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04 de dezembro de 2024

Chefe da PM sobre homem jogado de ponte: ‘Em 34 anos de serviço não tinha visto algo parecido’


Por Agência Estado Publicado 03/12/2024 às 16h01
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Comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Cassio Araújo de Freitas, disse nesta terça-feira, 3, em entrevista à GloboNews, que em mais de três décadas de serviço nunca tinha visto uma cena tão chocante quanto o caso do homem que foi jogado da ponte por um PM durante uma abordagem. “Tenho 34 anos de serviço e não tinha visto algo parecido com isso”, disse.

Ele afirmou que a ação foi filmada pelas câmeras nas fardas e que as imagens estão sendo analisadas pela Corregedoria. “Nessa operação nós tínhamos 13 policiais, eles estavam com as câmeras e essas imagens estão sendo analisadas neste momento na nossa Corregedoria.”

O chefe da corporação, no entanto, considera o erro como “individual” e nega que a letalidade policial seja um problema sistêmico no Estado. A PM paulista matou 496 pessoas entre janeiro e setembro, o maior número desde 2020, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.

“Uma instituição com 90 mil homens, que trabalha 24 horas por dia, atendendo 30 milhões de ocorrências, nós vamos ter, sim, uma taxa de falha. Nós somos seres humanos.”

“Embora você tenha essa percepção de que é sistêmico, é pontual. Se for colocar na ponta do lápis o número de ocorrências que atendemos, o número de confrontos que enfrentamos, o número de pessoas que salvamos, você vai ver que isso aí é uma taxa pequena. É claro, é uma taxa ruim, que tem uma visibilidade porque chama muita a atenção. É chocante ver uma cena como essa”, completou.

A Secretaria da Segurança Pública diz investigar todas as denúncias. No caso do rapaz atirado da ponte, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afastou os 13 agentes das ruas. Segundo a Ouvidoria das Polícias, a abordagem ocorreu na segunda-feira, 2, na Cidade Ademar, zona sul da capital.

Durante a entrevista, o comandante afirmou ainda que a PM já apurava o caso antes das imagens serem divulgadas nas redes sociais. Os envolvidos já foram ouvidos. O policial que joga o rapaz prestou depoimento na tarde desta terça à Corregedoria.

O vídeo registra o momento em que o policial levanta o rapaz pelas pernas e o joga do alto da ponte sobre um córrego. Na sequência, o corpo de um homem aparece boiando nas águas do córrego.

Governador classifica como absurdo

Mais cedo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou como absurda a atitude do PM flagrado atirando um homem de uma ponte em São Paulo. Segundo a Ouvidoria da Polícia, o caso ocorreu na madrugada de segunda, 2, na zona sul da capital. As imagens foram divulgadas nas redes sociais.

“A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve”, disse o governador de SP em publicação no X.

Pelo Instagram, Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública do Estado, confirmou o afastamento dos envolvidos e também prometeu “severa punição”.

“Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, disse na postagem.

As manifestações ocorrem após o Ministério Público divulgar uma nota em que define o caso como “estarrecedor e inadmissível”.

A Procuradoria-Geral determinou que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) associe-se ao promotor natural do caso para que o Ministério Público de São Paulo “envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população”.

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