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25 de novembro de 2024

‘Game of Thrones’ exibe maior batalha da TV


Por Guilherme Genestreti/Folhapress Publicado 29/04/2019 às 18h31 Atualizado 21/02/2023 às 08h25
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Não dá para dizer que “Game of Thrones” não entrega o que promete. O episódio anterior da série, que foi ao ar uma semana atrás, já anunciava que o capítulo exibido nesse último domingo (28) traria banhos de sangue, uma batalha épica e a despedida de personagens queridos. Entregou tudo.

Em termos dramatúrgicos, surpresa zero. Tecnicamente, contudo, o seriado mostrou o seu auge. Ao longo de 82 minutos (a maior duração de um episódio desde que a atração estreou, em 2011), o que se viu foi provavelmente o maior espetáculo de guerra produzido para a televisão -e bem num momento em que ela entra em declínio diante o advento do streaming.

As informações a seguir contêm spoilers.

“A Longa Noite”, como foi batizado o capítulo, mostrou competência em equilibrar boas cenas de ação, uma boa dose de suspense e momentos terror num nível digno da escala épica da série.

Comecemos pelo suspense. O episódio teve início justamente onde o anterior havia parado, isto é, na apreensão diante de uma batalha que todos os personagens julgam perdida. Nesse quesito, aliás, os dois capítulos não poderiam ser mais opostos: se aquele foi marcado por falatório e pouca ação, o último quase não teve diálogos.

Encastelados em Winterfell, a família Stark, Daenerys, os irmãos Tyrion e Jaime Lannister e todos os demais agregados aguardam a chegada do exército dos mortos. Durante os dez minutos iniciais, o diretor do episódio, Miguel Sapochnik, consegue mergulhar o espectador numa tensão insuportável. A direção de fotografia escuríssima só incrementa o temor.

(Um parênteses: Sapochnik é um especialista em dirigir cenas de batalha. Foi ele quem tocou o frenético episódio da Guerra dos Bastardos e afirmou que sua grande inspiração para a batalha do último episódio foi filme “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”. De fato, a inspiração é bastante evidente nas cenas de luta noturna.)

A cavalaria dos dothraki é quem assume a primeira carga da batalha, trotando em direção ao breu. Silêncio. Não há sinal ou som de qualquer embate. O saldo dessa primeira investida logo chega, no lombo de cavalos sem dono; os guerreiros foram massacrados no escuro, sinal de que aquela batalha está mesmo perdida.

Resta à infantaria dos imaculados aguentar a chegada dos mortos enquanto os vivos recuam para dentro da fortaleza. Do nada, eis que chega Melisandre, que surge para salvar os encastelados incendiando as trincheiras. Não demora, entretanto, para que os mortos consigam achar meios de furar o bloqueio de fogo.

É quando começam o banho de sangue e as mortes de gente querida da série. Sem contar as centenas de anônimos que perecerão para encher o chão de corpos, são seis os personagens com alguma relevância que vão morrer ao longo dos próximos minutos. O primeiro deles é Dolorus Edd, companheiro leal de Jon Snow na Muralha, que é morto tentando salvar a pele do inábil Samwell Tarly.

A valente menininha Lyanna Mormont, outra figura com um grande fã-clube, é estraçalhada nas mãos de um gigante naquela que talvez seja a cena mais cruel do episódio, e mais digna da sanguinolência de “Game of Thrones”. Ela consegue ter um momento heroico derradeiro e matar o seu algoz antes de desabar.

Arya Stark se prova a grande assassina que é, dando conta sozinha de vários dos mortos. Já o Cão, amedrontado com o fogo, nada faz para ajudar. Jaime, Brienne e Jorah conseguem alguns breves instantes de brilho no campo de batalha. Jon Snow e Daenerys levam a luta para os ares, a bordo dos dragões, batalhando contra o Rei da Noite, que também tem o seu dragão alado.

O derramamento de sangue prossegue por longos minutos. Beric Dondarrion é o próximo a cair, emboscado pelos mortos. Também encurralada, Arya protagoniza uma das sequências mais eletrizantes do episódio, e digna de bons filmes de terror, tentando se esconder dos exército zumbi dentro de uma sala.

Já na cripta, Tyrion e Sansa trocam afagos, à espera do fim, naquele que é provavelmente o único momento terno de todo o episódio. Quando as catacumbas começam a se abrir e delas despertam ainda mais mortos-vivos é que o episódio dá indícios de que a batalha é invencível para o lado dos bonzinhos. Os caminhantes brancos estão em todo lugar, dragão-zumbi está tocando o terror no pátio, e Jon e Daenerys parecem ser incapazes de conter os inimigos.

Prestes a chegar ao fim do capítulo, o Rei da Noite enfim consegue chegar a Bran Stark. É quando Theon Greyjoy, que protege o menino, crava o seu momento de redenção depois das várias atrocidades cometidas e se sacrifica para salvar o garoto. É mais uma das perdas sentidas da série.

De forma inesperada, quem surge para salvar Bran e exterminar o líder dos mortos é Arya Stark, a verdadeira maquina mortífera de “Game of Thrones”. Sua apunhalada no Rei da Noite põe fim a todo o exército dos mortos e salva o dia.

Mas não salva Sor Jorah, leal protetor de Daenerys, que morre nos braços daquela a quem jurou proteger desde o começo. Não fosse a música excessivamente melodramática, o trecho teria um impacto ainda maior e poderia ter se tornado o trecho mais tocante do capítulo.

Os oitenta minutos de massacre enfim terminam com a despedida de Melisandre, outra que também teve sua cota de maldades ao longo da trama e se redime ao final. Ela parte para fora do castelo e some.

Agora que os mortos parecem não estar mais no caminho, é hora de testar se os roteiristas da série são hábeis o suficiente para dar conta do jogo dos tronos em si – afinal, é disso que trata a série. O temor é que, depois do espetáculo de horror exibido nesse último episódio, pouca coisa possa ser mais chocante.

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