Pesquisa da PwC revela distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho
Uma pesquisa realizada pela empresa PwC revelou a distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho. O estudo, realizado em 33 países e que reuniu dados de 2020 e 2021, revelou que, em função da pandemia, diminuiu a participação de mulheres no mercado de trabalho, disse a diretora da PwC Brasil, Amanda Pinheiro, em entrevista à CBN Maringá.
Atualmente 69% das mulheres estão no mercado de trabalho, contra 80% dos homens. Essa diferença de 11% só será eliminada em 33 anos, de acordo com as previsões. Os números podem melhorar com políticas públicas.
“Essa pesquisa da PwC é uma pesquisa que a PwC realiza anualmente e globalmente, sendo realizada há 10 anos. É uma pesquisa que analisa os dados relacionados ao emprego das mulheres em 33 países da CDE (Confederação de Desenvolvimento Econômico), que são os países que se propõem a desenvolver o bem-estar econômico e social. Foi uma pesquisa baseada em indicadores que refletem a participação das mulheres no mercado de trabalho global e a igualdade no local de trabalho. Esses 5 pilares incluem a diferença salarial entre os gêneros; a taxa de participação da força de trabalho feminina; a diferença entre as taxas de participação das forças de trabalho masculina e feminina; a taxa de desemprego e a taxa de emprego em tempo integral. Foi lançada agora em 17 de março de 2022, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, com dados de 2020. Então, ela pegou grande parte dos dados do período da pandemia e mostrou que as mulheres foram impactadas no mercado de trabalho devido à covid-19”, explicou Amanda.
Sobre os resultados apresentados pela pesquisa, a diretora da PwC comenta sobre um aumento da disparidade entre os gêneros. “Os dados mostraram que após 10 anos de ganhos lentos, mas consistentes, para as mulheres no mercado de trabalho, houve uma queda pela primeira vez. Então, a gente vinha, ao longo dos últimos 9 anos de pesquisa, vendo uma evolução nessas taxas e índices, um aumento da taxa de mulheres no mercado de trabalho e na participação de mulheres na liderança, e nesse ano a pesquisa mostrou uma queda pela primeira vez e fez com que isso atrasasse em dois anos essa corrida das mulheres pela equidade no mercado de trabalho. Os dados também mostraram essa disparidade entre a taxa de mulheres no mercado de trabalho que hoje, segundo os dados, são de 69% para 80% de homens. Com isso, olhando para o futuro, serão necessários 33 anos para que essa taxa de mulheres empregadas seja equivalente ao índice atual dos homens. Essa realidade a gente consegue ver também no cenário brasileiro. Aqui, as mulheres foram atingidas pelos cortes, pela necessidade de deixar o mercado de trabalho. Então a representatividade dos gêneros foi impactada. Notou-se que, durante a pandemia, as mulheres tiveram 7% mais chance de pedir demissão dos seus empregos e 28% mais chance de serem dispensadas pelas empresas”, acrescentou.
A partir dos dados da pesquisa, a diretora comentou sobre possíveis motivações para os resultados. “A pesquisa não demonstrou o motivo [desses dados], mas mostrou que as mulheres tinham três vezes mais chances de serem desligadas. […] Muito provavelmente [é] pela questão do cuidado em casa, dos afazeres domésticos e desse aumento de atividades não-remuneradas, que ainda são realizadas, em sua grande maioria, por mulheres. Então temos esses dados demonstrando que as mulheres foram impactadas e muito provavelmente também pelo fechamento das escolas e creches. E ainda as mulheres de grupos étnicos minoritários, as mulheres negras, foram ainda mais impactadas do que as mulheres brancas. A pesquisa mostrou que hoje essas mulheres de grupos minoritários estão cerca de 10 anos para trás, estão pior hoje do que estavam em 2011, nessas questões de empregabilidade e de faixas salariais”, afirmou a diretora da PwC.
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