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25 de abril de 2024

Coronavírus: É possível controlar a saúde e a economia?


Por Victor Ramalho Publicado 25/03/2020 às 18h25 Atualizado 23/02/2023 às 15h52
 Tempo de leitura estimado: 00:00

A pandemia mundial do novo coronavírus assustou o planeta. Alguns especialistas na área da saúde já classificam o episódio como o pior desde a Gripe Espanhola, em 1918.

As medidas de prevenção adotas pelos líderes mundiais incluem ações extremas, como fechamento de atividades econômicas e o confinamento social. Esses protocolos, no entanto, são constantes alvos de questionamento de pessoas ligadas ao setor econômico.

Fechar o comércio e paralisar as atividades econômicas vai gerar um prejuízo de bilhões de reais ao Brasil e, a curto prazo, setores preveem o desemprego e o fechamentos de empresas

O assunto também é debatido nos Estados Unidos, e por lá, a pergunta é uma só: Existe um meio de salvar a saúde das pessoas sem comprometer a economia?

“Um plano para fazer a América voltar ao trabalho”

No último domingo, 22, o jornalista norte-americano Thomas Friedman publicou uma coluna no The New York Times com o título acima. Nela, o colunista entrevistou autoridades da epidemiologia e do setor financeiro, que foram unânimes em dizer que “a economia e a saúde pública estão sob risco”.

Fridman ressalta que estamos em um momento para se tomar grandes decisões, que irão testar todos os líderes do planeta. Qualquer passo não calculado terá enormes consequência, no entanto, é importante lembrar que os chefes de Estado não estão tomando suas decisões às cegas: Eles estão ouvindo ouvindo especialistas em saúde pública, que dizem que o melhor remédio, no momento, é o isolamento social.

“Estamos tomando decisões que afetam todo o país e toda a economia – portanto, pequenos erros na navegação podem ter enormes consequências”, Thomas Friedman.

Porém, segundo o jornalista, é preciso se perguntar com urgência: “podemos minimizar cirurgicamente a ameaça desse vírus para que o maior número de pessoas (americanos, no caso de Friedman) possam voltar ao trabalho?”

O confinamento social pode ser tão letal quanto o vírus?

Conforme o Dr. John PA Ioannidis, epidemiologista e co-diretor do Centro de Pesquisa e Inovação de Stanford, não existe ainda uma compreensão exata quanto a taxa de mortalidade da Covid-19. Análises preliminares indicam que ela possa ser inferior à 1%.  Caso esses dados se concretizem, seria um erro manter as medidas de confinamento atuais.

“Trancar o mundo com consequências sociais e financeiras potencialmente tremendas pode ser totalmente irracional. É como um elefante sendo atacado por um gato doméstico. Frustrado e tentando evitar o gato, o elefante acidentalmente pula de um penhasco e morre”, declarou Ioannidis, em entrevista ao The New York Times.

O Dr. Steven Wolf, diretor do Centro de Sociedade e Saúde da Universidade da Virginia vai além. Para ele, o confinamento social, eficaz contra o vírus, pode prejudicar a saúde das pessoas e colapsar os sistemas de saúde de outras maneiras. 

Ele exemplifica com duas situações hipotéticas: Um indivíduo com dor no peito, que hesita em ligar ao 9-1-1 por medo de se infectar com o coronavírus, ou um paciente em quimioterapia, impedido de realizar seu tratamento por conta de sua unidade estar fechada.

“A renda é um dos preditores mais fortes de resultados de saúde – e de quanto tempo vivemos”, disse Woolf.

Na citação acima, o médico explica sobre como o colapso financeiro também pode afetar negativamente a saúde dos indivíduos. Segundo o doutor, o desemprego e as demissões são um forte causador de doenças mentais.

O outro caminho

Ainda na coluna ao New York Times, Friedman cita o exemplo do Dr. David L. Katz, diretor fundador do Yale-Griffin Prevention Research Center, da Universidade de Yale, especialista em saúde pública e medicina preventiva.

Ele argumentou que temos três objetivos nesse momento: salvar o maior número de vidas possível, garantir que nosso sistema médico não fique sobrecarregado e não destruir nossa economia.

Pensando nisso, Katz sugere um modelo de ‘intervenção vertical’, para substituir o modelo ‘horizontal’ adotado atualmente. Em tese, o confinamento não seria mais para todas as camadas da sociedade, mas sim para os grupos de risco, como crianças, idosos e portadores de doenças crônicas. O modelo, aliás, é semelhante ao proposto pelo presidente Jair Bolsonaro ao Brasil.

Dessa forma, os esforços se concentrariam em cuidar dos mais vulneráveis, enquanto as demais camadas podem voltar ao trabalho. Estes indivíduos, aliás, mesmo que infectados, não apresentariam sintomas, por conta de seu sistema imunológico mais reforçado.

Katz finaliza, exemplificando que, mesmo no confinamento social, os jovens saudáveis podem estar infectando os grupos mais velhos.

“Quando demitimos trabalhadores e faculdades fecham seus dormitórios e mandam todos os alunos para casa”, observou Katz, “jovens de status infeccioso indeterminado estão sendo enviados para casa para se reunir com suas famílias em todo o país. E porque nos faltam testes generalizados, eles podem estar portando o vírus e transmitindo-o aos pais com 50 e poucos anos e avós com 70 ou 80 anos”, argumentou, em sua coluna ao The Times.

O ‘veredito’

Friedman finaliza o artigo ressaltando a importância da volta das atividades econômicas. Segundo ele, o isolamento necessário para erradicar a transmissão do vírus demoraria meses, enquanto as consequências econômicas dessa ‘pausa’ forçada seriam quase irreparáveis.

“Ou deixamos muitos de nós pegar o coronavírus, recuperar e voltar ao trabalho – enquanto fazemos todo o possível para proteger os mais vulneráveis ​​a serem mortos por ele. Ou então, paramos por meses para tentar salvar todo mundo desse vírus – independentemente do seu perfil de risco – e matar muitas pessoas por outros meios, matar nossa economia e talvez matar nosso futuro.”

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