Há mais de um século, uma pequena ilha no litoral sul de São Paulo é cercada de mistérios e intriga os cientistas. Conhecida como Ilha da Queimada Grande, o local tem apenas 43 hectares, fica a cerca de 35 km da costa de Itanhaém (SP) e chama a atenção por abrigar aproximadamente 15 mil cobras jararacas-ilhoas, o que lhe garante o apelido de Ilha das Cobras.
Devido à grande população de cobras venenosas, a visitação à ilha é proibida para o público em geral, por causa do ambiente perigoso. Assim, apenas pesquisadores associados ao Instituto Butantan e outras instituições de ensino e pesquisa autorizadas geralmente frequentam a região.
Nova espécie de cobras
O isolamento permitiu que a espécie de jararaca encontrada em Queimada Grande evoluísse ao longo do tempo devido, surgundo assim uma espécie nova com características únicas e distintas.
Mas, o que explica as diferenças? Ocorre qu essa jararaca começou a se alimentar mais de aves, já que na ilha não há roedores. Porém, não é qualquer tipo de pássaro, mas sim, pássaros migratórios, que passam pelo local em determinadas épocas do ano, pois tudo indica que as aves que vivem ali já desenvolveram formas de escapar da jararaca-ilhoa.
Outra diferença da ilhoa é que ela tem o hábito de viver nas árvores, facilitando a hora de caçar o alimento. Além disso, elas possuem uma coloração amarelada e o tamanho da cabeça é maior que das jararacas do continente.
Outro fato curioso é que veneno da jararaca da ilha é mais potente. De acordo com especialistas, o veneno dessas serpentes é até 20 vezes mais poderoso do que o das jararacas comuns. Há estudos que indicam que o veneno da jararaca-ilhoa é capaz de causar a morte em seres humanos em até seis horas após a picada. Por outro lado, cientistas desenvolvem pesquisas com o veneno, que tem mutações diferentes em sua composição, para tentar utilizá-lo na produção de novos tipos de medicamento.