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18 de dezembro de 2025

Diabetes tipo 5: conheça a nova classificação da doença


Por Agência Estado Publicado 10/04/2025 às 15h57
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A Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu na terça-feira, 8, uma nova classificação para a doença: o diabetes tipo 5. Antes chamado de “diabetes relacionado à desnutrição”, o quadro costuma afetar adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos em países de baixa e média renda.

“O diabetes relacionado à desnutrição foi historicamente muito subdiagnosticado e pouco compreendido”, destaca Meredith Hawkins, diretora fundadora do Instituto Global de Diabetes do Albert Einstein College of Medicine, em comunicado à imprensa. “O reconhecimento desse tipo pela IDF como diabetes tipo 5 é um passo importante para aumentar a conscientização sobre um problema de saúde que é tão devastador para tantas pessoas.”

De acordo com Bianca Pititto, professora do Programa de Pós-graduação em Endocrinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante do Departamento de Epidemiologia, Economia e Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), as causas da doença ainda não são bem conhecidas. “Mas evidências apontam que uma desnutrição proteico-calórica em fases iniciais da vida pode impactar na formação e/ou proliferação de células pancreáticas – que produzem e liberam insulina no sangue”, diz.

“E essa situação pode ser tão precoce quanto a vida intrauterina. Situações de desnutrição ainda na vida intrauterina também podem contribuir para esse quadro de alteração na formação e funcionalidade de órgãos e sistemas”, afirma. Segundo a professora, estudos indicam que pessoas cujas mães enfrentaram escassez de alimentos durante a gestação têm maior risco de desenvolver diabetes ao longo da vida.

O diabetes tipo 2 representa a maior parte dos casos da doença em países em desenvolvimento. Mas, segundo Meredith, cada vez mais jovens estão sendo diagnosticados com diabetes causado pela falta de alimentos. A estimativa é que o diabetes tipo 5 afete de 20 a 25 milhões de pessoas no mundo, principalmente na Ásia e na África. “Os médicos ainda não sabem ao certo como tratar esses pacientes, que muitas vezes não sobrevivem por mais de um ano após o diagnóstico”, afirma.

O quadro foi descrito pela primeira vez há 70 anos, e diversas pesquisas posteriores identificaram uma alta incidência da doença em nações empobrecidas. Em resposta a esses relatos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o diabetes relacionado à desnutrição como uma forma distinta da doença em 1985. No entanto, a OMS retirou essa designação em 1999, devido à falta de estudos de acompanhamento e de evidências que a sustentassem.

No entanto, um estudo publicado em 2022 na revista Diabetes Care, que teve a participação de Meredith, demonstrou que esse tipo de diabetes é fundamentalmente diferente dos tipos 1 e 2. Antes, acreditavam que a doença estivesse ligada à resistência à insulina. “Mas foi descoberto que pessoas com essa forma de diabetes têm um defeito profundo na capacidade de secretar insulina, algo que não havia sido reconhecido antes. Essa descoberta revolucionou a forma como entendemos essa condição e como devemos tratá-la”, explica a diretora no comunicado.

Em janeiro deste ano, Meredith e pesquisadores do Christian Medical College, da Índia, organizaram uma reunião internacional para debater a classificação, o diagnóstico e o tratamento do diabetes relacionado à desnutrição. Especialistas de vários países apresentaram estudos a um painel com líderes da IDF e da Associação Americana de Diabetes, que votaram, por unanimidade, pelo reconhecimento da doença como uma forma distinta de diabetes.

“O diabetes relacionado à desnutrição é mais comum do que a tuberculose e quase tão comum quanto o HIV/AIDS, mas a ausência de um nome oficial dificultou os esforços para diagnosticar os pacientes ou encontrar terapias eficazes”, pontua Meredith. “Tenho esperança de que esse reconhecimento formal como diabetes tipo 5 traga avanços no combate a essa doença há muito negligenciada, que debilita gravemente as pessoas e muitas vezes é fatal.”

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