Conheça a cidade de 8,7 mil habitantes que vai ganhar fábrica de R$ 25 bilhões
O município de Inocência, no Mato Grosso do Sul, com pouco mais de 8,7 mil habitantes, está prestes a se transformar em um dos polos industriais mais promissores do Brasil. A cidade será a sede do Projeto Sucuriú, da empresa chilena Arauco, que prevê investimento de US$ 4,6 bilhões — mais de R$ 25 bilhões — para a construção de uma nova fábrica de celulose.
O lançamento da pedra fundamental da indústria ocorreu em abril deste ano. A planta industrial tem início de operação previsto para o final de 2027 e capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose, consolidando a região como parte do chamado “Vale da Celulose”. De acordo com a Arauco, será o maior projeto de produção de celulose do mundo implantado em etapa única.
Impacto econômico e geração de empregos
A expectativa é que a obra movimente a economia local e regional de forma inédita. No pico da construção, a fábrica deve gerar 14 mil postos de trabalho. Após a inauguração, serão mais 6 mil empregos diretos e indiretos, abrangendo setores como indústria, logística e florestas plantadas.
A unidade contará com 400 mil hectares de eucaliptos destinados à produção de celulose. Os subprodutos desse processo ainda serão usados para gerar 400 megawatts (MW) de energia limpa, volume suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes. Metade dessa energia será consumida internamente, e o excedente será injetado no sistema nacional.
Sustentabilidade e inovação
Para o CEO da Arauco, Cristián Infante, o Projeto Sucuriú simboliza a integração entre tecnologia e compromisso ambiental. “Somos uma companhia global que utiliza um recurso renovável essencial e busca gerar valor econômico, social e ambiental de forma simultânea”, afirmou.
Já o presidente da Arauco Brasil, Carlos Altimiras, destacou a importância da cooperação com o poder público e com a comunidade. “Um projeto grandioso como o Sucuriú tem o potencial de deixar, com igual grandeza, um legado no presente e para as futuras gerações.”
A estrutura contará com equipamentos fornecidos pela empresa finlandesa Valmet, que será responsável por cerca de 50% do projeto industrial. Entre os destaques estão uma unidade de gaseificação para biocombustível, uma caldeira de biomassa e a maior caldeira de recuperação química do mundo.
Por que Inocência foi escolhida
Segundo o governo estadual, a escolha do município foi estratégica. O clima e o solo da região favorecem o cultivo do eucalipto, que atinge o ponto de corte ideal em aproximadamente sete anos no Mato Grosso do Sul, enquanto no Chile esse processo leva cerca de 12 anos. Esse diferencial torna a região altamente competitiva no setor florestal e de celulose.
O futuro de Inocência
Com pouco mais de 8,7 mil moradores, Inocência vive um momento de virada histórica. A chegada da fábrica da Arauco deve mudar não apenas a paisagem econômica da cidade, mas também a vida da população, atraindo investimentos em infraestrutura, comércio e serviços.
O Projeto Sucuriú coloca a pequena cidade no mapa dos maiores empreendimentos industriais do mundo e promete transformar Inocência em um dos principais polos de produção de celulose e energia renovável da América Latina.
Sobre o município
O município de Inocência (MS) teve origem em 1947, quando proprietários de fazendas de gado decidiram fundar um povoado para facilitar a comunicação e a comercialização com outros núcleos urbanos. As terras da Fazenda Bocaina foram adquiridas por Alexandre Batista Garcia, Pedro Vilela Valadão e Raul Rached, que promoveram o loteamento e deram início às vendas.
O povoado recebeu o nome de Bacaina, mais tarde alterado para Inocência, sendo elevado à categoria de município pela Lei nº 1.129, de 17 de novembro de 1958, com emancipação política celebrada em 4 de abril. Com área territorial de 5.776,26 km², o município representa 1,62% do estado do Mato Grosso do Sul e possui sede a 502 metros de altitude, a cerca de 294 km da capital.
Com assessorias
