Drones e cães buscam sobreviventes de tsunami, e mortos superam 420
O número de mortos pelo tsunami ocorrido na noite de sábado (22) na Indonésia subiu para 429, com 1.459 feridos, informou a Agência Nacional de Gestão de Desastres na madrugada desta terça-feira (25). Contudo, de acordo com o órgão, o número de vítimas poderá ser ainda maior já que as buscas ainda continuam em localidades que não receberam assistência.
“O número de vítimas e de feridos continuará aumentando”, afirmou o chefe da agência, Sutopo Purwo Nugroho, que também informou que 128 pessoas estão desaparecidas. A contagem do domingo (23) registrava 222 mortos.
Centenas de edifícios foram danificados pela onda gigante, que atingiu praias do sul da ilha de Sumatra e do extremo oeste de Java às 21h30 (12h30 de Brasília) de sábado. O tsunami foi provocado pela erupção do vulcão que é considerado o “filho” do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, segundo Nugroho.
As equipes de emergência mantêm os trabalhos para procurar sobreviventes entre os escombros. Os especialistas advertem para o risco de novas ondas em consequência da atividade vulcânica.
Entre as vítimas estão três integrantes da banda de música pop Seventeen, que se apresentava na praia de Tanjung Lesung, no extremo oeste da ilha de Java, quando o local foi atingido por uma imensa massa de água que varreu com força o palco e arrastou a estrutura contra o público.
O cantor da banda, Riefian Fajarsyah, publicou um vídeo no Instagram para informar que o baixista (M. Awal Purbani) e o empresário do grupo (Oki Wijaya) tinham morrido na tragédia.
Contudo a banda ainda sofreu mais três baixas, com a confirmação das mortes do guitarrista (Herman Sikumbang), do bateirista (Andi Windu Darmawan) e do técnico que acompanhava o grupo (Ujang). A esposa do vocalista também estava desaparecida.
De acordo com autoridades, o tsunami pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré provocado pela lua cheia, combinado com um deslocamento no fundo do mar após a erupção do Anak Krakatoa (o “filho do Krakatoa”), que forma uma pequena ilha no estreito de Sunda.
“A combinação provocou um tsunami repentino que atingiu a costa”, afirmou Nugroho, destacando que a Agência Geológica da Indonésia ainda trabalha para elucidar o que aconteceu.
As autoridades indonésias chegaram a afirmar, em um primeiro momento, que não havia tsunami, e sim um aumento da maré, e pediram à população que não entrasse em pânico.
“Se houve um erro, lamentamos”, escreveu Nugroho mais tarde no Twitter.
As erupções vulcânicas submarinas, que são relativamente incomuns, podem provocar tsunamis pelo deslocamento repentino de água ou deslizamentos em encostas, de acordo com o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis.
O presidente americano, Donald Trump, lamentou a devastação: “Rezamos por sua recuperação. Os Estados Unidos estão com vocês!”.
A ONU se mostrou disposta a apoiar os esforços do governo, indicou o porta-voz de António Guterres, secretário-geral da organização.
A área mais afetada foi a região de Pandeglang, na província de Banten, em Java, que abrange o Parque Nacional Ujung Kulon e praias populares, segundo a agência.
O presidente indonésio Joko “Jokowi” Widodo, que concorre à reeleição em abril, chegou à área do desastre de helicóptero nesta segunda-feira. Um dia antes, ele ordenara que as agências governamentais respondessem rapidamente ao desastre.
“Minhas profundas condolências às vítimas nas províncias de Banten e Lumpung”, disse no domingo. “Espero que aqueles que ficaram tenham paciência.”
Segundo o Itamaraty, não há, por ora, registro de brasileiros entre as vítimas. Informações sobre parentes sem contato no local podem ser obtidas pelo plantão de emergência da Embaixada em Jacarta (+62 811 800 662).
O Centro Indonésio de Vulcanologia e de Gestão de Riscos Geológicos informou que o Anak Krakatoa mostrava sinais de atividade intensa há uma semana. O vulcão está em erupção desde junho e voltou a fazê-lo cerca de 24 minutos antes do tsunami, informou a agência de geofísica.
Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. Esse desastre matou 36 mil pessoas, lançou tsunamis de longo alcance e coluna de cinzas, pedra e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, transformando o dia em noite na área e provocando uma queda de temperatura global.
A maior parte da ilha afundou em uma cratera vulcânica sob o mar, e a área permaneceu calma até a década de 1920, quando o Anak Krakatau começou a emergir. Um dos 127 vulcões ativos da Indonésia, ele continua a crescer a cada ano e entra em erupção periodicamente.
Gegar Prasetya, co-fundador do Centro de Pesquisas de Tsunami na Indonésia, disse que o tsunami de sábado provavelmente foi causado por um colapso de flanco (quando uma grande parte da encosta de um vulcão desaba). É possível que uma erupção cause um deslizamento de terra acima ou abaixo do oceano, capaz de produzir ondas, disse ele.
“Na verdade, o tsunami não foi realmente grande, tinha apenas 1 metro”, disse Prasetya, que estudou o Krakatoa. “O problema é que as pessoas sempre tendem a construir tudo perto da costa.”
A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Anel de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta.
O país sofre com frequência terremotos violentos, o último tinha ocorrido na cidade de Palu, na ilha Célebes, onde milhares de pessoas morreram vítimas de um tremor, seguido por tsunami.
Em 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de magnitude 9,3 na costa de Sumatra levou à morte de 220 mil pessoas em países do oceano Índico, sendo 168 mil delas na Indonésia, em um dos desastres naturais mais letais da história.