Festival do Chai traz influência indiana à gastronomia maringaense

Uma bebida muito popular na Índia ganha espaço em Maringá em um festival gastronômico que começou nesta sexta-feira, 20, e vai até o dia 29 de setembro. A mistura de chá preto com especiarias, conhecida como chai, é a estrela de menus criados por quase 20 cafeterias e confeitarias maringaenses. Em versões frias ou quentes, com leite ou água, com diferentes combinações, as bebidas oferecidas durante o Festival do Chai vão sempre acompanhadas por um prato doce ou salgado criado para o evento – muitos trazendo também inspirações indianas – a preço fixo de R$26.

As intensas misturas de sabores de um bom chai incluem canela, gengibre, cravo, cardamomo e pimenta, mas podem ter variações levando, por exemplo, cacau ou anis estrelado. A base é o chá preto e as especiarias a serem acrescentadas dependem do paladar de quem o prova. O sabor e aroma marcantes do Chai fazem você viajar direto para o Oriente em um gole. 

À frente da organização está a sommelière de chás Danielle Mangarotti, que há quase quatro anos criou em Maringá uma empresa especializada na fabricação e comercialização de blends de chás. “O festival é uma homenagem ao Dia do Chai, comemorado no mundo todo no dia 21 de setembro”, conta a organizadora, que desafiou os estabelecimentos a criar os menus harmonizados que levassem os maringaenses a uma “viagem para a Índia”. Alguns preferiram combinar sabores brasileiros com o toque indiano da bebida, outros mergulharam fundo nos sabores do oriente.  Há aquelas que vão servir o chai tradicional e outras vão adicionar a bebida a drinks com tônica, suco de laranja ou água com gás. “Nós estamos diminuindo a distância entre Maringá e a Índia”, afirma Danielle. 

Ana Flávia Boer aproveitou a oportunidade para mostrar novas possibilidades de uso do chai, para além da bebida – saborizando o creme que recheia uma choux. “O chá ainda não é muito utilizado aqui no Brasil como um ingrediente para dar sabor na gastronomia e é super legal, porque assim como o café, ele também tem muitas variedades e cada um vai trazer uma característica diferente para a sua produção. E é tão aromático!”, diz a confeiteira. A finalização do doce utiliza um creme de tangerina formando pétalas como as de uma flor. “A gente já tem bastante essa estética aqui na confeitaria de usar flores, folhas de ouro, essa é uma estética que também está muito presente na cultura indiana, então a gente achou que casava perfeitamente com esse evento”, conta. 

Ali, o chai é servido concentrado, com água com gás e calda de laranja, em forma de drink não alcoólico. Ana diz que os festivais gastronômicos como este torna as pessoas mais abertas a conhecerem coisas novas. “Isso tem sido muito importante para a cultura gastronômica maringaense e para o turismo também. É uma oportunidade de transformar essas visitas às cafeterias e confeitarias em um momento de programa com a família, os amigos. Isso aumenta o repertório não só gastronômico, de provar o que não seria a primeira escolha usualmente, mas também cultural, de ter assuntos novos para conversar com as pessoas, compartilhar como foi essa experiência”, completa.

O presidente do Visite Maringá, Michael Tamura, que também é dono de duas cafeterias participantes do festival, concorda. “O Festival do Chai é mais uma iniciativa que convida o público a se aventurar um pouco mais na gastronomia, a conhecerem bebidas de qualidade, pratos de qualidade, estabelecimentos da nossa cidade… Acho que isso é o mais importante: fazer com que o maringaense conheça e se aventure na própria cidade”, afirma. Em uma das unidades, ele investiu em um menu salgado, com frango Tandoori (um prato feito com frango marinado em iogurte e temperos), e na outra em uma sobremesa folhada, ambos servidos com chai gelado. “Tivemos que fazer algumas pesquisas para poder mergulhar um pouco mais na cultura indiana e, acima de tudo, recriar e encaixar produtos que tivessem a ver com a nossa cozinha. Isso, tanto para nós, como empresários, tem sido muito rico, quanto, com certeza, para o público, que vai poder se aventurar em várias receitas dentro de Maringá”, finaliza Tamura.

A história do chai

Plantas de chá selvagens (Camellia Sinensis) eram muito comuns na região e os colonos britânicos, em 1830, começaram a cultivar a planta para estimular a produção de chá indiano a fim de substituir a importação dos chás chineses. Para estimular o consumo de chás pelos indianos, a Indian Tea Association começou a oferecer pausas para os trabalhadores poderem tomar seu chá e incentivava o comércio realizado pelos chai wallahs (vendedores de chá em tradução livre), os comerciantes de rua. Para baratear os custos, os vendedores começaram a substituir folhas de chá por leite e açúcar, o que era desaprovado pela associação de chá, mas caiu no gosto popular, tornando-se a versão de chai mais conhecida nos dias de hoje. Alguns locais utilizam o termo chai latte para especificar que o chá é servido com leite quente. É possível também adoçar com mel ou outros tipos de adoçantes.

A programação completa do Festival do Chai, com todos os estabelecimentos e menus participantes, está disponível em @festivaldochai