para sua cidade natal.
“Era a reserva que eu tinha. Economizando e vendendo meus crochês, com a minha aposentadoria, para poder ir vivendo. E quando eu voltasse para Maringá, eu teria como montar de novo minha casa. Estou com 67 anos. De repente, eu não posso viajar mais, tenho algum problema. A gente não é mais menina, né? Eu ia juntando de pouquinho em pouquinho porque minha aposentadoria não é grande. Era o dinheiro que eu poderia montar minha casa, comprar umas coisinhas para eu morar de novo ou trocar meu carro. Eu também estava querendo trocar meu carro para um carrinho mais espaçoso, que fosse usado”, contou.
Com cerca de R$ 400 na conta, Roseli aguarda algum desdobramento do caso e o recebimento do benefício da aposentadoria. Enquanto isso, ela seguirá em Gramado.
“Eu espero novamente cair a minha aposentadoria, meu benefício. Não sei se eu preciso voltar para Maringá, não sei. Por enquanto, eu vou dar um tempinho, ficar quietinha aqui, porque eu não sei o que fazer. Não vou decidir nada rápido. Aqui eu estou em um camping e, de uma certa forma, estou aqui”, disse, sem muitas expectativas.

INSS faz alertas de outros tipos de golpe
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também alerta para casos de falsos servidores que vão presencialmente às casas de beneficiários utilizando um crachá da instituição, assim como ao envio de SMS informando sobre pendências na prova de vida.
“O INSS esclarece que não há prova de vida em andamento e que não direciona servidores para colher dados e fotos dos segurados ou beneficiários de auxílios pagos pela autarquia. Esse tipo de pesquisa ocorre somente nos casos de comprovação de vínculo, endereço e irregularidades, por exemplo. No entanto, os servidores não pedem cópia de documentos e nem fotografia. O servidor apenas faz o reconhecimento conferindo o documento de identificação com foto. Em caso de dúvida, o beneficiário deve pegar nome completo e matrícula do suposto servidor e ligar gratuitamente para a Central de Atendimento 135 para confirmar se a pessoa é realmente do INSS”.
Como orientação, o INSS listou as principais dúvidas sobre prova de vida e algumas dicas para você não cair em golpes na internet ou pelo telefone. A principal é: fique alerta e tenha cuidado com pessoas que entram em contato com você inesperadamente por e-mail ou telefone e pedem informações pessoais. Confira neste link.
Como baixar o app Meu INSS
O aplicativo Meu INSS está disponível para Android e iOS. Além do telefone 135 e do site, ele é um meio para os cidadãos consultarem seus benefícios do INSS sem a necessidade de deslocamento para uma das agências.
- Ao baixar o aplicativo no celular, o beneficiário precisa aceitar os termos de uso;
- Em seguida, deve “entrar com gov.br”, preenchendo com CPF e senha cadastrados na conta oficial do governo. Se você não tem conta gov.br;
- Por fim, é só clicar em “autorizar” para deixar que o aplicativo acesse os seus dados pessoais.
O usuário terá acesso a todos os serviços disponíveis e ao histórico das informações do beneficiário.
