Na contramão da inflação ao consumidor agregada de outubro, o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) atualizou uma queda de 0,30%. Para efeito de comparação, no mês em análise, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta média de 0,56%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O índice oficial da inflação, diga-se de passagem, ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast, que apontava para uma inflação ligeiramente abaixo, de 0,54%.
O IPM-H, índice calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP) com base em dados de transações realizadas na plataforma Bionexo, ficou bem abaixo da marca de 0,04% de setembro. Sua queda se torna ainda relevante se comparada com a evolução dos preços no atacado. O IGP-M, cuja composição conta com 60% destes produtos, em sua maioria cotados em dólar, subiu 1,52%. Só a moeda americana teve seu preço em real aumentado em 1,49% no mês passado, segundo o Banco Central.
De acordo com a Fipe e a Bionexo, entre os grupos terapêuticos que integram a cesta de cálculo do IPM-H, os resultados foram predominantemente negativos em outubro obedecendo a seguinte ordem: sistema musculoesquelético, 2,85%; órgãos sensitivos, 2,42%; sistema nervoso, 1,64%; preparados hormonais, 1,28%; agentes antineoplásicos, 1,07%; aparelho respiratório, 1,03%; e aparelho geniturinário, 0,27%.
Na ponta das altas, aparecem os seguintes grupos: aparelho cardiovascular, 10,56%; imunoterápicos, vacinas e antialérgicos, 0,76%; aparelho digestivo e metabolismo, 0,72%; anti-infecciosos gerais para uso sistêmico, 0,65%; sangue e órgãos hematopoiéticos, com alta de 0,27%.
No balanço parcial de 2024 até outubro, o IPM-H registra alta de 3,54%. Considerando esse recorte, quase todos os grupos terapêuticos registraram aumentos nos seus preços. Analisando os últimos 12 meses encerrados em outubro, o IPM-H apresenta uma valorização acumulada de 2,88%.
Segundo Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe, o resultado de outubro IPM-H veio em linha com o comportamento histórico do índice neste mês, usualmente no terreno negativo, embora tenha contado com uma variação ligeiramente superior à média dos anos anteriores, de queda de 0,58%.
“Quando olhamos para o passado, apenas em outubro de 2017 e 2019 com altas respectivas de 0,28% e 0,57% houve variações positivas no índice. Por outro lado, a despeito da queda na ponta, o resultado acumulado pelo índice em 12 meses, de 2,88%, deu continuidade à trajetória de aceleração dos preços dos medicamentos nessa janela temporal, dentro da qual a maioria dos grupos terapêuticos apresenta valorização, incluindo: aparelho digestivo e metabolismo, 11,74%; aparelho respiratório,7,49%; imunoterápicos, vacinas e antialérgicos, 7,38%”, observou Oliva.