Homem de 35 anos morre em Maringá após uso de anabolizante
Um homem, de 35 anos, morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Maringá após o uso de anabolizante. Ele ficou três dias internado na UTI e não resistiu. A informação foi confirmada por um dos médicos que atendeu a vítima, o cirurgião-geral Gustavo Alex Condi.
De acordo com Condi, a vítima chegou ao Pronto Socorro (PA) do hospital com infecção generalizada. A equipe percebeu imediatamente a gravidade e já o encaminhou para a UTI.
“Ele reclamava de dores no glúteo e tinha muito pus no local. O rapaz morreu por um efeito secundário ao anabolizante. A gente não sabe quantas aplicações ele fez, mas ele desenvolveu uma infecção de pele. A gente chama de síndrome de fournier. Essa infecção costuma se iniciar na pele e depois começa a atingir a gordura, parte muscular até chegar na corrente sanguínea”, explicou o médico Gustavo Alex Condi.
A equipe médica não sabe como a vítima tinha feito as aplicações de hormônios e nem o local. O que se sabe é que a falta de esterilização correta de seringas pode provocar infecções na pele e levar à morte.
“A gente não sabe o cuidado com relação a antissepsia na pele. Fazendo as aplicações ele levou a bactéria que a gente tem normalmente na pele para o músculo e gordura. Quando ele chegou pra gente já estava com infecção generalizada. Ele chegou a falar para a equipe que estava sentindo dor no glúteo há pelo menos 15 dias. Essa infecção é gravíssima e mata muito rápido. A bactéria avança na pele de um a dois centímetros quadrados por hora”, disse Condi.
A identidade da vítima será preservada em respeito aos amigos e à família. O rapaz relatou que estava usando anabolizantes há cerca de um ano. O corpo foi enterrado em Maringá.
Uso de anabolizante pode levar à morte
O médico Gustavo Alex Condi faz um alerta aos jovens que costumam usar anabolizantes. Esse tipo de hormônio, mesmo que usado em poucas doses, pode provocar problemas sérios de saúde. Segundo Condi, os hormônios podem causar alterações no corpo e levar o paciente à morte.
“Quem usa anabolizante pode desenvolver o risco de um ataque cardíaco, lesão no fígado, AVC, hipogonadismo, que é a diminuição do funcionamento da parte sexual, alteração de libido, ginecomastia e alguns pacientes precisam de transplantes hepáticos a longo prazo. Além disso, o hormônio faz o coração crescer, mas não com um crescimento de qualidade”, explicou.
Outro perigo entre as pessoas que usam anabolizantes é o compartilhamento de frascos de hormônios e seringas, segundo o médico.
“Uma coisa que é comum nesse meio de academia é o compartilhamento de seringas e ampolas de hormônios. Às vezes mais de uma pessoa usa a mesma ampola porque vem muito hormônio. Isso pode ser porta de entrada de vários vírus e infecções”, explicou o médico Gustavo Alex Condi.
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia diz que anabolizante provoca a morte de neurônios
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) lançou recentemente a campanha “Bomba, Tô Fora”, contra o uso de anabolizantes sem recomendação médica.
De acordo com a entidade, o uso de esteroide anabolizante e similares, sem recomendação médica, dentro e fora do esporte de alto rendimento, especialmente por jovens que desejam melhorar a aparência e o condicionamento físico, deve ser considerado como um problema social e de saúde pública.
A SBEM destaca que os esteroides anabolizantes – derivados sintéticos da testosterona – utilizados com o objetivo de aumentar a massa e a força muscular podem causar uma série de problemas de saúde como aumento da pressão arterial, elevação do colesterol ruim, aumento do risco de tromboses, embolias e infarto cardíaco, assim como hepatite medicamentosa com icterícia (amarelão), insuficiência hepática e câncer de fígado.
Segundo a SBEM, estudos mostram que existe relação do uso de esteroides anabolizantes com a atrofia do volume do cérebro e morte dos neurônios. Além de dependência, o uso dessas drogas pode causar irritabilidade e agressividade, ansiedade, alteração da memória, comportamento sexual de risco, síndrome de abstinência na suspensão da droga e alteração da percepção da sua imagem corporal.
“Em geral a pessoa que tem intenção ou está utilizando anabolizante ela quer saber se existe uma dose mínima que é considerada segura que, com certeza, não vai produzir nenhum problema de saúde. A resposta infelizmente é não. Não tem nenhuma dose que a gente possa assegurar para a pessoa de que nenhuma consequência vai ocorrer”, disse o médico endocrinologista Roberto Zagury.
Segundo Zagury, com frequência os efeitos colaterais ocorrem nos testículos e no fígado. “O receptor no qual a testosterona se liga para induzir os efeitos que são desejados, que são ganho de massa muscular, ele é o mesmo em todas as células do corpo, inclusive no fígado e no testículo, onde com alguma frequência acontecem efeitos colaterais. Não existe uma dose mínima segura”.
O que diz o Ministério da Saúde sobre o anabolizante?
Segundo o Ministério da Saúde, usa anabolizante para fins estéticos ou para aumentar o rendimento esportivo é proibido, além de ser um grande risco para a saúde. São medicamentos sob controle especial e só podem ser vendidos em farmácias e drogarias, com retenção da receita médica, de acordo com a Legislação.
