12 de julho de 2025

Ilha das Cobras: A história da pequena e proibida ilha brasileira dominada por 15 mil serpentes


Por Redação GMC Online Publicado 18/11/2024 às 08h38
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A cerca de 35 km do litoral de Itanhaém, em São Paulo, a Ilha da Queimada Grande, popularmente conhecida como “Ilha das Cobras”, é uma das regiões mais intrigantes do planeta. Com cerca de 43 hectares, a ilha é lar de aproximadamente 15 mil jararacas-ilhoas (Bothrops insularis), uma das serpentes mais venenosas do mundo. Para garantir a preservação desse ecossistema único, o acesso é restrito exclusivamente a pesquisadores e profissionais da área ambiental.

A primeira menção à ilha data de 1532, durante a expedição do militar português Martim Afonso de Souza. No final do século 19, a Marinha do Brasil instalou um farol no local, essencial para auxiliar na navegação marítima. Na época, faroleiros residiam temporariamente na ilha, convivendo com o constante perigo das serpentes. A prática da Marinha de atear fogo na vegetação para controlar a população de cobras deu origem ao nome “Queimada Grande”.

Foto: Reprodução/Pesca com Bill

Com a automação do farol na década de 1920, a presença humana permanente na ilha chegou ao fim. Em 1985, a ilha foi oficializada como uma Unidade de Conservação Federal, garantindo proteção ao seu ecossistema frágil e rico em biodiversidade.

O isolamento da Ilha da Queimada Grande ocorreu há cerca de 11 mil anos, quando o aumento do nível do mar separou o território do continente. Esse fenômeno permitiu que a jararaca-ilhoa evoluísse de maneira independente, adaptando-se ao ambiente sem predadores naturais.

Em ecossistemas isolados como esse, a ausência de predadores favorece o crescimento exponencial da população de serpentes, criando um cenário distinto daquele encontrado no continente, onde a competição entre espécies é maior.

Curiosidade: Cobras jararacas evoluíram e têm veneno 20 vezes mais potente

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Foto: João Marcos Rosa/Arquivo/Ministério do Meio Ambiente

Devido ao isolamento da ilha, que teria se separado do continente há cerca de 10 a 11 mil anos, a jararaca-ilhoa desenvolveu características únicas, diferenciando-se das jararacas continentais (Bothrops jararaca). As adaptações incluem uma coloração amarelada e um tamanho ligeiramente menor, variando entre 0,5 e 1 metro. Entretanto, o Instituto Butantan aponta que essa espécie pode atingir até 2 metros de comprimento.

Para se alimentar, a jararaca-ilhoa adapta-se à escassez de presas terrestres na ilha e caça principalmente aves migratórias que pousam no local. Sua habilidade de viver em árvores — uma característica exclusiva entre as cobras brasileiras — permite que ela alcance essas presas facilmente. Além disso, o veneno da jararaca-ilhoa evoluiu para ser altamente potente, sendo estimado em até 20 vezes mais tóxico do que o veneno de jararacas comuns. Em casos de picadas em humanos, o veneno pode ser letal em até seis horas, destacando a eficácia dessa adaptação para capturar suas presas.

Foto: Otavio Augusto Vuolo/Instituto Butantan e Comunicação Butantan

Pesquisadores do Instituto Butantan estudam a jararaca-ilhoa desde 1911, com o objetivo de desvendar os mistérios biológicos e farmacológicos dessa serpente única. Esses estudos exploram a possibilidade de uso do veneno em aplicações medicinais, dada sua alta potência e especificidade. Além da jararaca-ilhoa, a ilha também abriga a jararaca-dormideira (Dipsas mikanii), que contribui para a biodiversidade do local.

A Ilha da Queimada Grande é considerada uma das áreas com maior densidade de cobras por metro quadrado no mundo, sendo comparável apenas à Ilha de Shedao, na China. Contudo, a ilha paulista possui a maior densidade populacional de uma única espécie de serpente.

Com informações do Metrópoles, parceiro do GMC Online

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