Avião cai em Vinhedo, com 61 mortes, no maior acidente no País em 17 anos


Por Agência Estado

O ART 72-500, da Voepass Linhas Aéreas, levantou voo às 11h58 em Cascavel (PR) e tinha pouso previsto para as 13h50, em Guarulhos (SP). Às 12h23, o avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude, permanecendo nesta altura até 13h21. A partir desse horário, registrou-se uma perda de altitude da aeronave. A queda durou cerca de um minuto e começou a cerca de 4 mil metros de altura. Terminou com 61 mortos, no quintal de um condomínio em Vinhedo, no maior acidente em solo brasileiro em 17 anos.

No avião da antiga Passaredo estavam 57 passageiros e 4 tripulantes. Lembrou a muitos a última grande tragédia da aviação em São Paulo em 17 de julho de 2007, quando a queda da aeronave da TAM em Congonhas deixou 199 mortos. Ou mesmo o acidente anterior, dos anos 1990, em que um Fokker caiu em uma área residencial do Jabaquara, na zona sul paulistana.

O acidente com o voo de matrícula PTB 2283 ocorreu próximo da Rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324), no Condomínio Recanto Florido. A proprietária, do quintal em que a aeronave pegou fogo, Aline Lima, ainda se recupera do trauma que vive após escapar ilesa. “Estou em estado de choque”, disse ao Estadão.

Até o prefeito de Vinhedo, Dario Pacheco, foi ao condomínio para tentar ajudar e socorrer as vítimas como médico, mas havia risco de explosão. “Eu cheguei na hora e vi, sou médico, vim para trabalhar, para socorrer. Mas, chegando e vendo o mundo de chamas e o risco de explosão, não teve como chegar ao local propriamente, chegamos a 20 metros do acidente só.”

Causas

Havia nesta sexta-feira, 9, um alerta de formação de gelo severo entre 3,6 mil e 6,4 mil metros de altura. Imagens da queda do avião, que mostram a aeronave caindo em um giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação, são o principal indicativo de que o acidente ocorreu por perda de sustentação, o “estol”. Segundo especialistas, a perda de sustentação da aeronave pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião, mas só a investigação será capaz de dar a resposta.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou ontem que a caixa-preta do avião, onde ficam armazenadas informações sobre o voo, já foi localizada e parece estar bem preservada. Foi instaurado um inquérito e, além de integrantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a Polícia Federal também trabalha na investigação.

Segundo as informações iniciais, não houve nenhum alerta por parte da tripulação de que algo estava errado na viagem. “É tudo prematuro, mas o que temos até agora é que não houve, por aparte da aeronave, comunicação com órgãos de controle de que haveria alguma emergência”, disse o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro do ar Marcelo Moreno. O comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, está a caminho de Vinhedo para acompanhar os trabalhos dos militares. A equipe de investigadores da Aeronáutica é composta por peritos, engenheiros, mecânicos e psicólogos.

O comandante do ART era Danilo Santos Romano, de 35 anos, com dez anos de experiência. Ele estava na Voepass desde novembro de 2022, onde começou como copiloto nesse modelo, passando a comandante em julho de 2023.

Ele já havia atuado em outras companhias, entre elas a colombiana Avianca e a Air Astana, do Casaquistão, e pilotado aeronaves maiores, como Airbus A320/A330, em rotas nacionais e internacionais. Colegas no piloto nessas empresas o descreveram como um profissional “dedicado”. Já o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, estava na empresa havia quase cinco anos e tinha mais de cinco mil horas de voo, segundo a Voepass.

Vítimas

Em paralelo, equipes vão trabalhar na identificação das vítimas – ontem, já foi publicada uma lista oficial, incluindo pessoas de diversas profissões, como professores, farmacêuticos e fisiculturistas.

“De posse da lista e do banco de informações dessas pessoas, seja do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt) daqui de São Paulo ou do próprio Paraná, a gente pode fazer uma perícia, um exame de comparação aqui no local, com os nossos peritos, para saber se aquela pessoa é realmente quem constava na lista de passageiros”, disse Derrite.

Os casos que demandarem mais exames deverão ser encaminhados para a capital. Derrite informou que está conversando com autoridades para bloquear o espaço aéreo na região do acidente e assim evitar a exposição das vítimas durante o trabalho de remoção.

Luto

Logo após a confirmação das mortes, uma série de políticos e personalidades se manifestou, sobretudo pelas redes sociais. Em um evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu um minuto de silêncio. Os governadores de São Paulo e do Paraná, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ratinho Júnior (PSD), deixaram um encontro com colegas de outros Estados do Sul e Sudeste e viajaram para Vinhedo para acompanhar o trabalhos no local do acidente. O caso ainda chamou a atenção de artistas e da imprensa internacional.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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