Formato do coração revela risco para doenças cardíacas, diz estudo
Embora o desenho de um emoji de coração seja universal, na realidade o órgão possui um formato complexo e que muda de pessoa para pessoa. Um estudo publicado recentemente mostrou que as medidas particulares do coração de cada um podem ajudar no diagnóstico e até indicar o provável desenvolvimento de doenças fatais.
O estudo feito por pesquisadores do Reino Unido e da Espanha sugere que corações mais esféricos, por exemplo, estão relacionados à uma maior probabilidade de fibrilação atrial, enquanto outras alterações podem representar condições de risco cardiometabólico, como hipertensão, obesidade e diabetes.
“Há muito tempo sabemos que o tamanho e o volume do coração são importantes, mas ao examinar a forma, estamos descobrindo novos insights sobre riscos genéticos. Esta descoberta pode fornecer ferramentas adicionais valiosas para os clínicos preverem doenças mais cedo e com mais precisão”, afirmou a líder do estudo, a médica Patricia Munroe, em comunicado à imprensa.
O trabalho foi publicado em novembro na revista Nature Communications. Ele foi feito com base na ressonância magnética cardíaca de 45 mil participantes do UK Biobank, uma base de dados de saúde do Reino Unido.
Os formatos do coração
O formato do coração depende de diversos fatores. Genética, sexo, peso e até condições ambientais e de saúde prévias podem alterar o desenvolvimento do órgão.
A partir das características dos milhares de corações analisados, os pesquisadores estabeleceram 11 formas de medida do órgão, com coordenadas nas três dimensões. A primeira, por exemplo, foi relacionada ao tamanho do órgão; a quarta, à inclinação; a quinta, à esfericidade, e assim por diante, até a última, que determina a espessura.
Análises genéticas subsequentes encontraram 45 áreas específicas no genoma humano ligadas aos diferentes formatos de coração. A ciência não sabia que 14 desses genes influenciavam as características cardíacas.
“Sabia-se que a genética influenciava parâmetros simples: a espessura do ventrículo, a altura, mas não que ela definia a morfologia com tantos detalhes que podem ser cruciais para avaliar a saúde”, explicou Munroe.
Os pesquisadores associaram os formatos à frequência de condições de saúde. Os mais preocupantes foram os genes relacionados à formação de ventrículos mais esféricos, que mostraram forte ligação com maior risco de fibrilação atrial, uma condição que aumenta a probabilidade de acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
No futuro, os pesquisadores acreditam que exames genéticos poderão revelar riscos antes mesmo de o coração estar no formato potencialmente mais perigoso, podendo até reverter o desenvolvimento.
As informações são do Metrópoles.